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Chineses encontram formas de burlar restrições de covid zero em Pequim

A capital chinesa enfrenta desde o início de maio um surto de coronavírus que superou 1.600 infecções, um número alto para a China, que aplica uma política restrita de covid zero

Mas muitos brincam de gato e rato com as autoridades, desafiando as instruções do Partido Comunista, que fez de sua política anticovid uma marca de sua legitimidade (VCG / Colaborador/Getty Images)
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AFP

Publicado em 26 de maio de 2022 às 10h06.

Crianças brincam em um canal, jogadores de mahjong ignoram o distanciamento e jovens se esgueiram para tomar uma cerveja. Com as restrições sanitárias pela covid-19 , os habitantes de Pequim encontram formas de relaxar.

A capital chinesa enfrenta desde o início de maio um surto de coronavírus que superou 1.600 infecções, um número alto para a China, que aplica uma política restrita de covid zero.

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O surto não deixou oficialmente nenhuma morte na cidade de 22 milhões de pessoas, mas escolas, restaurantes, comércios não essenciais e vários parques estão fechados.

Os moradores, testados diariamente ou quase diariamente, são solicitados a trabalhar de casa. Aqueles que moram em áreas onde foram registrados casos de contágio devem permanecer confinados.

Mas muitos brincam de gato e rato com as autoridades, desafiando as instruções do Partido Comunista, que fez de sua política anticovid uma marca de sua legitimidade.

"Tudo está fechado: cinemas, museus, até campos de futebol", reclama Eric Ma, um jovem cientista da computação que foi tomar umas cervejas com amigos às margens de um canal no centro da cidade depois de um dia de trabalho em casa. "Estou ficando claustrofóbico. É preciso imaginação para encontrar uma maneira de se divertir", diz.

As barreiras metálicas impedem que as pessoas se deitem na grama ao lado do canal, local de grandes piqueniques nas últimas semanas.

O acesso aos bancos é permitido, mas controlado e há guardas para evitar aglomerações.
"Tenham paciência: vocês aproveitarão o sol quando a pandemia passar", dizem os grandes letreiros azuis instalados ao longo do canal.

Mas as instruções não impedem que dezenas lotem o cais ou que alguns deem um mergulho.
Na água, um homem de meia-idade canta uma música tradicional de ópera.

Outros transeuntes trazem cadeiras e mesas dobráveis, e até um aquecedor a gás, para piquenique.
"Às vezes os guardas vêm e nos mandam embora", diz Reiner Zhang, estilista que estende sua toalha de mesa perto do canal Liangmahe, em um bairro repleto de embaixadas. "As pessoas estão cansadas de demissões e cortes de salários e precisam se unir para desabafar", explica.

Perto dali, algumas mães desfrutam de uma melancia enquanto seus pequenos se divertem.
"Isso os faz se movimentar um pouco", diz Niu Honglin, cujo filho de sete anos toma banho no canal. "Como os parques estão fechados, eles não têm onde brincar. As crianças fazem birra quando ficam o dia todo em casa com aulas a distância", lamenta a mãe de família.

Nas ruas do bairro histórico, puxadores de riquixás estão desempregados porque os turistas não podem entrar em certas áreas.

Perto dali, ao redor do Lago Houhai, as docas cheias de bares e cafés estão agora escondidas atrás de uma barreira. "É para evitar que as pessoas se aglomerem, porque a situação epidêmica é grave", explica um trabalhador.

Durante o dia, porém, aposentados locais se reúnem para jogar cartas, damas, xadrez ou mahjong sem se preocupar com as regras de distanciamento.

"A gente vem aqui todos os dias depois do almoço e joga até o pôr do sol", diz um aposentado que se identifica como Zao. "Fazemos isso há anos, a pandemia não vai nos parar."

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