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Após escândalos, China substitui diretor da Cidade Proibida

A polêmica aconteceu há um ano, quando nove objetos do museu foram roubados, colocando dúvidas sobre a segurança do local, proclamado como "impenetrável"

A Cidade Proibida foi durante meio milênio o centro político e cultural da China e, atualmente, é um dos grandes pontos turísticos de Pequim (Paulo Juntas/Wikimedia Commons)

A Cidade Proibida foi durante meio milênio o centro político e cultural da China e, atualmente, é um dos grandes pontos turísticos de Pequim (Paulo Juntas/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2012 às 10h58.

Pequim - Após um ano de escândalos envolvendo o antigo Palácio Imperial, um dos bens do Patrimônio Mundial da Unesco, o museu da Cidade Proibida de Pequim, o mais importante da China, apresentou nesta quinta-feira seu novo diretor.

Segundo o museu, Zheng Xinmiao, que dirigia o museu desde 2002, será substituído por Shan Jixiang, de 57 anos, ex-diretor da Administração Estatal de Patrimônio Cultural.

Zheng, de 64 anos, deveria seguir à frente do palácio-museu até o mês de outubro, data em que já poderia alcançar sua aposentadoria. No entanto, devido aos problemas da instituição em 2011, a aposentadoria do diretor acabou sendo antecipada.

Tudo começou no dia 9 de maio de 2011, quando aconteceu o roubo de nove objetos do museu (caixas de ouro e prata cobertas de pedras preciosas), colocando dúvidas sobre a segurança do local. Este foi o primeiro roubo sofrido pelo antigo Palácio Imperial em 24 anos, um tempo durante o qual os responsáveis do museu afirmavam que o lugar era impenetrável, um 'bunker'.

Ja no mês de agosto, um investigador quebrou acidentalmente uma peça de porcelana de mil anos de antiguidade da coleção do museu. Ao esmiuçar este caso, as autoridades descobriram que mais quatro objetos também já haviam sido quebrados de maneira similar e, posteriormente, ocultados.

Por causa destes casos, as críticas ao museu começaram a se tornar algo constante e em assuntos alheios às coleções. A denúncia da existência de um secreto 'clube dos milionários' dentro do museu, por exemplo, também não agradou em nada, já que o lugar é tido como um lugar quase sagrado.

A imprensa governista chegou a assegurar que todas estes críticas 'colocavam em perigo todo o prestígio e a história da China'. Isso porque, o museu quer ganhar fama para alcançar seu grande sonho: conseguir que a coleção de arte dos imperadores chineses retorne à Cidade Proibida, após 60 anos de exílio em Taiwan.

A coleção, de mais de 677 mil objetos e seguramente a maior e mais valiosa do mundo no que a arte se refere, foi transferida a Taiwan em 1948 pelo então Governo chinês do Partido Nacionalista Kuomintang. A ideia era protegê-la da guerra civil com o Partido Comunista de Mao Tsé-tung.

Após a vitória deste, a coleção se ficou em Taipé e, por isso, que atualmente existem duas instituições com o nome de 'Museu do Palácio', uma na capital taiuanesa e outra em Pequim, um reflexo do peculiar conflito em ambos os lados do Estreito de Formosa.

Apesar dos escândalos de 2011, os dois museus mantiveram contatos o ano passado e, inclusive, chegaram a trocar objetos para mostras temporárias. Porém, o objetivo de unificação segue afastado, já que o museu do lado norte da Praça de Praça da Paz Celestial segue demonstrando que não está preparado para garantir sua segurança.

A Cidade Proibida, que serviu de residência aos imperadores das dinastias Ming (1368-1644) e Qing (1644-1911), foi durante meio milênio o centro político e cultural da China. Após passar por guerras civis e pela Revolução Cultural no século XX, o museu-palácio se transformou em um dos lugares mais turísticos de Pequim. 

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