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Por que o planeta tem bons motivos para chorar o leite “derramado”

Pesquisadores britânicos calculam que o total de leite descartado anualmente no Reino Unido gera a mesma quantidade de gases efeitos estufa emitidos por 20 mil carros

Ralo abaixo: 99% do leite jogado fora pelos britânicos é considerado “desperdício evitável" (ALFREDO FRANCO)

Ralo abaixo: 99% do leite jogado fora pelos britânicos é considerado “desperdício evitável" (ALFREDO FRANCO)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 17 de maio de 2012 às 17h29.

São Paulo – A máxima popular de que "não adianta chorar pelo leite derramado" vai por terra quando o assunto são os efeitos reais desse episódio, na sua forma mais literal, sobre o meio ambiente. Segundo cientistas, o desperdício de leite, seja proposital ou não, tem emissões equivalentes ao de centenas de veículos nas ruas, contribuindo, assim, para o aquecimento global.

Os pesquisadores da Universidade de Edimburgo chegaram a essa conclusão, publicada esta semana na revista Nature Climate Change, com base na análise dos hábitos alimentares no Reino Unido. De acordo com o estudo, anualmente os britânicos desperdiçam cerca de 360 mil toneladas de leite.

Só que para produzir e transportar até o consumidor esse volume de bebida, são emitidas 100 mil toneladadas de gases de efeito estufa. A título de comparação, as emissões geradas pelo leite que desce ralo abaixo são equivalentes a quantia emitida ao longo de um ano por 20 mil carros.

Ao menos 99% do leite jogado fora pelos consumidores britânicos é considerado como “desperdício evitável”, resultado de excessos na hora da compra – que acaba azendando na geladeira – ou pelo excesso na produção e venda ao supermercados – parcela que acaba perdendo a validade nas prateleiras.

Ainda segundo o estudo, moderar o consumo de alimentos e evitar o desperdício seria uma forma de diminuir a emissão de óxido nitroso – principal gás gerado na produção agropecuária e agrícola – que é 300 vezes mais potente e danoso que o CO2 para a camada de ozônio e cuja concentração na atmosférica vem crescendo desde 1990 em decorrência do uso intenso de fertilizantes nitrogenados.

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