EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2012 às 17h41.
Túnis - Os países participantes da reunião de 'Amigos da Síria', realizada nesta sexta-feira na Tunísia, concordaram com uma 'forte condenação' ao regime sírio, mas não acordaram nenhuma medida concreta para deter a violência ou impor um corredor humanitário.
No documento final, os participantes, entre os quais se encontravam os chefes da diplomacia de vários países ocidentais e árabes, com a ausência destacada da Rússia e da China, pediram apoio à Liga Árabe, a uma transição política, à prestação de contas do regime sírio, à oposição e ressaltaram a necessidade de enviar ajuda humanitária ao país.
No entanto, ficaram de fora várias propostas como a da Tunísia de pedir a Moscou a promoção de uma saída negociada de Bashar al Assad, um roteiro apresentado pelo Conselho Nacional Sírio (CNS), principal grupo opositor, ou a ajuda militar pedida pelo Exército Livre.
Aconteceram diferenças entre alguns dos participantes, como ficou claro com o abandono do ministro de Relações Exteriores saudita da reunião após criticar a ausência de medidas concretas, mas isto não impediu que fosse pactuada uma postura comum.
De fato, vários participantes, como os Estados Unidos, Tunísia e Espanha concordaram que o fato de poder pactuar um texto comum nesta primeira reunião, entre os mais de 60 participantes e em tão pouco tempo, foi um êxito.
Fontes do CNS mostraram à Agência Efe sua satisfação pela decisão dos reunidos de reconhecer esta plataforma opositora como 'um interlocutor legítimo do povo sírio', uma das aspirações deste grupo.
No entanto, no comunicado foi pedido ao CNS que se abra a outros atores e sensibilidades da sociedade síria.
Neste sentido, a nota final pede a realização de uma reunião em torno do CNS para materializar uma 'ferramenta de coordenação que represente todas as partes para combinar o trabalho comum'.
'É muito importante que nos próximos dias sejam incluídos representantes de todos os grupos e minorias religiosas' no CNS, tanto de dentro como de fora do país para que se possa desenvolver uma 'genuína transição política', disse a secretária de Estado americana , Hillary Cinton, após a reunião.
Na reunião também foi acordado repetir o encontro em março na Turquia, embora não tenha sido marcada nenhuma data concreta.
A realização desta reunião é uma consequência do recente bloqueio da Rússia e da China a uma condenação do Conselho de Segurança das Nações Unidas ao regime do presidente Bashar al Assad.
Em entrevista coletiva realizada após a reunião, Clinton criticou a Rússia e a China, que se negam que Assad abandone o poder, por seu bloqueio no Conselho de Segurança.
A secretária americana, que classificou a postura dos dois países como 'insustentável' e 'contrária à história', disse que Moscou e Pequim 'estão contra as aspirações do mundo árabe'.
'Estão basicamente dizendo, nós não estamos de acordo que tenha direito a ter eleições', ressaltou antes de concluir que Rússia e China 'não estão do lado do povo sírio'.
Neste sentido, Clinton, que apostou por mudar a postura de Moscou e Pequim, os dois grandes ausentes, insistiu que voltará 'várias vezes' ao Conselho de Segurança.
Desde o começo da rebelião síria, em março, mais de 5 mil pessoas morreram segundo a ONU (mais de 8.500 segundo a oposição), devido à repressão do Exército, que nas últimas semanas concentrou seus ataques contra a cidade de Homs.
A nota final também exigiu, 'especialmente do governo sírio', 'o fim total da violência e a proteção dos cidadãos', a libertação de todos os detidos e a retirada das forças militares das cidades e dos povoados.
Os participantes da reunião exigiram que fosse garantido o direito das manifestações pacíficas e do trabalho dos meios de informação.
No entanto, os 'Amigos da Síria' se limitaram a 'registrar' o pedido da Liga Árabe de formar uma força conjunta árabe-ONU que seria desdobrada após o fim da violência.
Quanto à transição política, o comunicado lido pelo ministro de Relações Exteriores tunisiano, Rafik Abdelsalem, mostrou seu apoio ao plano da Liga Árabe, que inclui o abandono do poder de Bashar al Assad, um ponto que não é compartilhado com Rússia e China. EFE