Com receio a variantes, Austrália ameaça prender viajantes vindos da Índia
Quem violar restrições de viagem, incluindo voos de conexão, pode pegar até 5 anos de prisão. Órgãos de direitos humanos classificaram ação como 'vergonhosa'
Thiago Lavado
Publicado em 1 de maio de 2021 às 09h46.
Pessoas que violarem a proibição de viajar da Índia para a Austrália , incluindo voos de conexão, podem pegar penas de prisão de até 5 anos, anunciou o governo australiano neste sábado, 1º, em uma tentativa de prevenir uma nova onda de infecções de covid-19 no país, diante do surgimento de variantes do coronavírus na Índia.
A partir da próxima segunda-feira, qualquer viajante que chegue à Austrália e que tenha estado na Índia nos últimos 14 dias pode ser multado ou preso por uma proibição instaurada pelo governo para viagens à Índia, anunciada no início da semana e que permanecerá em vigor pelo menos até 15 de maio.
"O governo não toma essas decisões levianamente", disse o ministro da Saúde australiano, Greg Hunt, em um comunicado. “É fundamental que a integridade dos sistemas de saúde pública e da quarentena na Austrália sejam protegidas, e o número de casos de covid-19 seja mantido em um nível administrável”, acrescentou.
A ONG Human Rights Watch qualificou o anúncio como "vergonhoso".
"O governo deve buscar formas seguras de quarentena para os australianos que retornam da Índia, em vez de concentrar seus esforços na prisão e em punições severas", disse a diretora da ONG na Austrália, Elaine Pearson.
Na sexta-feira, o número de novos casos na Índia subiu para 385.000 — um novo recorde mundial — e cerca de 3.500 mortes, segundo dados oficiais que muitos especialistas consideram muito abaixo da realidade.
O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, rejeitou a possibilidade de o governo fretar voos para facilitar o retorno de milhares de cidadãos, incluindo jogadores de críquete de elite, presos na Índia.
A Austrália fechou suas fronteiras internacionais para a maioria dos cidadãos não australianos em março de 2020 e aqueles que foram autorizados a retornar tiveram que respeitar 14 dias de quarentena em hotéis.
O país de 25 milhões de habitantes registrou 30.000 casos desde o início da pandemia e 910 mortes. Hoje, a a maior parte do país está praticamente sem restrições.