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Chefe do Pentágono faz primeira vista à China desde 2014

A reunião entre Xi Jinping e Jim Mattis tem o objetivo de encontrar áreas possíveis de cooperação bilateral no mar da China

EUA e China discordam sobre a ilha Taiwan que reivindica sua soberania diante da China e tem se aproximado dos EUA (Jason Lee/Reuters)

EUA e China discordam sobre a ilha Taiwan que reivindica sua soberania diante da China e tem se aproximado dos EUA (Jason Lee/Reuters)

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AFP

Publicado em 27 de junho de 2018 às 14h09.

A China não é "expansionista", mas não sacrificará "um milímetro" de seu território - disse nesta quarta-feira (27) o presidente chinês, Xi Jinping, ao secretário americano da Defesa, Jim Mattis, em meio à tensão com Washington causada pelas pretensões de Pequim no mar da China.

Nesta primeira viagem de um chefe do Pentágono à China desde 2014, Mattis foi recebido hoje na sede do Exército Popular de Libertação, em Pequim, para uma guarda de honra, antes de se reunir com o chefe de Estado. O objetivo é encontrar áreas possíveis de cooperação bilateral, a despeito das profundas diferenças.

"Não podemos abstrair nossas diferenças. Sobre a questão da soberania e da integridade territorial da China, nossa atitude é firme e clara: não abandonaremos um milímetro do território que nossos ancestrais nos deixaram", disse Xi Jinping a Mattis, segundo a agência oficial de notícias Xinhua.

No início de maio, segundo Washington, o regime comunista mobilizou armamentos, incluindo baterias de mísseis e sistemas de bloqueio eletrônico sobre ilhotas do mar da China meridional, uma zona estratégica, onde Pequim se choca com as reivindicações territoriais rivais de países vizinhos, deflagrando a ira americana.

"Não seguimos nunca o caminho do expansionismo, ou do colonialismo, não contribuiremos para o caos no mundo (...) Não queremos absolutamente nada que pertença aos outros", declarou Xi Jinping, hoje, ao secretário dos EUA, que criticou recentemente as táticas "de intimidação e de coação" de Pequim no mar da China meridional.

'Irresponsável'

Em suas declarações públicas ao lado de Xi, hoje, no Palácio do Povo, Jim Mattis não tratou do assunto.

"Estou aqui para manter nossa relação na boa direção e para compartilhar ideias com seu Estado-Maior, examinar as direções para o futuro", explicou o secretário americano.

"Reforçar as trocas e os mecanismos (de comunicação) em todos os níveis entre nossos Exércitos contribuirá para dissipar os preconceitos, evitar os mal-entendidos, erros de cálculo e acidentes (...) Esperamos que a boa dinâmica das relações interexércitos continue", afirma Xi Jinping.

Pouco antes, o ministro chinês da Defesa, Wei Fenghe, com quem Jim Mattis se encontraria pela primeira vez, saudou uma "visita crucial para aumentar a confiança estratégica bilateral".

Pequim reivindica a quase totalidade do mar da China meridional em nome de uma presença histórica. Países próximos (Filipinas, Vietnã, Malásia, Brunei) se opõem às pretensões rivais.

Nos últimos anos, o gigante asiático acelerou a instalação de bases navais e aéreas em várias ilhotas reforçadas artificialmente, uma maneira de apoiar suas reivindicações territoriais.

Enquanto Jim Mattis denunciava a recente intensificação da mobilização militar chinesa, Pequim classificou essa acusação de "irresponsável" e disse se contentar com defender seu território.

Pressão sobre Pyongyang

Essas iniciativas chinesas levaram o Pentágono a retirar um convite feito anteriormente a Pequim de participar do exercício "Rim of the Pacific" (Rimpac), amplas manobras marítimas, das quais quase 30 países participam a cada dois anos.

Antes da visita de Mattis, uma autoridade americana, que pediu para não ser identificada, lembrou que a exclusão de Pequim dos exercícios Rimpac poderia ser "apenas o primeiro passo" para manter a pressão no caso do mar da China meridional.

Outro pomo da discórdia: Taiwan, uma ilha administrada por um regime rival de Pequim desde o fim da guerra civil chinesa em 1949, mas que tem sua soberania reivindicada pelas autoridades comunistas. O governo taiuanês é um aliado próximo dos Estados Unidos, apesar da ausência de relações diplomáticas.

Em meio às diferenças, Jim Mattis espera obter de Pequim o compromisso de manter a pressão sobre o regime de Pyongyang para convencê-lo a renunciar às suas armas nucleares, depois da histórica cúpula de 12 de junho em Singapura entre o presidente americano, Donald Trump, e o dirigente norte-coreano, Kim Jong-un.

O secretário americano continua na quinta e sexta-feiras sua viagem asiática por Seul e Tóquio, para tranquilizar os aliados dos EUA após o abandono, por parte do governo Trump, dos tradicionais exercícios militares de americanos e sul-coreanos na região.

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