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Amigos da Síria pedem unidade à oposição

O quarto encontro ministerial do grupo chamou atenção para a crise humanitária no país


	Hillary Clinton cumprimenta François Hollande antes de reunião de Amigos da Síria
 (Ian Langsdon/AFP)

Hillary Clinton cumprimenta François Hollande antes de reunião de Amigos da Síria (Ian Langsdon/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de setembro de 2012 às 20h14.

Nova York - O grupo Amigos da Síria pediu nesta sexta-feira a união da oposição do país com a ajuda de novos fundos dos Estados Unidos, enquanto a Liga Árabe solicitou ''medidas concretas'' de uma comunidade internacional que nesta semana mostrou novamente suas divisões sobre o assunto na ONU.

O quarto encontro ministerial dos Amigos da Síria, um grupo impulsionado pelos EUA como alternativa à paralisia no Conselho de Segurança da ONU, chamou atenção para a crise humanitária no país e não tanto para os esforços de mediação que até agora resultaram infrutíferos.

Perante 20 chanceleres, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, anunciou US$ 30 milhões a mais em ajuda humanitária, o que eleva para US$ 132 milhões a assistência para ''alimentos, água e serviços médicos'' que seu governo outorgou à Síria desde que começou o conflito há 18 meses.

Também anunciou US$ 15 milhões em assistência à oposição política não-armada que atua dentro e fora do país, com o que o total aprovado pelos EUA até agora totaliza quase US$ 45 milhões.

Os novos fundos incluem formação e equipamentos de comunicações para que os ativistas políticos aprendam a tramitar os recursos no país e encher os ''vazios'' organizativos que vão ficando ''à medida que o regime sírio perde poder'', segundo fontes diplomáticas americanas.

Hillary urgiu o resto da comunidade internacional a contribuir ao pedido de fundos para ajuda humanitária da ONU, que aumentou no início deste mês a US$ 347 milhões e que está ''deploravelmente pouco coberta'', lamentou.

A chefe da diplomacia americana aumentou, além disso, os alarmes sobre o Irã, ao advertir que, ''na semana passada, um alto funcionário iraniano reconheceu publicamente que membros da Guarda Revolucionária iraniana estão operando dentro da Síria''.


''Já não há dúvidas que Teerã fará o que for necessário para proteger seu representante e colega em Damasco, e que fará tudo o que puder para evitar as sanções internacionais'', alertou.

Da reunião participou pela primeira vez o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Arabi, que pediu ''medidas práticas'' sobre a base do plano criado na reunião de junho do grupo de contato de Genebra, que prevê um governo interino formado por membros do atual regime e da oposição.

''Se verdadeiramente somos amigos do povo sírio, daremos passos para salvar toda a região de uma guerra civil expansiva e de perdas humanas em proporções maciças'', declarou Al Arabi.

Também expressou seu apoio ao plano de Genebra o ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, que lembrou que Londres acaba de anunciar outros US$ 12 milhões de ajuda humanitária à Síria.

''O povo sírio já perdeu vidas demais, é muito sangue e sofrimento. Corresponde a nós não deixar que também percam toda esperança'', comentou Hague ao término da reunião.

Entre os participantes esteve também o ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel García-Margallo, que pouco antes considerou ''óbvio'' que a comunidade internacional ''não avançou nesta Assembleia das Nações Unidas'' rumo a uma solução ao conflito sírio.


Em entrevista coletiva, García-Margallo indicou que ''isso não é satisfatório do ponto de vista da comunidade internacional quando os fatos são tão graves''.

Como já antecipou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, não se esperavam avanços nesta sessão de debates da Assembleia, apesar da crise síria ter estado presente nos discursos de quase todos os líderes presentes.

Além disso, a questão centrou na quarta-feira uma sessão do Conselho de Segurança da ONU que evidenciou as persistentes divisões nesse órgão, e voltará a ganhar importância na segunda-feira, quando discursará na Assembleia Geral o ministro das Relações Exteriores sírio, Walid Muallem.

Na reunião de hoje participaram nove opositores sírios, entre eles o líder do Conselho Nacional Sírio (CSN), Abdulbaset Sida; representantes da ONU e da União Europeia (UE) e, pela primeira vez, do Iraque, um vizinho da Síria a quem os EUA pedem um papel mais ativo na mediação.

Compareceram, além disso, representantes de França, Alemanha, Itália, Egito, Canadá, República Tcheca, Japão, Jordânia, Kuwait, Catar, Arábia Saudita, Tunísia, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Marrocos, país que anunciou que receberá a próxima reunião dos Amigos da Síria no próximo dia 1º de novembro.

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