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Damasco mergulha em combates e ataques; alauítas são alvos

Por certo tempo ofuscada pelas frentes de combates abertas no norte do país, a capital síria está agora no centro da violência

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2012 às 15h40.

Damasco - A capital da Síria mergulhou nesta quarta-feira em violentos combates entre rebeldes e soldados, enquanto foram registrados os primeiros ataques contra a minoria alauíta, facção do Islã da qual faz parte o presidente Bashar al-Assad.

No âmbito político, o chefe da ONU, Ban Ki-moon, e a oposição síria pediram a Barack Obama, que acaba de ser re-eleito presidente dos Estados Unidos, uma ação rápida para tentar encontrar uma solução para o conflito.

Já a Grã-Bretanha, que se pronunciou a favor de uma saída segura de Assad, anunciou a realização das próximas reuniões com representantes da rebelião síria, ao passo que a Liga Árabe considerou que o regime de Assad "não permanecerá por muito tempo no poder".

Em um contexto de escalada do conflito na Síria, a Turquia, atingida por morteiros e refúgio de dezenas de milhares de refugiados, afirmou que tem mantido discussões com a Otan sobre o eventual posicionamento de baterias de mísseis terra-ar e mísseis Patriot em seu solo.

Por certo tempo ofuscada pelas frentes de combates abertas no norte do país, a capital síria está agora no centro da violência.

Em 48 horas, ataques a bomba e com carros-bomba mataram 30 civis em Qoudsaya, subúrbio leste de Damasco, e no bairro de Mazzé, duas áreas povoadas principalmente por alauítas, um ramo da minoria xiita no país.


"Os ataques em Mazzé constituem uma virada significativa porque, pela primeira vez, a comunidade alauíta, que nunca tinha sido alvo, é associada diretamente ao regime e visada por este motivo", explicou à AFP Fabrice Balanche, diretor do Grupo de pesquisas e estudos sobre o Mediterrâneo e o Oriente Médio (Gremmo).

Muitos funcionários públicos vivem em Qoudsaya e, segundo Balanche, "buscam atingir o regime através de seus funcionários".

No bairro de Hajar al-Aswad e o campo de refugiados palestinos de Yarmouk foram registrados violentos combates entre rebeldes e combatentes palestinos anti-regime de um lado e soldados e combatentes palestinos pró-regime do outro, de acordo com militantes.

O regime, no entanto, advertiu nesta quarta-feira os palestinos que lutam ao lado dos rebeldes para qualquer entrada no conflito.

Em outras partes do país, o regime continua a contar com a sua Força Aérea, principal arma para enfrentar os rebeldes equipados com armas leve, e multiplica os ataques mortais.

Pelo menos 43 pessoas, entre elas 19 civis, foram mortas nesta quarta-feira em meio à violência em todo o país, enquanto o saldo da guerra continua a aumentar, com mais de 37.000 mortes em quase 20 meses, indicou o Observatório Sírios dos Direitos Humanos (OSDH).

Tawfik Chamaa, membro fundador da União das Organizações Sírias de Ajuda Médica, denunciou uma "catástrofe sanitária", evocando a "morte silenciosa" de doentes, não pelas balas ou bombardeios, mas simplesmente porque não recebem mais medicamentos.


Segundo ele, entre 90% e 95% da ajuda internacional enviada ao Crescente Vermelho Sírio é confiscada pelo regime.

Na Jordânia, para onde milhares de sírios fugiram, o primeiro-ministro britânico David Cameron visitou um campo de refugiados, exortando Obama a assumir o caso da Síria, enquanto o conflito desencadeado pela repressão a contestação popular se agrava.

Seu governo anunciou em Londres próximas reuniões com a rebelião em um terceiro país, a fim de unir a oposição e pôr fim ao derramamento de sangue.

Depois de ser criticado por sua desunião, o Conselho Nacional Sírio (CNS), a principal coalizão de oposição no exílio reunida em Doha, anunciou a inclusão de 13 novos grupos de oposição, e deve examinar até quinta-feira a criação de uma nova direção.

Quarta-feira à noite, o conselho deve eleger sua própria direção.

Finalmente, o Papa Bento XVI enviou um emissário ao Líbano para apoiar os sírios e adiou uma missão de cardeais em Damasco que provou ser politicamente arriscada e impossível no plano da segurança.

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