Conflito na Ucrânia aproxima Putin da Coreia do Norte; entenda
O presidente da Rússia visitou a Coreia do Norte na última quarta-feira; ele não ia ao país desde 2000
Repórter colaborador
Publicado em 19 de junho de 2024 às 07h44.
Última atualização em 19 de junho de 2024 às 11h34.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin se reuniu nesta quarta-feira, 18, com o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, em sua primeira visita ao país em quase 25 anos. O encontro marca a tentativa dos dois líderes de construir uma frente conjunta contra os Estados Unidos e aprofundar os laços bilaterais, o que inclui comércio de armas.
Kim recebeu Putin com tapete vermelho em Pyongyang. Na sequência, os dois seguiram para o centro de capital na limusine Aurus, de fabricação russa e que Putin deu a Kim no ano passado.
Segundo o New York Times, o conflito na Ucrânia aproximou os dois líderes. Esperava-se que eles mantivessem conversações bilaterais durante a maior parte da quarta-feira, segundo a mídia estatal russa, antes de Putin seguir para o Vietnã.
“Apreciamos muito o seu apoio consistente e inabalável à política russa, inclusive no que diz respeito à Ucrânia, à luz da nossa luta contra a política imperial que os Estados Unidos têm seguido ao longo de décadas em relação à Federação Russa”, disse Putin a Kim. O russo expressou que a próxima reunião entre os dois possa ocorrer em Moscou.
Já o ditador norte-coreano ressaltou o papel da Rússia no apoio à "estabilidade estratégica e equilíbrio no mundo". Kim Jong-un reiterou o seu apoio às operações russas na Ucrânia, reforçando "uma nova era de prosperidade nas relações entre Moscou e Pyongyang. Os dois tiveram conversas a portas fechadas por cerca de duas horas.
Apoio coreano na Ucrânia e temor entre aliados
Autoridades de EUA e Coreia do Sul acusam Putin de receber armas da Coreia do Norte para a guerra na Ucrânia. Rússia e Coreia do Norte negam a operação. De acordo com o Times, nesta viagem, espera-se que Putin consiga mais contratos para o fornecimento de equipamentos bélicos e Kim tenha ajuda russa para aliviar a escassez de petróleo no seu país. As duas economias tentam criar alternativas para contornar as sanções pelas quais passam.
A aliança Putin-Kim alarmou Washington e seus aliados, especialmente a Coreia do Sul, porque ameaça minar seus esforços para conter os programas nuclear e de mísseis da Coreia do Norte.
A parceria também representa uma ameaça ao esforço global para a não proliferação de armas nucleares. Vale lembrar que no passado Moscou juntou-se aos Estados Unidos na imposição de sanções das Nações Unidas a países como a Coreia do Norte e o Irã devido aos seus programas nucleares. A realidade agora é outra.
Semanas antes da viagem de Putin, a Rússia usou o seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para dissolver um painel de especialistas da ONU que ajudou a aplicar sanções destinadas a tornar mais difícil à Coreia do Norte o desenvolvimento do seu arsenal nuclear.
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