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Chile tenta retomar normalidade após 11 mortos em violentos protestos

Após final de semana com manifestações contra o aumento das passagens de metrô em Santiago, o governo decretou toque de recolher

Chile: cerca de 1,5 mil pessoas foram detidas durante as manifestações (Juan Gonzalez/Reuters)
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AFP

Publicado em 21 de outubro de 2019 às 11h15.

Longas filas para embarcar nos ônibus, o metrô funcionando parcialmente e um enorme congestionamento marcam as primeiras horas desta segunda-feira (21), em Santiago , no primeiro dia útil após a violenta explosão social do fim de semana, com saques, incêndios e enfrentamentos nas ruas, que deixaram 11 mortos.

Depois de uma noite um pouco mais tranquila do que as duas anteriores, marcadas por saques e por ataques incendiários, tenta-se, com grande dificuldade, retomar as atividades habituais em Santiago. Bem menos empregadores cancelaram a jornada de trabalho hoje, mas as aulas continuam suspensas em praticamente todos os colégios e universidades.

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A falta do metrô - eixo do transporte público, com cerca de três milhões de passageiros por dia - é o que mais causa estranhamento nesta cidade de quase sete milhões de habitantes, agora obrigados a fazer longas filas para tomar o ônibus, ou para ter acesso às poucas estações que abriram.

A poucos metros da Casa de Governo, em pleno centro de Santiago, a estação de metrô La Moneda abriu suas portas depois das 7h locais (7h em Brasília), permitindo o ingresso de dezenas de pessoas que esperavam impacientes para poder embarcar. Vários soldados controlavam o fluxo de entrada.

"Em paz e na calma"

"A cidade está em paz e na calma", afirmou cedo nesta segunda o chefe militar responsável pela segurança, Javier Iturriaga, após sobrevoar a capital chilena.

A declaração contraria o tom alarmista da declaração de domingo à noite do presidente Sebastián Piñera, segundo o qual "Estamos em guerra contra um inimigo poderoso".

No centro de Santiago, ainda é grande a presença de militares e de policiais. Os pequenos comércios se atreveram a abrir suas portas parcialmente, mas os grandes estabelecimentos - supermercados e shoppings, em sua maioria - decidiram permanecer fechados.

A virulência dos protestos - deflagrados com violência na sexta-feira após o aumento da passagem de metrô, mas que se tornaram uma grande convulsão social - deixou muitos perplexos e com medo. Ao mesmo tempo, a sociedade se mantém na expectativa de mudanças no modelo econômico ultraliberal que acentuou as desigualdades na sociedade chilena.

"Sabia-se que isso estava vindo. O governo não fez nada. Não foi apenas o bilhete do metrô que deflagrou isso e terminou em vandalismo. Se o governo não fizer coisas contundentes, medidas para melhorar os salários, a saúde, a previdência...", disse à AFP Carlos Lucero, de 30 anos, que vende sanduíches no Paseo Ahumada.

Além dos 11 mortos, as autoridades informaram que pelo menos duas pessoas foram baleadas, e quase 1.500 detidas, na pior explosão social em mais de três décadas no país.

Coletes amarelos

Com duas noites consecutivas de toque de recolher após a decretação do estado de emergência em várias cidades do Chile, em meio a saques em todo país, os moradores se organizaram para evitar novos episódios na madrugada de domingo.

Armados com pedaços de pau e com os coletes amarelos que popularizaram os recentes manifestos na França, defenderam suas casa, supermercados e o comércio de bairro que ficaram de pé e não foram vandalizados.

"A ideia foi nos organizarmos e nos identificarmos entre os moradores, por isso colocamos os coletes amarelos. Houve algumas tentativas de roubo no setor e, por conta disso, nós nos organizamos para nos defender", afirmou Priscila, que mora em Macul (leste de Santiago), em entrevista ao canal 24 horas.

Os moradores fizeram rondas de vigilância junto com policiais e militares, que lhes permitiram sair às ruas apesar do toque de recolher.

Acompanhe tudo sobre:ChileMortesProtestos no mundoSantiago (Chile)

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