Mundo

Armênia recorda genocídio um dia após renúncia do premiê

A população e autoridades da Armênia relembram o massacre cometido entre 1915 e 1917

Armênia: Hoje atravessamos outra etapa difícil da nossa história, disse o primeiro ministro interino (Gleb Garanich/Reuters)

Armênia: Hoje atravessamos outra etapa difícil da nossa história, disse o primeiro ministro interino (Gleb Garanich/Reuters)

A

AFP

Publicado em 24 de abril de 2018 às 11h25.

As autoridades armênias celebraram a unidade do país nesta terça-feira, relembrando, como acontece a cada 24 de abril, o genocídio armênio, um dia depois da inesperada renúncia do primeiro-ministro Serzh Sarkisian, após 11 dias de protestos.

O presidente do país, Armen Sarkisian (que não tem vínculos de parentesco com o antecessor), o primeiro-ministro interino, Karen Karapetian, e as autoridades religiosas do país compareceram ao memorial de Erevan dedicado às vítimas dos massacres cometidos entre 1915 e 1917 sob o Império Otomano.

Nikol Pachinian, o deputado de oposição que liderou durante 11 dias os protestos contra Serzh Sarkisian, irá ao local à tarde.

A capital amanheceu tranquila, com a maioria dos habitantes preparando-se para celebrar esta importante data na história do país, após uma noite de comemorações por conta da saída do ex-presidente e agora ex-premiê.

"Hoje, atravessamos outra etapa difícil da nossa história", disse Karen Karapetian em um comunicado, ao recordar a tragédia sofrida pelos armênios no início do século XX.

"Hoje, mostramos ao mundo que, apesar das dificuldades e dos nossos problemas internos sem resolver, permanecemos juntos e unidos", acrescentou o primeiro-ministro interino.

Na segunda à noite, Nikol Pachinian afirmou que começaria a negociar com Karen Karapetian, em uma reunião prevista para quarta-feira, após o feriado de hoje.

"Nossa 'revolução de veludo' ganhou, mas é apenas um primeiro passo. Nossa revolução não pode parar no meio do caminho, e espero que continuem até a vitória final", disse o opositor a seus partidários reunidos na praça da República, no centro de Erevan.

Voto no Parlamento

A batalha política ainda não terminou, porém.

Dominado pelo Partido Republicano da Armênia, de Serzh Sarkisian (com 65 das 105 cadeiras), o Parlamento armênio deve votar para eleger o novo primeiro-ministro em um prazo de sete dias.

Interino no cargo, Karen Karapetian é ex-primeiro-ministro e próximo de Serzh Sarkisian, de quem foi vice-premiê até sua renúncia. Também é membro do Partido Republicano da Armênia, no poder sem interrupção há quase 20 anos.

"Podemos nos unir nos momentos críticos, negociar e buscar soluções", declarou Karen Karapetian.

Serzh Sarkisian anunciou sua saída ontem, horas depois da liberação de Nikol Pachinian, detido na véspera durante uma manifestação. Uma vez livre, ele voltou imediatamente para as ruas de Erevan, declarando "Todos já sabem que ganhamos!".

"Deixo o cargo de dirigente do país", disse Sarkisian em um breve comunicado.

"Nikol Pachinian tinha razão. E eu me enganei", acrescentou Sarkisian, que havia sido nomeado premiê pelos deputados na semana passada, após ser presidente por dez anos.

A Constituição armênia proíbe que o presidente exerça mais de dois mandatos, mas Sarkisian mandou votar em 2015 uma polêmica reforma para dar a maior parte dos poderes ao premiê. A oposição condenou a reforma, temendo que Sarkisian se aproveitasse dela para continuar à frente do país. Seu sucessor na Presidência ficou apenas com poderes honorários.

Além das manobras de Serzh Sarkisian para se manter no poder, os manifestantes criticavam esse ex-militar de 63 anos por não ter feito nada para reduzir a pobreza e a corrupção no país, onde os oligarcas continuam controlando a economia.

Acompanhe tudo sobre:ArmêniaGenocídio

Mais de Mundo

Qual visto é necessário para trabalhar nos EUA? Saiba como emitir

Talibã proíbe livros 'não islâmicos' em bibliotecas e livrarias do Afeganistão

China e Brasil fortalecem parceria estratégica e destacam compromisso com futuro compartilhado

Matt Gaetz desiste de indicação para ser secretário de Justiça de Donald Trump