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Armas químicas são polêmica na Síria

Moscou, aliado de longa data de Damasco, reconheceu implicitamente a existência dessas armas, afirmando que elas estavam "sob estrito controle"

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 7 de dezembro de 2012 às 16h34.

Damasco - O Exército sírio enviou nesta sexta-feira reforços para a periferia da capital, onde os rebeldes temem uma grande ofensiva, no momento em que a oposição pede que o mundo interfira antes que ocorra uma "catástrofe", com o uso de armas químicas por Damasco.

Moscou, aliado de longa data de Damasco, reconheceu implicitamente a existência dessas armas, afirmando que elas estavam "sob estrito controle", enquanto o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, advertiu o regime sírio de Bashar al-Assad que o uso de armas químicas contra a população ou contra os rebeldes seria um "crime escandaloso".

A comunidade internacional tem intensificado nos últimos dias os alertas a Damasco. Na quarta-feira, "autoridades" do regime sírio informaram à rede de televisão NBC que o Exército "está carregando bombas com gás sarin para lançá-las contra os opositores", já a Síria assegura que nunca utilizaria armas químicas contra seu povo.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pediu uma ação consensual de "todos os países que têm influência na Síria", no dia seguinte a uma reunião em Dublin com seu colega russo Serguei Lavrov e o emissário internacional Lakhar Brahimi, que não rendeu avanços.

Brahimi reconheceu que "nenhuma decisão" foi tomada durante este encontro com Hillary, que exigiu a saída de Assad, e Lavrov. As partes apenas concordaram que a "situação é ruim".

Diante do impasse diplomático, George Sabra, chefe do Conselho Nacional Sírio (CNS), principal formação da Coalizão Opositora, exigiu "atos e não só palavras", principalmente em relação às armas químicas que ameaçam "a segurança mundial".

Ban Ki-moon, que visitou um campo de refugiados sírios na Jordânia nesta sexta-feira, pediu à comunidade internacional, em particular os países da região, mais ajuda humanitária para estas "pessoas que estão sofrendo e morrendo".


Ele deve se reunir com o presidente turco, Abdullah Gül, e com o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan.

É na Turquia, país que apoia os rebeldes sírios, que serão posicionados baterias anti-mísseis Patriot ao longo da fronteira com a Síria. A Holanda decidiu nesta sexta enviar "a curto prazo" para a Turquia duas baterias Patriot acompanhadas de no máximo 360 soldados para operá-las, indicou a agência de notícias holandesa ANP.

No terreno, a periferia de Damasco é o centro dos combates. O regime quer reconquistar uma área de 8 km nos arredores da capital, para que permaneça em posição de negociar uma saída para o conflito, segundo os especialistas.

O Exército poderia avançar em sua ofensiva, enviando suas tropas e blindados terrestres aos subúrbios de Damasco, que ele tem bombardeado com sua artilharia e aviões incansavelmente há vários dias.

Em Damasco, os bairros do sul foram bombardeados pelo Exército, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Como toda sexta-feira, milhares de sírios manifestaram, desta vez sob o lema "Não às forças de paz na Síria", uma ideia sugerida por Brahimi e que privaria os rebeldes da vitória, disseram.

"Isso não seria forças de paz, mas sim forças para manter o regime", indicava um cartaz em Al-Hula, no centro do país.

"A implantação das forças de paz significaria a divisão da Síria, entre áreas pró e anti-regime", disse à AFP Chaker Omar, um militante anti-regime. "O Exército Sírio Livre (ESL, rebeldes) avança rapidamente em direção a Damasco. Caso forças de paz forem implantadas, o regime permanecerá no poder".

Nesta sexta, 24 pessoas foram mortas na Síria, metade em Damasco e seus arredores, de acordo com o OSDH.

Mais de 42.000 pessoas, em sua maioria civis, foram mortas em meio à violência na Síria desde março de 2011, segundo esta ONG que se baseia em uma extensa rede de militantes e médicos.

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