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Como as eleições na França podem afetar as Olimpíadas — e vice-versa?

País terá campanha eleitoral a poucas semanas do começo dos jogos

Emmanuel Macron, presidente da França, convocou eleições antecipadas para 30 de junho (Ludovic Marin/AFP)

Emmanuel Macron, presidente da França, convocou eleições antecipadas para 30 de junho (Ludovic Marin/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 15 de junho de 2024 às 06h01.

Última atualização em 15 de junho de 2024 às 12h44.

Nas próximas semanas, a França terá dois grandes eventos quase ao mesmo tempo: eleições legislativas, marcadas para 30 de junho e 7 de julho, e o começo das Olimpíadas de Paris, em 26 de julho.

A situação não estava prevista: o presidente Emmanuel Macron convocou eleições fora de época, e de última hora, após o seu partido ir mal nas eleições do Parlamento Europeu. Com a antecipação, Macron tenta conter um avanço da extrema-direita e recuperar força no Congresso, em um gesto considerado arriscado.

Para analistas ouvidos pela EXAME, a eleição não deve afetar os preparativos para os Jogos, pois a maior parte dos trabalhos já foi feito. No entanto, como os jogos começam após a votação, há chance de que haja mudanças nos cargos de ministros de áreas como Esporte e Educação.

A realização de Jogos Olímpicos em um país muitas vezes traz ganhos de imagem para os governantes, e Macron pode se beneficiar disso. "Os Jogos sempre podem ajudar os políticos, por trazerem obras e novas infraestruturas. É um momento para demonstrar que o presidente é um bom gestor", diz Clayton Pegoraro, professor do Mackenzie e especializado em direito internacional.

Ao mesmo tempo, eventuais escândalos de corrupção ou ataques terroristas poderiam manchar a imagem do evento e, consequentemente, do presidente.

Ao se candidatar a receber os Jogos Olímpicos de 2024, Paris usou como argumento o fato (ou pelo menos a ideia) de ter 95% da infraestrutura necessária pronta, de modo que o orçamento seria limitado. O fato de o Stade de France já existir na época da candidatura (sua inauguração aconteceu em 1998) significava a não necessidade de construir um estádio olímpico.

Ocorre que, a poucos meses do começo dos Jogos, os gastos com a organização do evento, que deveriam ter ficado em torno de 6,3 bilhões de euros, estão quase chegando a 8,8 bilhões, uma diferença de cerca de 30%.

Olimpíadas vs eleições

A campanha acabará, no entanto, disputando a atenção dos franceses neste período que antecede o começo do evento.

"As pessoas vão estar tão tomadas pela campanha eleitoral que isso vai acabar ofuscando o brilho das Olimpíadas. Nas ruas, além de cartazes sobre os jogos, haverá cartazes com o rosto dos candidatos", diz Thomás Zicman de Barros, doutor em ciência política e pesquisador associado da Sciences Po, universidade sediada em Paris.

Macron sempre mostrou empolgação pela realização dos Jogos em território francês na aposta de impulsionar o orgulho francês, inclusive no quadro de medalhas.

O presidente francês seguirá no cargo independente do resultado das eleições atuais e, quando a pira olímpica for acesa, já saberemos se sua jogada politica deu certo e ele poderá ter mais três anos fortalecido no cargo ou se estará amargando duas derrotas nas urnas em menos de 40 dias.

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