Exame Logo

Ameaça nuclear de Putin deve ser levada terrivelmente a sério, diz Bremmer

Analista político diz esperar que os Estados Unidos não respondam na mesma moeda, enquanto Ucrânia concorda em negociar

Bomba nuclear (Three Lions/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de fevereiro de 2022 às 12h16.

Última atualização em 27 de fevereiro de 2022 às 12h17.

O analista de risco político Ian Bremmer, presidente da consultoria Eurasia, tem sido um dos mais vocais em alertar para o tamanho do risco de a invasão da Ucrânia levar a um cenário de consequências mais graves. Neste domingo, Bremmer, baseado em Nova York, afirmou no Twitter que a determinação de Vladimir Putin de deixar as armas nucleares de prontidão é uma "insanidade", mas deve ser levada "terrivelmente a sério".

Mais cedo, Putin havia afirmado que os países ocidentais não só tomaram medidas "hostis" na esfera econômica, como fizeram "declarações agressivas" contra a Rússia. Por esse motivo, ele ordenou ao ministro da Defesa e ao chefe do Estado-Maior que coloquem as forças nucleares em regime especial de alerta.

Veja também

"A economia de Putin está prestes a implodir", escreveu Bremmer em sua conta no Twitter. "Sua posição geoestratégica é pior que em qualquer ponto de sua presidência. É culpa de Putin, mas uma admissão de fracasso é inconcebível, e um recuo improvável. Essa semana será incrivelmente perigosa e não só para a Ucrânia".

Bremmer afirmou esperar que os Estados Unidos não respondam à mesma altura, elevando o alerta sobre suas próprias instalações nucleares. No passado, presidentes americanos que ameaçaram recorrer a uma solução nuclear, como Nixon ou Trump, foram dissuadidos por oficiais de segurança. "Isso é possível na Rússia? Não temos ideia", diz.

O Instituto Internacional da Paz de Estocolmo estima que a Rússia tenha 6 mil ogivas nucleares. Uma guerra nuclear entre Rússia e Estados Unidos tem potencial para destruir o mundo 11 vezes. Os dois países têm capacidade de usar ferramentas de cybersegurança para monitorar a preparação nuclear de seus adversários.

Segundo o analista, Putin não esperava a extensão das medidas anunciadas por Europa e Estados Unidos. Neste sábado, houve um consenso em retirar a Rússia do sistema Swift, de transações internacionais, um duro golpe à economia e aos oligarcas russos. Nos últimos dias, países da Otan, a organização militar do ocidente, anunciaram o envio de armas à Ucrânia, num movimento que deve continuar pelos próximos dias.

Apesar das negociações iminentes anunciadas neste domingo, Bremmer analisa que uma negociação faz pouco sentido para Putin. A não ser que ele negocie para criar uma cortina de fumaça à tomada da Ucrânia. "O presidente Putin disse que não haverá uma ocupação. Claro, ele também disse nas últimas semanas que não tinha intenção de invadir. Ele mentiu então, e está mentindo agora. Não há propósito para a diplomacia, ao menos neste ponto, entre Estados Unidos, Europa e Rússia", afirmou Bremmer em um vídeo no Twitter.

A determinação de barrar a Rússia do Swift pode trazer consequências de mão dupla nos próximos dias, segundo Bremmer. Forçará Rússia e China a desenvolver seu próprio sistema de transações financeiras, e obrigará os oligarcas a trazer seu dinheiro de volta para a Rússia. Eles podem não ficar felizes com isso, mas pode beneficiar Putin. "São as miores snações já tomadas desde o colapso da União Soviética, mas é muito claro que o governo russo já tinha tudo isso precificado", afirmou o analista no vídeo.

"Esse gênio não vai voltar para a garrafa e estamos vendo o início de uma nova Guerra Fria", finalizou.

Quer saber tudo sobre a política internacional? Assine a EXAME por menos de R$ 11/mês e fique por dentro.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)GuerrasRússiaUcrânia

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame