Mundo

Canadá e Índia expulsam diplomatas; entenda o motivo da crise

Países trocam acusações sobre assassinato de líder separatista no ano passado

Trudeau em coletiva de imprensa para explicar tensão com os indianos (Dave Chan/AFP)

Trudeau em coletiva de imprensa para explicar tensão com os indianos (Dave Chan/AFP)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 15 de outubro de 2024 às 06h40.

Última atualização em 15 de outubro de 2024 às 06h41.

O primeiro-ministro da Canadá, Justin Trudeau, disse nesta segunda-feira, 14, que a Índia cometeu "um erro fundamental" ao atacar os canadenses no caso do assassinato de um separatista sikh em Vancouver no ano passado, que levou ambos os países a expulsarem seus embaixadores.

"O governo da Índia cometeu um erro fundamental ao pensar que poderia apoiar atividades criminosas contra canadenses [...] sejam assassinatos, extorsão ou outros atos violentos", disse Trudeau a jornalistas em Ottawa.

Canadá e Índia expulsaram mutuamente seus embaixadores nesta segunda-feira depois que Nova Délhi declarou que seu enviado foi citado como "pessoa de interesse" em uma investigação sobre o assassinato no ano passado de um dirigente separatista sikh.

A Índia indicou que retirava seu embaixador e outros cinco diplomatas do Canadá por causa dessa investigação. Déli defendeu seu Alto Comissário Sanjay Kumar Verma e sua "distinta carreira de 36 anos".

A ministra de Relações Exteriores canadense, Mélanie Joly, confirmou, no entanto, que os diplomatas foram expulsos e não retirados.

A ministra disse que tomou a decisão por "numerosas provas, claras e concretas que permitem identificar seis pessoas de interesse no caso Nijjar" e pela falta de colaboração da Índia, que recusou suspender a imunidade diplomática de seus representantes.

 'Acusações críveis'

O assassinato em 2023 do cidadão canadense Hardeep Singh Nijjar azedou as relações entre os dois países.

Nijjar, que emigrou ao Canadá em 1997 e se tornou cidadão canadense em 2015, defendia declarar parte da Índia como um estado sikh independente, conhecido como Calistão.

O primeiro-ministro canadense afirmou anteriormente que havia "acusações críveis" que vinculam a inteligência indiana com o crime cometido em Vancouver.

Por sua vez, a Índia decidiu expulsar o alto comissário em funções de Ottawa, Stewart Wheeler, seu adjunto e quatro secretários, ordenando-os a deixar o país até o próximo dia 19.

A expulsão mútua de seus diplomatas de mais alto escalão constituiu em uma escalada maior do conflito.

"Não temos fé no compromisso do atual governo canadense para garantir sua segurança", disse o Ministério das Relações Exteriores indiano em comunicado.

"Portanto, o Governo da Índia decidiu retirar o alto comissário [Sanjay Kumar Verma] e outros diplomatas e funcionários", acrescentou.

Também classificou de "absurdas" as acusações de que a Índia estava envolvida no assassinato e assinalou uma "estratégia para difamar a Índia com fins políticos".

'Graves atividades criminosas'

Por sua vez, a Real Polícia Montada de Canadá (RCMP) anunciou nesta segunda-feira "provas" do "envolvimento de agentes do governo da Índia em graves atividades criminosas no Canadá".

O Comissário da RCMP Mike Duheme mencionou casos de "intimidação, assédio, extorsão e coação" em território canadense assim como "homicídios e atos de violência", "coleta de informações" e "ingerência em processos democráticos".

As autoridades indianas buscavam Nijjar por suposto terrorismo e conspiração para cometer assassinato.

Até agora, quatro indianos foram presos em relação com o assassinato de Nijjar, que aconteceu no no estacionamento de um templo sikh, em Vancouver, em junho de 2023.
Acompanhe tudo sobre:ÍndiaCanadá

Mais de Mundo

Trump considera privatizar o Serviço Postal dos EUA, diz Washington Post

Israel bombardeia armazéns de armas do antigo regime nos arredores de Damasco

Ucrânia diz ter derrubado 58 drones lançados pela Rússia

Líder insurgente sirio diz não querer conflito com Israel e pede intervenção internacional