O CNS não se oporá a uma intervenção militar com a condição que seja realizada no marco do plano da Liga Árabe e de maneira coordenada, disse o presidente do Conselho (Marco Longari/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de fevereiro de 2012 às 17h57.
Paris - O presidente do Conselho Nacional Sírio (CNS), Burhan Galiun, afirmou nesta terça-feira que seu grupo, a maior organização opositora no exílio, não se opõe a uma intervenção militar estrangeira no país, com a condição que seja realizada no marco do plano da Liga Árabe e de maneira coordenada.
'Se for preciso utilizar força, que se utilize, mas no marco do plano árabe e da coordenação entre o grupo árabe, o europeu, o turco...', declarou em entrevista concedida à emissora 'France 24'.
Galiun se mostrou contrário a 'qualquer intervenção individual que não responda ao plano geral para a resolução do problema'.
'Defendemos o apoio ao Exército (Livre Sírio) por todos os meios', indicou o representante do CNS, que na entrevista realizada em francês reiterou os pedidos de sua organização.
'Pedimos a criação de corredores humanitários, o que também é uma forma de intervenção, e pedimos também a criação de uma zona segura em um espaço preciso do noroeste do país para permitir a soldados desertores estarem protegidos e continuarem lutando contra o regime', acrescentou Galiun.
O líder opositor ressaltou que o regime de Bashar al Assad 'perdeu sua legitimidade e credibilidade', dois requisitos que considerou necessários para poder iniciar um diálogo com ele, mas reiterou que seu grupo sempre se mostrou 'disposto a realizar negociações para preparar a transição rumo a uma Síria democrática'.
O representante da oposição ressaltou a necessidade, no entanto, que Assad deixe o poder antes de entrar nessa hipotética negociação, e se mostrou partidário que o atual líder sírio seja apresentado à Justiça.
'Acho que alguém que assassinou seu povo durante anos deve ser castigado, mas se a população síria, para evitar mais vítimas, aceitar que saia do país, nós discutiremos isso', frisou.
Galiun, que cifrou em 'mais de 20 mil' o número de vítimas, detalhou que essa conversa deverá ocorrer 'com os revolucionários, com as pessoas que perderam seus filhos, irmãos, amigos, porque são eles que têm o direito de dizer se aceitam ou não' sua saída.
Aos que ainda apoiam o presidente, Galiun alertou que 'já é hora de saltar de um barco que vai afundar de todas as maneiras, e prometeu que a Síria pela qual trabalham 'não será a da vingança e da discriminação', mas um 'Estado de direito capaz de devolver a fraternidade entre os sírios'.