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Coreia do Norte testa novo tipo de míssil hipersônico e Sul reage: 'provocação'

Arma alimentada por combustível sólido e equipada com ogiva manobrável é a primeira de seu tipo lançada por Pyongyang

Coreia do Norte: Kim Jong-Un, líder do país  (Gamma Rapho/Getty Images)

Coreia do Norte: Kim Jong-Un, líder do país (Gamma Rapho/Getty Images)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 15 de janeiro de 2024 às 09h58.

A Coreia do Norte anunciou que lançou com sucesso um novo tipo de míssil balístico hipersônico, alimentado por combustível sólido e com ogiva manobrável. O disparo, detectado pela Coreia do Sul no domingo, foi o primeiro com este tipo de armamento, feito por Pyongyang.

Uma breve declaração da agência oficial KCNA indicou que o IRBM estava “carregado com uma ogiva hipersônica manobrável” e que o disparo teve como objetivo “verificar as capacidades de voo” e “a confiabilidade do novo motor de combustível sólido”.

Ainda de acordo com a mesma fonte, o disparo “nunca afetou a segurança de nenhum país vizinho e não teve nada a ver com a situação regional”. Contudo, o teste bélico ocorre dias depois de Pyongyang realizar exercícios de artilharia com munições reais e em meio a uma preocupação de que o Norte esteja disposto a acirrar suas posições sobre a região.

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul anunciou anteriormente que “detectou um míssil balístico aparentemente de alcance intermediário lançado da região de Pyongyang em direção ao Mar do Leste às 14h55” (02h55 em Brasília), referindo-se a uma área também conhecida como Mar do Japão.

O último míssil lançado pela Coreia do Norte, em 18 de dezembro, foi um míssil balístico intercontinental de combustível sólido (ICBM) Hwasong-18, o mais avançado que possui, lançado em direção ao Mar do Japão.

O Ministério da Defesa sul-coreano criticou duramente o lançamento de domingo e alertou que dará uma “resposta esmagadora” se a Coreia do Norte fizer uma “provocação direta” ao Sul.

"Este comportamento da Coreia do Norte é uma provocação clara que viola as resoluções do Conselho de Segurança que proíbem o uso de tecnologia de mísseis balísticos. Emitimos um alerta forte e instamos veementemente que seja interrompido imediatamente", acrescentou o ministério em um comunicado.

Na quarta-feira, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, descreveu a Coreia do Sul como o “principal inimigo” do país.

— Finalmente chegou o momento histórico em que deveríamos defini-lo como o Estado mais hostil em relação à Coreia do Norte — disse Kim.

Segundo o especialista em mísseis Chang Young-keun, do Instituto de Pesquisa da Coreia para Estratégia Nacional, os testes parecem demonstrar que a Coreia do Norte busca o desenvolvimento de mísseis hipersônicos e de alcance intermediário usando lançadores de combustível sólido.

— Mísseis hipersônicos de médio e longo alcance serão especialmente úteis para chegar a Guam, evitando o sistema de defesa antimísseis dos EUA — acrescentou o especialista do Instituto de Pesquisa da Coreia para Estratégia Nacional.

A KCNA divulgou, na segunda-feira, apenas uma foto do lançamento do míssil, sem mencionar que Kim estava presente para supervisioná-lo.

Mudança de tom

Mísseis de combustível sólido são mais fáceis de ocultar e mais rápidos de disparar, e os mísseis hipersônicos muitas vezes os tornam mais fáceis de manobrar em pleno voo.

As declarações marcam uma mudança de tom na política norte-coreana e os analistas acreditam que Pyongyang assumirá uma postura mais dura no futuro.

Kim Jong-un: Líder norte-coreano ameaça com 'ataque nuclear' se for provocado
Em dezembro, Kim Jong-un ordenou a aceleração dos preparativos militares para uma “guerra” que poderia “estourar a qualquer momento”.

Ele também denunciou uma “situação de crise persistente e incontrolável”, segundo ele, causada por Seul e Washington com seus exercícios militares conjuntos na região.

As relações entre as duas Coreias estão no ponto mais baixo em décadas, depois de Kim ter consagrado o estatuto do seu país como potência nuclear na Constituição, e lançado vários testes avançados de ICBM.

Ao mesmo tempo, reforçou laços com um de seus principais aliados, a Rússia, com a viagem de Kim ao Extremo Oriente, em setembro, para se encontrar com Vladimir Putin.

Uma delegação do governo norte-coreano liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Choe Son-hui, chegou a Moscou na segunda-feira para uma visita oficial, informou a KCNA.

Pyongyang também conseguiu colocar em órbita um satélite de reconhecimento assistido pela Rússia, segundo a Coreia do Sul, em troca do fornecimento de munições para a guerra da Rússia na Ucrânia.

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