Mundo

Costa do Marfim: Gbagbo se agarra ao poder

Político voluntarioso, Gbagbo continua enfrentando seu rival e a comunidade internacional, assim como fez ao longo da crise gerada pela eleições presidenciais de 28 de novembro de 2010

Comunidade internacional quer a saída de Laurent Gbagbo da presidência (Getty Images)

Comunidade internacional quer a saída de Laurent Gbagbo da presidência (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2011 às 21h32.

Abdjian - O presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, que se nega a reconhecer a vitória de Alassane Ouattara, agarrava-se ao poder nesta terça-feira, protegendo-se em um bunker, sob o fogo da ONU e da França.

Animal político voluntarioso, Gbagbo continua enfrentando seu rival e a comunidade internacional, assim como fez ao longo da crise gerada pela eleições presidenciais de 28 de novembro de 2010.

"Não reconheço a vitória de Ouattara. Por que querem que assine isso?", declarou Laurent Gbagbo, a quem França e ONU pedem que renuncie ao poder na Costa do Marfim e reconheça Ouattara como presidente do país.

"Me parece assombroso que a vida de um país dependa de uma jogada de poker de capitais estrangeiras", disse Gbagbo.

No entanto, Gbagbo parecia viver suas últimas horas no poder, com negociações para sua partida, enquanto o chefe de suas forças militares afirmou "ter cessado os combates" e solicitado um cessar-fogo.

Depois de dias de confrontos com armas pesadas que, segundo a ONU, deixaram "várias centenas de mortos" em Abidjan, e ao longo de uma sangrenta crise pós-eleitoral de quatro meses, os confrontos cessaram.

No entanto, os habitantes continuam aguardando o anúncio do fim da era Gbagbo.

Segundo a ONU, Gbagbo está em um bunker no subsolo de sua residência - para a qual convergiam os combatentes do presidente reconhecido pela comunidade internacional Alassane Ouattara - e continuava negociando uma rendição que, segundo uma fonte próxima ao tema, parece concluída, faltando apenas definir as condições.

Mais cedo, o premiê francês, François Fillon, disse que "dois generais próximos" a Gbagbo estavam atualmente "negociando as condições de uma rendição".

O presidente americano, Barack Obama, chamou o ex-homem forte de Abidjan a "renunciar imediatamente", apoiando "com força" os ataques contra seus últimos redutos, efetuados na segunda-feira por ONU e França.

O ministro das Relações Exteriores de Gbagbo e um de seus mais próximos assessores, Alcide Djedjé, desempenha um papel-chave no epílogo em curso.

Djedjé apresentou-se na residência do embaixador da França, vizinha à de Gbagbo, para negociar um cessar-fogo "por encomenda" em nome do presidente derrotado nas eleições.

Pouco depois, o chefe do Estado-Maior das forças leais a Gbagbo, general Philippe Mangou, declarou à AFP que suas tropas tinham "pedido ao general comandante da ONUCI (Operação das Nações Unidas na Costa do Marfim) um cessar-fogo". "Cessamos os confrontos", completou.

Gbagbo, ex-opositor do "pai da nação" Féliz Houphouet-Boigny, que através de uma controversa eleição em 2000 chegou à presidência, nunca reconheceu sua derrota nas presidenciais de 28 de novembro de 2010, apesar de esse pleito ter sido certificado pela ONU.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaCosta do MarfimDitaduraPolíticaPolítica no BrasilProtestos

Mais de Mundo

Desi Bouterse, ex-ditador do Suriname e foragido da justiça, morre aos 79 anos

Petro anuncia aumento de 9,54% no salário mínimo na Colômbia

A discreta missa de Natal em uma região da Indonésia sob a sharia

Avião fabricado pela Embraer cai no Cazaquistão com 67 pessoas a bordo