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Bispos dizem que avanço da lei de aborto na Argentina "dói"

Projeto de lei que permite a interrupção da gravidez até a 14ª semana de gestação foi aprovado na Câmara dos Deputados do país e seguirá para o Senado

Atos pró-aborto: defensores da descriminalização destacam que essa é "uma questão de saúde pública" (Martin Acosta/Reuters)
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EFE

Publicado em 14 de junho de 2018 às 16h20.

Última atualização em 14 de junho de 2018 às 16h26.

Buenos Aires - A Conferência Episcopal Argentina (CEA) reconheceu que a aprovação nesta quinta-feira na Câmara dos Deputados do projeto que descriminaliza o aborto "dói" e reiterou a "necessidade" de diálogo no Senado, onde a iniciativa será tratada.

"A Câmara dos Deputados aprovou o projeto de descriminalização do aborto . Nos dói como argentinos esta decisão", começa o texto da Comissão Executiva da CEA, em nota enviada à imprensa.

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De acordo com os bispos , a dor e a exclusão dos inocentes pelo esquecimento deve se transformar em força e esperança, para seguir lutando pela dignidade de toda vida humana.

"Continuamos defendendo a necessidade de que o debate legislativo continue e que exista diálogo", segue o texto, que destaca que a situação das mulheres frente a uma gravidez inesperada, a exposição à pobreza, a marginalização e a violência sexual, permanecem sem solução.

"Simplesmente foi somado outro trauma, o aborto. Continuamos chegando tarde", ressalta.

A iniciativa, que foi promovida pela Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Seguro e Gratuito, foi aprovada, com 129 votos a favor, 125 contra e uma abstenção.

Os favoráveis à descriminalização destacam que se trata de "uma questão de saúde pública", por causa dos cerca de 500 mil abortos clandestinos realizados todos os anos na Argentina, principal causa de morte materna em 17 das 24 províncias do país.

"Temos a oportunidade de encontrar soluções novas e criativas para que nenhuma mulher tenha que fazer um aborto", diz o texto dos bispos, que defendem que o Senado é o lugar onde são elaborados "projetos alternativos" que podem responder às "situações conflituosas" para reconhecer "o valor de toda vida e o valor da consciência".

No comunicado, eles admitem "fraquezas" no trabalho pastoral, como a educação sexual integral nas instituições educativas da Igreja, o reconhecimento mais pleno da dignidade comum da mulher e do homem, e o acompanhamento de mulheres que são expostas ao aborto ou que viveram "tal trauma".

"Todos esses são apelos da realidade que nos convoca a uma resposta como Igreja. Com humildade e coragem, nos propomos a continuar trabalhando no serviço e no cuidado da vida", conclui a nota.

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