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Berlusconi ataca juízes por usarem caso Ruby 'com fins políticos'

Primeiro-ministro italiano disse que é perseguido e avisou que não vai aceitar decisão dos juízes sobre o caso de prostituição de menor

Karima El-Mahroug, conhecida como Ruby, é o pivô do escândalo envolvendo Berlusconi (Giuseppe Cacace/AFP)

Karima El-Mahroug, conhecida como Ruby, é o pivô do escândalo envolvendo Berlusconi (Giuseppe Cacace/AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de fevereiro de 2011 às 14h46.

Roma - O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, atacou nesta quarta-feira os juízes de Milão (norte), reprovando-os por "usarem para fins políticos" o caso Ruby, após ser acusado pela promotoria daquela cidade de prostituição de menores e abuso de poder.

"Não houve comoção, nem indução à prostituição, e menos ainda de uma menor. Nada que possa me envergonhar. Trata-se de um ataque posterior e grave de promotores que pisotearam as leis com fins políticos e com grande ressonância midiática", afirmou em uma mensagem de vídeo divulgada pelos canais de televisão.

Berlusconi acusou os promotores de utilizar o caso como "instrumento de luta política" para "inverter a vontade popular", após sua chegada ao poder em 2008.

O primeiro-ministro é investigado pelo caso da jovem marroquina, conhecida como "Ruby rouba corações", que teria mantido relações sexuais com o chefe de governo quando era menor de idade.

Toda a documentação do caso chegou na segunda-feira ao Parlamento para que aprove a inspeção dos gabinetes do contador de Berlusconi.

A documentação inclui muitas escutas telefônicas e testemunhos de jovens mulheres que garantem ter participado das controversas festas, descritas como orgias e organizadas na residência particular do milionário primeiro-ministro, Villa Arcore, nos arredores de Milão.

Em sua contraofensiva midiática, Berlusconi sustenta que os promotores "violaram os princípios mais elementares da Constituição" e anunciou que não se apresentará perante estes juízes que "o perseguem injustamente" e que empregam "técnicas sofisticadas como se tratasse de ataques contra a máfia e a camorra".

No entanto, a comissão do parlamento italiano encarregada de aprovar a inspeção do escritório do contador de Berlusconi adiou para a próxima semana qualquer decisão sobre o caso.

O pedido foi apresentado pelo tribunal de Milão (norte) à Junta para as Autorizações Câmara de Deputados, que considerou necessário mais tempo para examinar as 389 páginas da documentação.

Berlusconi corre o risco de ser condenado a uma pena que vai de seis meses a três anos de prisão por violar o artigo 600 Bis do Código Penal, que paradoxalmente foi introduzido por seu governo para lutar contra a prostituição infantil e que além disso não permite reduções de pena, explicaram fontes judiciais.

Na terça-feira Berlusconi negou na terça-feira à noite que pense em renunciar e se declarou "sereno" com a agitação provocada pela investigação do chamado "Rubygate".

"Renunciar? Estão loucos", afirmou Berlusconi aos jornalistas que o esperavam na entrada da Câmara dos Deputados para uma reunião com parlamentares de seu partido e advogados.

"Estou absolutamente sereno. Estou me divertindo", declarou aos políticos presentes à reunião, antes de afirmar que tudo não passa de "uma armação midiática, de espionagem contínua".

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