Áustria é o primeiro país da União Europeia (UE) a adotar uma medida tão drástica (ALEX HALADA / Colaborador/Getty Images)
AFP
Publicado em 19 de novembro de 2021 às 09h40.
Última atualização em 19 de novembro de 2021 às 11h23.
A população da Áustria, incluindo as pessoas já vacinadas contra a covid-19, terá de respeitar um confinamento a partir da próxima segunda-feira (22), devido ao ressurgimento da pandemia no país - anunciou o chanceler conservador Alexander Schallenberg nesta sexta-feira (19).
Depois de ter instaurado, há poucos dias, o confinamento para não vacinados, a Áustria se tornará o primeiro país da União Europeia (UE) a adotar uma medida tão drástica.
Após uma reunião com as autoridades regionais, Schallenberg anunciou ainda que a vacinação contra o coronavírus será obrigatória na Áustria a partir de 1º de fevereiro de 2022.
"Temos que olhar a realidade de frente", disse o chanceler.
"Não conseguimos convencer as pessoas o suficiente para se vacinarem", afirmou, explicando que as unidades de terapia intensiva já estão passando por uma situação crítica.
"Aumentar o número de vacinados é a única maneira de sair deste círculo vicioso", justificou, explicando que esta medida será uma espécie de "passe de saída" da pandemia.
Embora um número crescente de países imponha um certificado de vacinação para alguns setores, como pessoal de saúde, poucos no mundo exigem que toda a sua população adulta seja vacinada.
É o caso de dois Estados autoritários da Ásia Central, Tadjiquistão e Turcomenistão, e no Vaticano.
O território francês da Nova Caledônia, no Pacífico, que tem autonomia significativa, também decidiu tornar a vacinação obrigatória a partir do final de dezembro.
Vários países europeus registram um aumento preocupante nos casos de coronavírus e decidiram endurecer as restrições nos últimos dias. É o caso de Suécia, Alemanha e Grécia.
Desde segunda-feira (15), na Áustria, as pessoas não vacinadas não podem sair de casa, exceto para fazer compras, praticar esportes e receber atendimento médico.
Segundo o chanceler, a decisão "não foi fácil" e será reavaliada em dez dias.
Schallenberg admitiu que "muito" está sendo pedido às pessoas vacinadas porque "muitas pessoas não mostram solidariedade".
Dos 8,9 milhões de habitantes do país, 66% estão totalmente vacinados, um percentual ligeiramente inferior à média europeia, apesar de o país ter adotado o passaporte sanitário na primavera boreal (outono no Brasil).
Por enquanto, as escolas permanecerão abertas, mas os pais são incentivados a deixar seus filhos em casa se puderem e são incentivados a trabalhar à distância.
As recentes medidas adotadas pelo governo já tiveram um efeito positivo, com o aumento do número de pessoas que solicitaram marcação para serem vacinadas.
Ainda assim, o número de casos de covid-19 continua crescendo, com 15.000 novas infecções nas últimas 24 horas.
"Temos muitas forças políticas neste país que se opõem veementemente" à vacinação, criticou o chanceler, denunciando um "ataque ao sistema de saúde austríaco".
No sábado, o partido de extrema direita FPÖ convocou uma manifestação em Viena. Seu líder, um convicto militante antivacinas, testou positivo para o coronavírus e não poderá participar.
"A Áustria agora é uma ditadura", disse Herbert Kickl nesta sexta-feira sobre as novas medidas anunciadas pelo governo.