Biden diz que é hora de ampliar cooperação entre EUA e Rússia
Vice-presidente fez a ressalva, porém, da necessidade de se desenvolver a democracia e as liberdades individuais no país
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2011 às 12h18.
Moscou - O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta quinta-feira que chegou a hora de ampliar a cooperação econômica de seu país com Moscou, mas também insistiu no interesse de Washington no desenvolvimento da democracia e na observação das liberdades na Rússia.
"Nos oito exercícios anteriores, nossa Administração não utilizou todas as possibilidades de cooperação que existiam. Chegou a hora de concentrar a atenção na economia", disse Biden em reunião com primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, no segundo dia de sua visita oficial a Moscou.
Por sua parte, o chefe do Governo russo destacou o aumento dos investimentos de seu país nos EUA, incluindo em setores sensíveis, como o da energia nuclear, e agradeceu às autoridades norte-americanas.
"As relações entre nossos países se desenvolvem bastante bem", assinalou Putin, citado pelas agências russas, e relatou que no ano passado as trocas comerciais russo-americanas aumentaram 29%.
O primeiro-ministro russo lembrou ainda que em 2010 Moscou e Washington assinaram e ratificaram o novo tratado de desarmamento nuclear Start.
Putin aproveitou a ocasião para tocar um dos temas de grande sensibilidade na Rússia: os vistos.
"Se a Rússia e os EUA fizessem um acordo para um regime de isenção de vistos - e antes que façamos o mesmo com a União Europeia -, seria um passo histórico no desenvolvimento das relações russo-americanos", disse.
Segundo a agência "Interfax", Biden respondeu dizendo considerar a proposta uma "boa ideia".
O chefe do Governo russo ressaltou que um passo como esse romperia "todos os velhos estereótipos entre Rússia e EUA".
Pouco antes de se reunir com Putin, o vice-presidente americano se reuniu com representantes de organizações russas de defesa dos direitos humanos.
De acordo com os participantes do encontro, nele foi ressaltado que os EUA estão interessados no desenvolvimento da democracia e na observação das liberdades políticas na Rússia.
"Ele (Biden) disse que para os EUA os direitos humanos e a democracia são extraordinariamente importantes", declarou à "Interfax" Lyudmila Alexeyeva, diretora do Grupo de Helsinque de Moscou (GHM).
Lyudmila acrescentou que os defensores dos direitos humanos afirmaram ao vice-presidente americano que eles não aspiram a chegar ao poder, mas que entendem como é importante para a Rússia que sejam realizadas eleições limpas.
"E isto se refere não só ao dia da votação, mas também à inscrição dos partidos, sua presença na televisão", disse a diretora, em alusão ao fato de que a oposição não conta com as mesmas possibilidades do que os partidos governistas.
Segundo a diretora do GHM, Biden declarou que os Estados Unidos gostariam de ver a Rússia na Organização Mundial do Comércio (OMC), "mas como um país democrático, como um Estado de direito", e que para isso é preciso fazer "determinados esforços".
"Para ingressar na OMC, primeiro deve ser revogada a emenda Jackson-Vanik (que impõe limitações ao comércio com a Rússia) e, para isso, é necessário que o Congresso americano se convença de que nós estamos em conformidade com as normas democráticas", disse.
No fim deste ano, a Rússia realizará eleições parlamentares e no final do primeiro trimestre de 2012, os russos elegerão seu próximo presidente.
Biden, que na véspera havia se reunido com o presidente Dmitri Medvedev, prosseguirá sua viagem nesta sexta-feira na Moldávia, onde se reunirá com os dirigente dessa antiga república soviética localizada entre Romênia e Ucrânia.