Debate é a chance final de Macri na eleição argentina
Há duas semanas da votação, presidente do país vizinho está 20 pontos percentuais atrás do adversário da oposição, Alberto Fernández
Da Redação
Publicado em 11 de outubro de 2019 às 06h24.
Última atualização em 11 de outubro de 2019 às 06h54.
A duas semanas das eleições gerais argentinas, o presidente Mauricio Macri vai parar sua peregrinação para angariar votos pelo país para participar do primeiro de dois debates televisivos. O debate acontece este domingo 13, às 21 horas, na Universidade do Litoral, em Santa Fé. O segundo será no dia 20, na Universidade de Buenos Aires.
A lei argentina obriga todos os candidatos que tiveram mais de 1,5% dos votos nas eleições primárias de agosto a participar do debate. Além de Macri, estarão presentes Alberto Fernández, da chapa Frente de Todos; Roberto Lavagna, da frente Consenso Federal; Nicolás del Caño, do partido FIT-Unidad; Juan José Gómez Centurión, do NOS; e José Luis Espert, do Despertar.
Os olhos de todos estarão sobre Macri e Fernández, que segue líder nas pesquisas de intenção de voto. O candidato, que tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner , continua ampliando as vantagens que obteve nas primárias, quando ficou 16,56 pontos percentuais à frente de Macri, ainda que os investidores não tenham reagido bem diante da possibilidade de uma chapa kirchnerista voltar ao poder. No dia seguinte ao resultado, o peso argentino chegou a atingir a mínima recorde de 65 por dólar e principal índice acionário do país, o Merval, fechou em baixa de 30%.
Segundo novas pesquisas feitas pelas empresas Clivajes e CB Consultora de Opinión Pública, publicadas pelo jornal argentino Clarín na última quarta-feira 9, o candidato de oposição tem uma vantagem em relação ao presidente superior a 20 pontos percentuais. As sondagens foram feitas depois do lançamento da marcha “Sí se puede”, o que indica que a aposta final de Macri está falhando junto ao eleitorado.
Desde o final de setembro, o presidente vem colocando todos os seus esforços de campanha em uma peregrinação nacional para tentar recuperar votos e garantir, pelo menos, um segundo turno. Até a eleição, Macri irá percorrer 30 cidades do país, em movimento batizado em homenagem ao slogan Yes We Can que levou Barack Obama à Casa Branca.
Durante os atos, Macri tem feito promessas que aliviariam o peso da crise econômica sobre a classe média e os assalariados, em uma tentativa de provar que ouviu o eleitorado depois da derrota nas primárias. Na última segunda-feira, em Tucumán, o presidente pediu tempo para resolver os problemas do país, assim como “foi necessário para o time do Boca Juniors e para a cidade de Buenos Aires”. Macri prometeu ainda que iria fomentar os biocombustíveis no país entre 2021 e 2023, para garantir empregos.
Enquanto isso, Fernández tem estado mais discreto na reta final da campanha. Por enquanto, ele só marcou um comício para o dia 17. Na última segunda-feira, ele apresentou um plano contra a fome na Argentina, problema que foi agravado pela crise econômica do país. Sua proposta é fazer um “acordo social” para que a comida seja barata e acessível, com políticas que assegurem a “soberania e segurança alimentar”, agrupando empresas, organizações sociais, religiosas, universidades e meios de comunicação.
Com a ampla vantagem de Fernández nas pesquisas, há grande expectativa sobre o desempenho de Macri nos debates. A desvantagem pode diminuir, mas também pode aumentar ainda mais.