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Biden e Ryan trocam ataques em tenso debate nos EUA

Debate entre o democarata Joe Biden e o republicano Paul Ryan foi mais incisivo que o realizado entre o presidente Barack Obama e o candidato Mitt Romney

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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2012 às 16h18.

Danville (EUA) - O vice-presidente dos Estados Unidos , Joe Biden, tentou nesta quinta-feira marcar um profundo contraste com seu oponente republicano, Paul Ryan, em um tenso debate vice-presidencial no qual os dois analisaram desde a economia americana até as relações com a Síria e o Irã.

Um agressivo Biden, que não duvidou em interromper seu rival ou rir durante algumas de suas afirmações, enfrentou no Centre College de Danville, no Kentuck, um comedido Ryan, que se esforçou para resistir aos ataques com integridade.

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Como já fora previsto pelas duas campanhas, Biden e Ryan se enredaram até o final do debate em um acalorado diálogo interrompido frequentemente pela moderadora, Martha Raddatz.

'Acho que esta noite vocês observaram a minha frustração com a atitude (dos aspirantes republicanos) para com o povo americano', disse Biden no encerramento do debate, quando criticou o vídeo no qual o candidato republicano, Mitt Romney, afirma que não se preocupa com os 47% da população que são 'dependentes do Governo'.

'Ele está falando do meu pai e da minha mãe. Ele está falando dos lugares nos quais cresci, dos meus vizinhos, do povo que construiu este país', apontou o vice-presidente, que deu especial atenção à defesa da classe média.

Ryan, por sua vez, escolheu a situação econômica como principal tema e assegurou que os americanos 'merecem algo melhor' que as políticas de Obama, que desenharam um panorama que 'não parece uma recuperação econômica'.

O republicano protagonizou um dos momentos mais comentados do debate quando a moderadora lhe pediu que citasse 'áreas concretas' nas quais faria os cortes de impostos previstos em seu plano de orçamento.

O congressista republicano explicou que pretende 'começar com os ricos e trabalhar em um plano com o Congresso'. A resposta não satisfez à moderadora, que seguiu perguntando por algo 'concreto', e a Biden, que pedia uma tradução para as palavras do seu oponente.

O debate desta quinta-feira foi também o primeiro a incluir temas de política externa, começando pela Líbia, por causa do ataque de 11 de setembro contra o consulado americano em Benghazi, onde faleceu o embaixador Chris Stevens.


'Iremos até o fim e, até onde formos através dos fatos, vamos explicar tudo ao povo americano, porque, se tivermos cometido erros, não devemos repeti-los', assinalou Biden, enquanto Ryan criticou Obama por ter levado duas semanas para 'reconhecer' que o assalto foi um 'ataque terrorista'.

Quanto ao caso da Síria, Biden pressionou Ryan para que esclarecesse se a candidatura republicana está a favor do envio de tropas americanas para lá ou não. Na resposta, seu rival começou dizendo 'não', mas terminou reconhecendo que aceitaria isso 'apenas se fosse do interesse nacional dos EUA'.

O Irã entrou no debate quando Ryan afirmou que durante o mandato de Obama o regime de Teerã passou de 'ter material para uma bomba nuclear a ter o suficiente para cinco', perante o que Biden pediu 'calma' porque os iranianos 'não têm nenhum arma neste momento'.

'Não permitiremos que o Irã adquira uma arma nuclear e ponto', reiterou o candidato democrata, que também assegurou que a data da retirada americana do Afeganistão em 2014 é inamovível.

Diante do pedido de Ryan de 'reavaliar a situação' em 2013, a fim de 'não avisar a nossos inimigos que vamos embora', Biden ressaltou que é necessário marcar uma data para que os afegãos assumam a responsabilidade da segurança do seu país.

Os adversários chegaram a um ponto delicado quando a mediadora lhes pediu que expressassem suas opiniões sobre o aborto, levando em conta a fé católica que ambos compartilham.

Ryan assegurou não entender 'como uma pessoa pode separar sua vida pública da vida privada e da sua fé' e afirmou que sua postura contra o aborto se baseia no princípio de que 'a vida começa com a concepção'.

Biden replicou que, como homem de fé, compartilha o dogma expressado por Ryan em sua vida pessoal, 'mas, ao contrário do meu amigo, me nego a impô-la aos outros'.

A campanha de Obama via o encontro desta quinta-feira como uma oportunidade de recuperar a liderança após o debate realizado com Romney na semana passada.

O porta-voz da campanha democrata, Jim Messina, considerou o objetivo cumprido, quando definiu o debate como 'uma vitória decisiva para o vice-presidente', cuja atitude foi adequada 'porque as pessoas querem vê-lo lutando por aquilo em que acredita'.

Já Reince Priebus, presidente do Comitê Nacional Republicano, considerou que Biden se mostrou 'desrespeitoso'.

'Não se pode interromper alguém 82 vezes e rir durante 90 minutos', disse aos jornalistas.

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