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As 3 boas notícias sobre o combate ao coronavírus no mundo

Número de mortes despencou em países populosos que conseguiram ampliar a vacinação, como EUA e Reino Unido. Avanço mostra uma luz no fim do túnel para a retomada da normalidade

Aeroporto em Londres: após pico por nova variante do coronavírus, número de vítimas tem caído no país (Leon Neal/Getty Images)

Aeroporto em Londres: após pico por nova variante do coronavírus, número de vítimas tem caído no país (Leon Neal/Getty Images)

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Carolina Riveira

Publicado em 14 de março de 2021 às 08h00.

Última atualização em 16 de março de 2021 às 13h19.

Pouco mais de um ano depois de o coronavírus ter efetivamente se espalhado para todas as regiões do globo, o mundo começa a ver avanços contundentes no trabalho de contenção do vírus.

As últimas semanas têm sido marcadas por algumas boas notícias no exterior — embora não necessariamente no Brasil. O avanço da vacinação em uma série de países, somada a quarentenas bem aplicadas e estratégicas em alguns, têm levado a quedas drásticas no número de novos casos e mortes de covid-19 globalmente.

Queda nas mortes

Na somatória de todos os países, a média móvel de mortes em sete dias caiu mais de 40% desde meados de janeiro (que foi o pior pico desde o começo da pandemia). O número de novos casos também caiu na mesma proporção no período.

Desde 31 de janeiro, a média móvel de mortes não teve um único dia que não fosse de queda. Na média móvel, são cerca de 8.500 mortes por dia atualmente, ante mais de 14.000 em meados de janeiro, segundo contagem da Universidade Johns Hopkins junto a órgãos oficiais e tabulada pelo Our World in Data, da Universidade de Oxford.

Média móvel de mortes por covid-19: número de vítimas têm caído no mundo, embora ainda esteja maior do que em novembro (Our World In Data/Adaptado/Reprodução)

No geral, boa parte da queda é puxada por regiões que estão conseguindo avançar na vacinação ou que já estavam lidando bem com a pandemia. Outra frente importante foram medidas de contenção, como quarentenas implementadas sobretudo diante da preocupação com as novas variantes do coronavírus, como as encontradas no Reino Unido, na África do Sul e no Brasil.

Conta ainda a maior compreensão da ciência sobre as formas de contágio do vírus: os EUA e a União Europeia, por exemplo, passaram a recomendar o uso de máscara dupla (cirúrgica mais de pano) ou PFF2 (N95 no padrão americano) em meio à força das novas variantes. Com o avanço no entendimento sobre vírus, há mais certeza atualmente de que o coronavírus se transmite pelo ar, muito mais do que por superfícies, o que ajuda a analisar as medidas de contenção prioritárias.

Variação de mortes por covid-19 em duas semanas: mortes por covid-19 no Brasil subiram quase 50%, mas vários países do mundo têm tido queda nas vítimas (Our World In Data/Adaptado/Reprodução)

Apesar disso, o patamar não é ainda ideal: o mundo está pior do que estava, por exemplo, em outubro passado, devido sobretudo à rapidez de disseminação das novas variantes. Além disso, a vacinação é desigual entre as diferentes regiões.

Assim, o número global de queda nas mortes esconde as histórias individuais de cada país, mas não deixa de ser um bom horizonte. A tendência é que o número de novas mortes e novos casos siga caindo com o avanço da imunização.

O efeito das vacinas

Embora seja mais emblemático o caso de Israel (que chegou a 57% da população de 9 milhões de habitantes vacinada com ao menos uma dose), países mais populosos e menos organizados também já começam a colher bons resultados após a imunização dos idosos.

Estados Unidos e Reino Unido têm se destacado como os exemplos mais promissores dentre os países com mais habitantes. Em ambos, o número de novas mortes despencou com a massificação das vacinas.

(Our World In Data/Adaptado/Reprodução)

(Our World In Data/Adaptado/Reprodução)

Pelo tamanho da população, os EUA são um dos casos emblemáticos. A meta do presidente Joe Biden era ter 100 milhões de doses aplicadas em seus primeiros 100 dias de mandato, que conclui em meados de abril, mas o número já foi superado.

Com 330 milhões de pessoas, os EUA aplicaram 105 milhões de doses, o país que mais vacinou em termos absolutos, e chegou a 32 doses a cada 100 habitantes.

