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Berlusconi joga últimas cartas e nega que vá renunciar

Premiê italiano nega informações de dois jornalistas, que afirmaram que ele se demitiria em poucas horas

Berlusconi: "Os rumores de minha renúncia são infundados" (Giorgio Cosulich/Getty Images)

Berlusconi: "Os rumores de minha renúncia são infundados" (Giorgio Cosulich/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2011 às 11h04.

Roma - O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, sob enorme pressão dos mercados internacionais e rebeldes em seu partido, tentou jogar suas últimas cartas nesta segunda-feira para permanecer no poder e negou notícias de que poderia renunciar em poucas horas.

Notícias de uma possível renúncia tiveram impacto imediato, impulsionando os mercados de ações e de títulos públicos, abatidos pela confusão política na Itália, que tem agravado dramaticamente a crise da dívida da zona do euro.

Mas uma negativa por Berlusconi inverteu a direção, indicando o quanto os mercados gostariam de vê-lo deixar o cargo.

Mais cedo, Giuliano Ferrara, editor do jornal Foglio e um ex-ministro visto como extremamente próximo de Berlusconi, disse em seu site: "Que Silvio Berlusconi está perto de renunciar está agora claro para todos, é uma questão de horas, alguns dizem de minutos".

Franco Bechis, editor-adjunto do jornal Libero, de centro-direita, também escreveu no Twitter que o magnata da comunicação de 75 anos de idade vai renunciar na noite desta segunda-feira ou na manhã de terça-feira.

Mas Berlusconi postou em sua página no Facebook: "Os rumores de minha renúncia são infundados".

No início desta segunda-feira, os rendimentos dos títulos de referência do governo italiano subiram a 6,67 por cento, maior nível desde 1997. Muitos analistas dizem que taxas de juros acima de 7 por cento tornariam insustentáveis os custos de financiamento da enorme dívida pública da Itália, uma das mais altas do mundo.

Berlusconi estava fazendo uma visita pessoal a Milão para um almoço com seus filhos.Já no domingo, ele prometeu permanecer no poder e negou que uma rebelião em seu partido havia lhe tirado a maioria viável.

Fontes políticas disseram que, numa reunião na noite de domingo, líderes de seu partido PDL exortaram Berlusconi a demitir-se, mas ele não fora convencido.

Ele e seus assessores mais próximos passaram o fim de semana tentando reconquistar o apoio suficiente de deputados para evitar uma derrota humilhante na terça-feira, em uma votação para confirmar um projeto de financiamento do Estado, que ele já perdeu uma vez.


"Traidores"

Além de oferecer empregos inconstantes a deputados do governo, Berlusconi está taxando os rebeldes como traidores para toda a Itália, num momento de crise e dizendo que, se ele cair, o país deve realizar eleições antecipadas, algo que muitos parlamentares da situação não querem.

Uma derrota na votação de terça-feira provavelmente levaria ou à sua demissão imediata ou a uma ordem do presidente Giorgio Napolitano para realizar uma votação de confiança.

Além disso, a oposição de centro-esquerda da Itália diz que está preparando uma moção de não confiança a Berlusconi.A oposição pode ainda abster-se da votação pendente para expor a falta de apoio a Berlusconi sem sabotar uma medida essencial.

"Berlusconi está blefando em uma última tentativa desesperada de salvar a si mesmo. Ele já não tem maioria na Câmara", disse Dario Franceschini, do principal partido da oposição democrata.

O ministro do Interior, Roberto Maroni, membro sênior e aliado de Berlusconi na coalizão Liga do Norte, disse que "as últimas notícias me levam a pensar que a maioria já não existe e que é inútil (para Berlusconi) ser obstinado." A Liga também diz que eleições antecipadas são o único caminho se o governo cair.

Berlusconi disse no domingo: "Temos verificado na últimas horas, e os números estão certos, ainda temos uma maioria."

Jornais estimaram que o número potencial de desertores está entre 20 e 40, o que seria mais que suficiente para derrubar o governo.

Berlusconi tem feito reuniões e telefonemas a rebeldes desde que ele voltou de uma humilhante cúpula do G20, na França, na sexta-feira, na qual teve de concordar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) monitorando o progresso da Itália em reformas que há muito haviam sido prometidas, mas até agora não implementadas.

A Itália tem a terceira maior economia da zona do euro e sua turbulência políticase preocupações com a dívida são vistas como uma ameaça enorme na maior crise já enfrentada pelo bloco de moeda única.

Os preços dos títulos do governo se recuperariam e os rendimentos papéis públicos cairiam em um ponto percentual se o governo caísse, de acordo com uma pesquisa da Reuters com dez gestores de fundos, analistas e estrategistas de mercado na semana passada.

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