Jordan Bardella, de 28 anos, candidato ao parlamento francês pelo partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional (RN) (Joel Saget/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 24 de junho de 2024 às 10h04.
Última atualização em 24 de junho de 2024 às 10h05.
"Nós estamos preparados" para governar a França[/grifar], afirmou nesta segunda-feira, 24, o candidato de extrema direita ao cargo de primeiro-ministro, Jordan Bardella, seis dias antes do primeiro turno das eleições legislativas mais incertas na história recente do país.
Bardella, estrela em ascensão da extrema direita, de apenas 28 anos, foi o grande vencedor das eleições europeias de 9 de junho na França. Seu triunfo contundente levou o presidente centrista Emmanuel Macron a antecipar as eleições legislativas, que estavam previstas para 2027.
"O Reagrupamento Nacional (RN) é atualmente o único movimento que pode implementar (...) as aspirações dos franceses. Em três palavras: Nós estamos preparados", disse Bardella ao apresentar seu programa eleitoral.
O RN e seus aliados lideram as pesquisas para as legislativas com quase 35% das intenções de voto, seguidos pela coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) - entre 27% e 29,5% - e a aliança centrista de Macron - por volta de 20%.
Jordan Bardella aspira o cargo de primeiro-ministro caso o seu partido, que tem Marine Le Pen como líder de fato, conquiste a maioria absoluta nas eleições legislativas de 30 de junho e 7 de julho.
O líder da extrema direita reiterou as principais linhas do seu movimento sobre a segurança e o controle da imigração. Também prometeu "big bang de autoridade" nas escolas, ao propor o uso de uniformes e a proibição dos telefones celulares nos centros de ensino.
"Sete anos de 'macronismo' enfraqueceram o país", disse Bardella, que reiterou os planos para expulsar os estrangeiros condenados por crimes e cortar os gastos "que favorecem a imigração".
Para tentar atrair os eleitores de direita descontentes com Macron, o candidato a primeiro-ministro do RN atacou os resultados econômicos do governo de Macron, com dívida e déficit públicos superiores aos limites europeus.
Também criticou o programa da NFP, que para ele provocará o aumento da imigração e uma profunda crise econômica. "A França vai virar a Venezuela, mas sem petróleo", acrescentou.
Sobre a política internacional, o candidato a primeiro-ministro garantiu que, se chegar ao poder, pretende manter o apoio do país à Ucrânia, mas será contrário ao envio de mísseis de longo alcance e de tropas francesas ao território ucraniano.
Embora os críticos considerem o RN próximo do presidente da Rússia, Vladimir Putin, Bardella garantiu que o seu eventual governo permanecerá "muito vigilante às tentativas de interferência da Rússia", país que considerou uma "ameaça para a França e a Europa".
Ao falar sobre o conflito entre Israel e o movimento islamista Hamas na Faixa de Gaza, ele declarou que "reconhecer hoje um Estado palestino seria reconhecer o terrorismo". A França abriga a principal comunidade judaica da Europa.
Apesar dos temores sobre a chegada da extrema direita ao poder na França, o atual eurodeputado tentou mostrar tranquilidade e se apresentou como o primeiro-ministro de "todos os franceses" e "garantidor das instituições", contra a "desordem e a violência".
Macron, cujo mandato termina em 2027, provocou um terremoto político na França com a antecipação inesperada das eleições, que podem obrigá-lo a compartilhar o poder com um governo de outra tendência política, uma coabitação.