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Conflito provocou tragédia humanitária na Síria

A revolta contra o regime sírio de Bashar al-Assad desencadeada há mais de 3 anos se converteu em uma guerra que já deixou mais de 162 mil mortos


	Cidade de Homs, na Síria: entre as vítimas há mais de 53.978 civis, dos quais 8.607 crianças
 (Khaled al-Hariri/Reuters)

Cidade de Homs, na Síria: entre as vítimas há mais de 53.978 civis, dos quais 8.607 crianças (Khaled al-Hariri/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de junho de 2014 às 14h59.

Beirute - A revolta contra o regime sírio de Bashar al-Assad desencadeada há mais de três anos se converteu em uma guerra que já deixou mais de 162.000 mortos, milhares de refugiados e um país em ruínas.

Vítimas

Segundo o último balanço do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH, 19 de maio), 162.402 pessoas morreram nesta guerra entre o regime e os rebeldes, e entre estes últimos e os jihadistas, em sua maioria estrangeiros.

Entre as vítimas há mais de 53.978 civis, dos quais 8.607 crianças.

O OSDH, uma ONG com sede no Reino Unido, conta com uma rede de ativistas e fontes médicas e militares em terra.

Além de civis, entre os mortos há 42.701 combatentes rebeldes, dos quais mais de 13.500 jihadistas da Frente Al-Nosra e do Estado Islâmico do Iraque e Levante.

Também perderam a vida 61.170 membros das forças de segurança: 37.685 soldados e 23.485 milicianos.

Ao menos meio milhão de pessoas ficaram feridas, segundo dados da Cruz Vermelha Internacional do fim de 2013.

O OSDH afirma que há "dezenas de milhares" de detidos nas prisões do regime, nas quais, segundo as ONGs, ocorrem torturas e execuções sumárias.

O número de crianças afetadas pela guerra mais do que duplicou no terceiro ano de guerra, alcançando 5,5 milhões, e um milhão de crianças encontram-se em zonas sitiadas ou inacessíveis, adverte a Unicef, o fundo das Nações Unidas para a Infância.

Segundo um estudo da rede euro mediterrânea de direitos humanos (novembro de 2013), muitas mulheres foram estupradas na prisão e utilizadas como escudos humanos ou sequestradas para exercer pressão e humilhar suas famílias.

Refugiados e deslocados

No dia 4 de maio, a ONU criticou a comunidade internacional por não fornecer ajuda suficiente aos milhares de refugiados na região e nos países de acolhida. "Estes países receberam três milhões de refugiados sírios registrados e não registrados e este enorme impacto não está plenamente reconhecido", lamentou a ACNUR, agência da ONU para os refugiados.


Segundo a ONU, no início de abril o número de refugiados chegava a mais de 2,8 milhões, dos quais mais de um milhão estão no Líbano. A Turquia acolhia 770.000 (um milhão, segundo Ancara, desde o fim de abril), a Jordânia quase 600.000, o Iraque cerca de 220.000 e o Egito 137.000.

Além disso, 6,5 milhões de pessoas foram deslocadas no interior da Síria.

Drama humanitário e consequências econômicas

A situação humanitária alcançou um nível crítico, segundo a ONU.

Três em cada quatro sírios vivem na pobreza e mais da metade (54,3%) na extrema pobreza, segundo um relatório da organização publicado no fim de maio.

Além disso, mais de 20% da população não tem meios para satisfazer as suas necessidades básicas, e nas regiões sitiadas sofrem de fome e desnutrição.

Dos 91 hospitais públicos, 61 foram atingidos e quase a metade deles está fora de serviço. Também foram afetados 53 centros hospitalares privados.

Os beligerantes na Síria seguem restringindo de forma arbitrária o fornecimento de ajuda humanitária e a situação em terra piorou, lamentou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em um relatório transmitido no dia 22 de maio ao Conselho de Segurança.

A Comissão da ONU sobre as violações dos direitos humanos denunciou que o regime ataca as cidades e utiliza a fome como método de guerra.

Segundo a ONU, o PIB se contraiu 41% em relação a 2010. A inflação alcançou 178% em três anos e o desemprego subiu a 54,3% no terceiro trimestre de 2013.

Segundo fontes oficiais, a destruição provocada pela guerra chega a 31 bilhões de dólares e a produção de petróleo caiu 96%.

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