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Crescimento da China deve desacelerar em 2025, alerta Banco Mundial

Mesmo com estímulos, economia chinesa enfrenta desafios que limitam expansão, como mercado imobiliário fragilizado, uma população envelhecida e tensões globais crescentes

Banco Mundial aponta que taxa de crescimento chinesa deve cair para 4,3% em 2025. (ADEK BERRY/AFP Photo)

Banco Mundial aponta que taxa de crescimento chinesa deve cair para 4,3% em 2025. (ADEK BERRY/AFP Photo)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 9 de outubro de 2024 às 07h43.

Última atualização em 9 de outubro de 2024 às 08h16.

O Banco Mundial projeta uma desaceleração no crescimento da China para o próximo ano, apesar de um estímulo temporário gerado por recentes medidas econômicas do governo local. Segundo a instituição, a taxa de crescimento da economia chinesa deve cair para 4,3% em 2025, abaixo da estimativa de 4,8% para 2024, de acordo com a atualização econômica divulgada nesta terça-feira, 8.

Segundo informações da CNBC, essa previsão de 4,8% para 2024 representa uma alta de 0,3% em relação à estimativa anterior feita em abril. Isso reflete o impacto positivo das recentes medidas de estímulo de Pequim, que conseguiram, por um período, elevar a confiança dos investidores e impulsionar o mercado de ações. Contudo, o impulso inicial logo perdeu força e o crescimento estimado para 2025 se manteve inalterado, indicando preocupações quanto à sustentabilidade a longo prazo dessas políticas de estímulo.

Aaditya Mattoo, economista-chefe para o Leste Asiático e Pacífico do Banco Mundial, observou que a dimensão fiscal dessas medidas ainda não foi completamente definida, o que adiciona incertezas às previsões. Ele destacou questões subjacentes que preocupam os consumidores chineses, como a queda dos salários, a desvalorização dos imóveis e as inseguranças quanto à saúde, envelhecimento e desemprego. Além disso, o consumo fraco na China se deve, segundo o Banco Mundial, à combinação de um mercado imobiliário fragilizado, uma população envelhecida e tensões globais crescentes.

Desafios internos e externos à economia chinesa

O foco das recentes medidas de estímulo tem sido o lado da oferta e dos investimentos, em vez de estimular diretamente o consumo interno. Essa é uma questão crucial, segundo James Sullivan, chefe de pesquisa de ações na Ásia-Pacífico do JPMorgan, que vê essa abordagem como limitada para alavancar o consumo. O estímulo atual, segundo ele, ainda não responde plenamente à necessidade de ampliar a demanda dos consumidores, que permanece incerta.

Hui Shan, economista-chefe para a China do Goldman Sachs, por outro lado, argumenta que o crescimento econômico da China em 2025 dependerá significativamente do tamanho de novos pacotes de estímulo e dos desdobramentos da eleição presidencial dos EUA em novembro. No entanto, a previsão do Goldman Sachs também se alinha à do Banco Mundial, situando o crescimento da China em 4,3% para 2025.

Em meio a essas projeções, o presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China prometeu ações adicionais para fortalecer a economia, como acelerar a emissão de títulos para projetos de infraestrutura local. No entanto, não foram anunciados novos planos de estímulo de grande escala, o que sinaliza a persistência de um foco nas políticas atuais.

Para o Banco Mundial, ações mais ousadas são necessárias para promover um crescimento de longo prazo na China, incluindo medidas para aumentar a concorrência, modernizar a infraestrutura e reformar o sistema educacional. Ainda assim, o impacto imediato das medidas de estímulo é visto com bons olhos pelo restante da região do Leste Asiático e Pacífico, cuja economia depende significativamente da China para seu crescimento.

O Banco Mundial estima que a região crescerá 4,7% em 2024, com uma projeção de 4,9% para 2025, impulsionada pela recuperação das exportações e por melhores condições financeiras. Contudo, o relatório adverte que a região precisará buscar mais fontes internas de crescimento, à medida que a China desacelera. A interdependência econômica entre a China e seus vizinhos, que beneficiou a região por décadas, está diminuindo, levando à necessidade de diversificar e fortalecer as economias locais para sustentar o crescimento no futuro.

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