Na última sexta-feira, 12, foram 2,9 milhões de vacinas aplicadas em um dia, um recorde. Dentre as pessoas com mais de 65 anos — onde estão mais de 80% das vítimas da covid-19 — mais de 61% recebeu ao menos uma dose nos EUA.

Já o Reino Unido, com cerca de 67 milhões de habitantes, aplicou 25 milhões de doses, 38 a cada 100 habitantes. Ao menos 35% da população foi vacinada com a primeira dose.

O Reino Unido vem de um lockdown rigoroso, implementado diante de um pico da doença desde o fim do ano passado com a descoberta da variante B117. Nas últimas semanas, o país tem saído gradualmente das restrições, e a expectativa é de reabertura total em 21 junho, segundo o plano do governo.

Na América do Sul, o grande exemplo de vacinação é o Chile, que chegou a 34 doses a cada 100 habitantes, um dos dez melhores índices do mundo.

Recuperação da economia com controle do vírus

Os números mais animadores têm impactos importantes na economia e nas expectativas de consumidores, governos e investidores. "Na comparação com o pico de maio, a incerteza já mostra recuo de 66%", escreve a Exame Invest Pro em relatório a clientes sobre os EUA, com base nos dados do Fed, banco central americano.

O consumo americano já começa a se aproximar dos níveis pré-pandemia, estando somente 1,6% menor no fim de fevereiro em relação a janeiro de 2020, segundo o Economic Tracker, ferramenta das universidades Harvard e Brown.

O gasto das famílias deve ser impactado também pelo pacote de 1,9 trilhão de dólares do governo, sancionado nesta semana pelo presidente Joe Biden. Os primeiros pagamentos, de 1.400 dólares a americanos de renda baixa e média (em parcela única), começaram a chegar aos beneficiários neste fim de semana. O pacote inclui ainda incentivo a empresas, sistemas de saúde e outras frentes.

Mesmo os países com vacinação adiantada estão longe de chegar efetivamente ao patamar econômico pré-pandemia. Nos EUA, o consumo em setores como restaurantes e serviços, os que mais empregam, ainda estão 20% abaixo do que um dia foram. Os números de empregabilidade, que já voltaram ao normal para as fatias maiores de renda, ainda estão cerca de 20% abaixo para os mais pobres em relação a janeiro de 2020, segundo o Economic Tracker, e minorias têm sido desproporcionalmente impactadas.

Mas a grande expectativa é que, com este ritmo de contenção do coronavírus evoluindo, a esperada "vida normal" possa voltar em vários países a partir do segundo semestre. Em pronunciamento nesta semana, Biden foi ainda mais ambicioso: apostou que os americanos já poderão comemorar em grupo o 4 de julho, tradicional feriado da independência no país.

O Brasil como "exceção"

O Brasil, infelizmente, tem tomado o caminho contrário das boas notícias recentes. Desde meados de janeiro, a média móvel de mortes diária subiu mais de 50%.

Com a média móvel de mortes passando de 1.700 há duas semanas (e chegando a mais de 1.800 neste sábado ,13), o Brasil tem respondido por quase uma a cada cinco mortes diárias globalmente, cerca de 20%, embora responda por somente 3% da população.

(Our World In Data/Adaptado/Reprodução)

Apesar do potencial do SUS para realizar vacinações em massa, a imunização por aqui ainda atinge, por ora, cerca de 4% da população. Com a falta de vacinas, a fila só andou até idosos acima de 75 ou 80 anos.

Segundo dados da startup In Loco analisados pela Exame Invest Pro, o índice isolamento social caiu no Brasil desde o começo do ano, chegando a menos de 40% nas últimas semanas - mesmo em meio às notícias preocupantes da pandemia, com colapso do sistema de saúde em quase todos os estados.

Enquanto a vacinação não vem para todos, velhas estratégias como conscientização ampla da população, discurso unificado de autoridades, quarentenas estratégicas e acompanhamento dos casos positivos continuam sendo necessárias. O Brasil tem feito pouco todas elas, segundo a Organização Mundial da Saúde, que pediu nesta semana medidas "sérias" no combate à doença, afirmando que o cenário brasileiro pode prejudicar países vizinhos.

Além das necessárias preocupações com a saúde, economistas têm cada vez mais pontuado também que o controle da pandemia e a vacinação são cruciais para a retomada da economia e geração de empregos neste ano. Nesse ritmo de aumento do número de casos e mortes e vacinação ainda lenta, o Brasil pode ficar para trás também na recuperação econômica.

 

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