Alemanha promete envolvimento, mas nada no campo de batalha
Sete décadas depois da derrota dos nazistas, a Alemanha ainda se sente presa pela história, e demonstrações públicas de patriotismo são fenômeno muito recente
Da Redação
Publicado em 2 de fevereiro de 2014 às 14h43.
MUNIQUE - Os Estados Unidos e os aliados europeus da Alemanha saudaram a promessa de Berlim de ter uma política externa mais robusta mas sem o apetite de movimentar tropas para batalhas -- isso pode significar pouco mais do que ajuda logística e uma retórica mais dura.
Na conferência de segurança deste ano em Munique, na qual 11 anos atrás o pacifista que virou ministro das Relações Exteriores, Joschka Fischer, disse ao secretário da Defesa dos Estados Unidos Donald Rumsfeld "desculpe, mas não estou convencido" sobre a guerra no Iraque, a Alemanha prometeu que a reação imediata não será mais "não" para qualquer missão de intervenção.
"Na minha visão, para ser uma boa aliada, a Alemanha deveria se envolver mais rapidamente, mas decisivamente e mais substancialmente", disse o presidente Joachim Gauck, em uma mensagem que foi reforçada pelos ministros de Relações Exteriores e da Defesa.
"A Alemanha é muito grande para apenas comentar a política mundial do lado de fora", disse o ministro do Exterior, Frank-Walter Steinmeier.
Sete décadas depois da derrota dos nazistas, a Alemanha ainda se sente presa pela história, e demonstrações públicas de patriotismo, como bandeiras em partidas de futebol, são um fenômeno muito recente.
Os norte-americanos e os vizinhos mais próximos da Alemanha pedem há bastante tempo para que ela forneça uma liderança mais decisiva na Europa - além de apenas prescrever austeridade durante a crise da zona do euro - e participe mais ativamente da geopolítica, usando as suas relações comerciais como um trunfo.
"Com todo respeito, liderar não significa reunir-se em Munique para discussões. Significa comprometer seus recursos", disse o secretário do Estado dos Estados Unidos, John Kerry, na 50ª conferência de segurança em Munique, neste final de semana.
O ministro de Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, que disse em 2011 que "temia o poder da Alemanha menos do que começava a temer a inatividade da Alemanha", afirmou à Reuters em Munique que "felizmente" a Alemanha está participando da crise na Ucrânia.
Até agora, isso significa a chanceler Angela Merkel condenar com firmeza a repressão do presidente Viktor Yanukovich aos manifestantes e conversar com o presidente russo Vladimir Putin pelo telefone.
Uma diplomacia mais robusta, por si só, não deve apagar o que o senador republicano John McCain descreveu como um momento "embaraçoso" da Alemanha, em 2011, quando o país se recusou a ajudar seus aliados da Otan no apoio à luta dos libaneses contra Muammar Gaddafi.
O norte-americano McCain disse à Reuters que o discurso de Gauck foi importante, mas reconheceu que o presidente "não comprometeu a Alemanha com nada mais específico ou maior". As expectativas de McCain se limitam a um papel militar maior em desastres e questões humanitárias.
Uma autoridade sênior de defesa dos Estados Unidos, falando anonimamente, disse que os alemães em Munique manifestaram interesse em uma política de segurança internacional mais "expedicionária".
A fonte citou a intervenção liderada pela França, no Mali, na qual cerca de 100 militares alemães ajudaram as tropas no transporte aéreo e nos treinamentos, e uma missão europeia na República Centro-Africana, sobre a qual a Alemanha disse que novamente pode fornecer ajuda logística - mas nenhum poder de fogo.
Isso condiz bastante com todas as missões internacionais da Alemanha: quase 5 mil alemães participam atualmente de nove missões de intervenção, incluindo mais de 3 mil no Afeganistão, a maioria treinando forças locais de segurança.
MUNIQUE - Os Estados Unidos e os aliados europeus da Alemanha saudaram a promessa de Berlim de ter uma política externa mais robusta mas sem o apetite de movimentar tropas para batalhas -- isso pode significar pouco mais do que ajuda logística e uma retórica mais dura.
Na conferência de segurança deste ano em Munique, na qual 11 anos atrás o pacifista que virou ministro das Relações Exteriores, Joschka Fischer, disse ao secretário da Defesa dos Estados Unidos Donald Rumsfeld "desculpe, mas não estou convencido" sobre a guerra no Iraque, a Alemanha prometeu que a reação imediata não será mais "não" para qualquer missão de intervenção.
"Na minha visão, para ser uma boa aliada, a Alemanha deveria se envolver mais rapidamente, mas decisivamente e mais substancialmente", disse o presidente Joachim Gauck, em uma mensagem que foi reforçada pelos ministros de Relações Exteriores e da Defesa.
"A Alemanha é muito grande para apenas comentar a política mundial do lado de fora", disse o ministro do Exterior, Frank-Walter Steinmeier.
Sete décadas depois da derrota dos nazistas, a Alemanha ainda se sente presa pela história, e demonstrações públicas de patriotismo, como bandeiras em partidas de futebol, são um fenômeno muito recente.
Os norte-americanos e os vizinhos mais próximos da Alemanha pedem há bastante tempo para que ela forneça uma liderança mais decisiva na Europa - além de apenas prescrever austeridade durante a crise da zona do euro - e participe mais ativamente da geopolítica, usando as suas relações comerciais como um trunfo.
"Com todo respeito, liderar não significa reunir-se em Munique para discussões. Significa comprometer seus recursos", disse o secretário do Estado dos Estados Unidos, John Kerry, na 50ª conferência de segurança em Munique, neste final de semana.
O ministro de Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, que disse em 2011 que "temia o poder da Alemanha menos do que começava a temer a inatividade da Alemanha", afirmou à Reuters em Munique que "felizmente" a Alemanha está participando da crise na Ucrânia.
Até agora, isso significa a chanceler Angela Merkel condenar com firmeza a repressão do presidente Viktor Yanukovich aos manifestantes e conversar com o presidente russo Vladimir Putin pelo telefone.
Uma diplomacia mais robusta, por si só, não deve apagar o que o senador republicano John McCain descreveu como um momento "embaraçoso" da Alemanha, em 2011, quando o país se recusou a ajudar seus aliados da Otan no apoio à luta dos libaneses contra Muammar Gaddafi.
O norte-americano McCain disse à Reuters que o discurso de Gauck foi importante, mas reconheceu que o presidente "não comprometeu a Alemanha com nada mais específico ou maior". As expectativas de McCain se limitam a um papel militar maior em desastres e questões humanitárias.
Uma autoridade sênior de defesa dos Estados Unidos, falando anonimamente, disse que os alemães em Munique manifestaram interesse em uma política de segurança internacional mais "expedicionária".
A fonte citou a intervenção liderada pela França, no Mali, na qual cerca de 100 militares alemães ajudaram as tropas no transporte aéreo e nos treinamentos, e uma missão europeia na República Centro-Africana, sobre a qual a Alemanha disse que novamente pode fornecer ajuda logística - mas nenhum poder de fogo.
Isso condiz bastante com todas as missões internacionais da Alemanha: quase 5 mil alemães participam atualmente de nove missões de intervenção, incluindo mais de 3 mil no Afeganistão, a maioria treinando forças locais de segurança.