Como diria o próprio teórico comunista Karl Marx, a história se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa
Da Redação
Publicado em 7 de novembro de 2017 às 06h43.
Última atualização em 7 de novembro de 2017 às 07h21.
Em 1967, a Praça Vermelha, em Moscou foi palco de uma grande celebração, quando multidões se reuniram pela celebração dos 50 anos da Revolução Bolchevique. Se há 50 anos, houve demonstração de poder político, desfiles de exibição militar e conquistas sociais, hoje, 100 anos depois da Revolução Russa, o termo “celebração” está fora da moda em Moscou.
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À parte com alguns grupos de vertente comunista, algumas mostras e exposições, discussões acadêmicas, os eventos que mudaram a história do país e do mundo têm sido esquecidos pela população, especialmente para os mais jovens que já nasceram sob um novo regime.
O imaginário em torno da Revolução Russa é cada vez mais contraditório. O governo soviético foi capaz de grandes avanços tecnológicos, de estabelecer uma corrida espacial, de produzir genialidade intelectual, alfabetizar uma nação vastamente rural e teve grande responsabilidade na luta que livrou o mundo do nazismo.
Na outra mão, o custo dos avanços e desenvolvimentos foi o ostracismo dos dissidentes, a criação dos gulags, o endividamento externo. O resultado é que os russos olham para o passado divididos.
Em abril, o instituto independente de pesquisas Levada fez uma consulta sobre o legado da revolução, que retirou do poder a dinastia dos Romanov: 48% dos entrevistados têm algum tipo de impressão positiva do evento e 31% creem que foi negativo. Outros 21% não souberam o que responder.
Quase metade acredita que a Revolução causou “sério dano” para os camponeses e para a cultura russa. Ainda assim, 56% se dizem tristes pelo fim da URSS. Entre as figuras mais queridas da Revolução são citados Lenin, 26% das vezes, e Stálin, 24%.
Como diria o próprio teórico comunista Karl Marx, a história se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa. Hoje o país volta a ser governado por um governo central autoritário, concentrado na figura de Vladimir Putin, um governante com 82% de aprovação, que fez parte dos quadros da KGB, a agência de espionagem soviética, e que se mantém no poder desde 1999, atuando como presidente e primeiro ministro. Sobram razões para não celebrar o centenário de hoje.