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Catar recebe negociações de trégua em Gaza em meio a temores de escalada regional

Desde o início do conflito, houve apenas uma pausa em novembro, que durou cinco dias

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Agência de notícias

Publicado em 15 de agosto de 2024 às 09h54.

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O Catar recebe, nesta quinta-feira, 15, novas negociações indiretas para uma trégua entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, em um contexto de aumento da pressão internacional para evitar uma conflagração na região.

Os receios de uma escalada militar no Oriente Médio impulsionaram este novo ciclo de negociações, a pedido dos países mediadores do conflito - Catar, Egito e Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, avaliou que um cessar-fogo poderia evitar um ataque iraniano a Israel em resposta ao assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, em 31 de julho, que o Irã atribui a Israel

Biden reconheceu, no entanto, que estas negociações serão "difíceis" após meses de bloqueio.

Os mediadores conseguiram somente uma trégua de uma semana no final de novembro, a única desde o início da guerra em Gaza, desencadeada após um ataque mortal do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro. A trégua permitiu que centenas de prisioneiros palestinos fossem trocados por reféns sequestrados pelo Hamas naquele ataque.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o primeiro-ministro do Catar, Mohamed bin Abdelrahman Al-Thani, instaram na quarta-feira todas as partes a não "prejudicar" as negociações, um aviso velado a Irã, Hamas e Israel.

"Não há mais tempo a perder", disse o enviado dos EUA, Amos Hochstein, no mesmo dia em Beirute.

Um cessar-fogo também poderia acabar com aa trocas de tiros quase diárias entre o Exército israelense e o Hezbollah libanês, aliado do Hamas e do Irã, na fronteira de ambos os países.

As negociações baseiam-se em um plano anunciado por Biden em 31 de maio, que prevê em uma primeira fase uma trégua de seis semanas e uma retirada israelense das zonas densamente povoadas de Gaza, assim como uma troca de reféns por prisioneiros palestinos detidos em Israel.

Mais de 40.000 mortos em Gaza

As negociações em Doha, capital do Catar, ocorrerão na presença do diretor da CIA, William Burns, segundo uma fonte americana que acompanha as discussões.

Os chefes do Mossad, os serviços de Inteligência israelenses, e do Shin Bet, a agência de segurança interna, também estarão presentes, segundo o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Ainda não está claro se o Hamas, classificado como organização "terrorista" por Estados Unidos, Israel e União Europeia, participará nas negociações.

Um dirigente do grupo indicou na quarta-feira que as negociações "com os mediadores [...] se intensificaram", acrescentando que o Hamas "quer a implementação do plano de Biden e não negociar por negociar".

No ataque de 7 de outubro, milicianos islamistas mataram 1.198 pessoas no sul de Israel, a maioria civis, segundo uma contagem baseada em dados oficiais israelenses. Também sequestraram 251 pessoas. O Exército israelense afirma que 111 permanecem em Gaza, embora acredite que 39 tenham morrido.

Israel prometeu destruir o Hamas e lançou uma campanha militar em Gaza que já deixou 40.005 mortos, segundo o Ministério da Saúde deste território governado pelo Hamas desde 2007, que tinha uma população de 2,4 milhões de habitantes antes da guerra.

As tensões no Oriente Médio se intensificaram após o assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, e do comandante militar do Hezbollah, Fuad Shukr, em 30 de julho, em um bombardeio israelense perto de Beirute.

Os líderes das potências ocidentais instaram Teerã a não atacar Israel pela morte de Haniyeh, mas o Irã rejeitou este pedido na terça-feira. Os seus aliados no Líbano, Iraque e Iêmen também ameaçam responder ao assassinato de Haniyeh e Shukr.

O presidente israelense, Isaac Herzog, por sua vez, afirmou que seu país permanecia em "alerta máximo".

O site de informação americano Axios informou, citando autoridades americanas, que o ex-presidente e candidato à Casa Branca, Donald Trump, conversou na quarta-feira com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, sobre o acordo de reféns e o cessar-fogo em Gaza.

 Ativistas "eliminados"

Enquanto isso, o Exército israelense continua a sua ofensiva na Faixa de Gaza, atolada em um desastre humanitário após mais de dez meses de guerra.

Um bombardeio israelense em Khan Yunis, no sul do território, deixou um morto e três feridos, indicou uma fonte médica do hospital Naser desta localidade.

Os tanques israelenses também entraram no sul da Cidade de Gaza, no norte do enclave, onde ecoaram fogo de artilharia e bombardeios, observou um correspondente da AFP.

Três mortos e vários feridos foram levados ao hospital Al-Ahli da cidade após ataques aéreos, segundo relatos dos socorristas.

O Exército israelense indicou, nesta quinta-feira, que desmantelou mais de 30 locais em toda a Faixa que abrigavam infraestruturas do Hamas, alguns deles equipados com explosivos e armazenamento de armas.

Nas últimas 24 horas, os soldados "identificaram e eliminaram" quase 20 ativistas em Rafah, no sul do território, segundo o Exército.

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