Os parlamentares também vão votar o requerimento que pede a convocação do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (José Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2012 às 16h07.
Brasília - A CPI que investiga as relações do empresário Carlinhos Cachoeira com políticos e empresas vai analisar no próximo dia 29 requerimentos que pedem a quebra de sigilos da empreiteira Delta em âmbito nacional e a convocação de governadores.
Alguns parlamentares criticaram a decisão, apontando que havia um acordo entre PT, PSDB e PMDB para não apreciar esses requerimentos ainda nesta quinta-feira.
"Teve um acordo entre PT e PSDB. Eu sou líder do meu partido aqui na comissão e não fui chamado para esse acordo. Sou contra", disse o deputado Silvio Costa (PTB-PE).
A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) e o senador Pedro Taques (PDT-MT) também criticaram o suposto acordo e defenderam a análise desses requerimentos nesta quinta, mas foram derrotados.
Com isso, na próxima terça-feira a CPI finalmente se posicionará sobre a vinda ou não dos governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), ambos citados nas operações Vegas e Monte Carlo da Polícia Federal, que servem de base para as investigações parlamentares.
Os parlamentares também vão votar o requerimento que pede a convocação do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), que apesar de não ser citado nas investigações policiais admite ter relação de amizade com o ex-presidente da construtora Delta, Fernando Cavendish.
Cachoeira, que está preso desde fevereiro acusado de comandar uma rede de jogos ilegais, seria sócio oculto da construtora e usaria a empresa para lavar dinheiro obtido pela organização que comandaria.
O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse que os sigilos bancário, fiscal e telefônico da Delta em âmbito nacional também podem ser conseguidos sem a aprovação do requerimento.
Segundo ele, como a CPI pediu o compartilhamento das informações da operação Saint- Michel, da Polícia Civil do Distrito Federal, esses sigilos podem chegar à comissão por essa via.
Ele disse que tem informações de que a Justiça, a pedido do Ministério Público do DF, docorrente dessa investigação, quebrou os sigilos da construtora e, então, isso seria compartilhado com a CPI.
Cunha também rejeitou as críticas de que resiste à convocação de governadores.
"Não é resistência, temos uma agenda. E a agenda prevista para debatermos esse tema era no dia 5 (de junho). O plenário quer antecipar não há problema", disse a jornalistas ao final da sessão.
Até agora, porém, o petista tinha dito que não aceitaria votar requerimentos de convocação de governadores todos de uma vez e que era preciso individualizar as condutas de cada um antes de chamá-los.
Ele também defende que não se tome o depoimento dos governantes agora, porque isso serviria apenas para "que eles façam seu discurso."
Ex-procurador
Argumentando que a CPI não podia abrir mão da convocação dos governadores, Taques levantou uma suspeita no começo da sessão contra o ex-procurador-geral da República Geraldo Brindeiro.
Segundo o parlamentar ele teria recebido pagamentos de empresas fantasmas ligadas à organização que seria comandada por Cachoeira.
Nas contas de Taques, a Delta teria recebido cerca de 3 bilhões de reais do governo federal, referentes a contratos para realização de obras. Desses recursos, 12 milhões de reais teriam sido repassados às empresas fantasmas Alberto Pantoja e Brava, que fariam parte do esquema de Cachoeira.
"Quase 200 mil foram para o escritorio Morais Castilho e Brindeiro", disse acrescentando que um dos sócios é o ex-procurador da República, Geraldo Brindeiro.
"É muito estranho que um ex-procurador-geral da República receba quase 200 mil de empresa fantasma", prosseuguiu.
A Reuters telefonou para o escritório de advocacia de Brindeiro, mas ainda não obteve retorno do ex-procurador-geral.