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Apesar das diferenças, EUA procuram maior cooperação com Brasil

Encontro vai reforçar a crescente cooperação bilateral em comércio, energia e educação, apesar das divergências entre países sobre o Irã e Cuba como pano de fundo

Barack Obama, presidente dos EUA: com dívida atual, governo "funciona" até 2 de agosto (Chip Somodevilla/Getty Images)

Barack Obama, presidente dos EUA: com dívida atual, governo "funciona" até 2 de agosto (Chip Somodevilla/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 8 de abril de 2012 às 13h51.

Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, receberá nesta segunda-feira na Casa Branca a sua colega do Brasil, Dilma Rousseff, para reforçar a crescente cooperação bilateral em comércio, energia e educação, apesar das divergências entre ambos sobre o Irã e Cuba como pano de fundo.

Obama, que esteve no Brasil em março de 2011, e Dilma, que chegará neste domingo a Washington em sua primeira visita oficial aos EUA como presidente, falarão sobre como seguir trabalhando 'para ampliar os vínculos comerciais, econômicos, em educação e inovação entre os dois países', adiantou a Casa Branca.

Os presidentes vão aproveitar o encontro para analisar os progressos nos diálogos sobre energia, economia e finanças abertos no ano passado na visita de Obama ao Brasil.

Durante décadas, os EUA foram o maior parceiro comercial do Brasil, atualmente a sexta economia do mundo, mas agora é a China o principal destino das exportações brasileiras.

É esse o ponto que leva tanto Obama quanto Dilma a perseguirem a reativação do comércio bilateral. Aos Estados Unidos, em especial, têm interesse em beneficiar-se do potencial energético do Brasil, em um momento em que o aumento do preço da gasolina preocupa os cidadãos americanos.

Além do caráter econômico da visita de Dilma, sua presença em Washington pode ser uma oportunidade para que Obama peça ao Brasil 'apoio as sanções mais profundas contra o Irã' por seu programa nuclear, de acordo com relatório do independente Centro de Estudos Estratégicos Internacionais (CSIS).

Obama acredita que as sanções impostas pelos EUA e a União Europeia (UE) ao Irã por seu programa nuclear estão funcionando, enquanto, com posição contrária, Dilma questionou recentemente a eficácia.

O outro ponto de divergência entre Obama e Dilma é a participação de Cuba na Cúpula das Américas, à qual os dois líderes assistirão no próximo fim de semana em Cartagena de Indias, na Colômbia.

Fontes oficiais brasileiras disseram à Efe que Dilma deixará claro a Obama sua 'convicção', compartilhada pela maior parte dos países latino-americanos, de que a de Cartagena deve ser 'a última' cúpula americana 'sem Cuba'.

Obama terá de lidar em Cartagena com o debate sobre a presença de Cuba nas próximas Cúpulas das Américas, depois de não se conseguir chegar a um consenso sobre fazer o convite ao país sob o comando dos irmãos Castro, Raul e anteriormente Fidel.

O único Governo que manifestou abertamente rejeição a convidar Cuba a Cartagena foi os Estados Unidos, que consideram que esse país caribenho não cumpre com o requisito democrático que os participantes das Cúpulas das Américas estabeleceram em 2001.

Também em Cartagena deverá ser debatido a luta antinarcóticos no continente, são muitos os países que defendem a mudança de estratégia e a proposta da Guatemala favorável a legalização das drogas aparece como solução.

Nesse debate têm papéis cruciais tanto os EUA quanto o Brasil, que são os dois maiores consumidores de cocaína no continente, como lembrou nesta semana Paulo Sotero, do Centro de Estudos Woodrow Wilson, em um fórum organizado sobre o Diálogo Interamericano em Washington.

Os Estados Unidos 'necessitam de uma relação especial' com o Brasil e Dilma, mais pragmática em muitos aspectos do que seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, quer 'fatos' nesta visita aos EUA, sobretudo quanto à colaboração em educação, explicou nesse mesmo fórum João Augusto de Castro Neves, especialista em América Latina.

A visita de Obama ao Brasil em 2011 contribuiu para criar 'um novo ambiente' para que agora ambos possam consolidar uma relação bilateral 'que sempre foi forte', apontou Sotero.

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