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Ahmadinejad denuncia intimidação ocidental

''A aplicação de padrões dúbios e a imposição de guerras, instabilidade e ocupações para garantir interesses econômicos tem sido predominantes no mundo'', disse


	Ahmadinejad fez referências aos atentados de 11 de setembro de 2001 
 (©AFP / Atta Kenare)

Ahmadinejad fez referências aos atentados de 11 de setembro de 2001  (©AFP / Atta Kenare)

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Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2012 às 21h34.

Nações Unidas - O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, apostou nesta quarta-feira em um tom mais comedido em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, no qual denunciou a intimidação das potências ocidentais e de Israel sobre seu país por conta do programa nuclear iraniano, mas deixou de lado os desafios e provocações de outras ocasiões.

''O unilateralismo, a aplicação de padrões dúbios e a imposição de guerras, instabilidade e ocupações para garantir interesses econômicos tem sido predominantes no mundo'', disse Ahmadinejad, em um discurso cheio de referências religiosas e clamores por um futuro melhor para a humanidade.

O presidente situou o Irã como uma das nações que desafiam a hegemonia ocidental no mundo e afirmou que este é o motivo das pressões e ameaças para que seu país abandone o programa nuclear, um assunto que abordou sutilmente no plenário da ONU. Algumas horas depois, em entrevista coletiva, Ahmadinejad reafirmou que o programa tem objetivos pacíficos.

O líder iraniano lamentou as ''contínuas ameaças dos ''sionistas incivilizados'' de recorrer a uma ação militar contra a nossa grande nação'', mas economizou as declarações de outros discursos em que pôs em dúvida o Holocausto e o direito da existência de Israel.

Ahmadinejad fez referências aos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos e garantiu que Washington deveria ter explicado ao público ''a verdade por trás do incidente'' ao invés de ''matar e lançar o culpado ao mar sem um julgamento'', em referência ao líder da Al Qaeda, Osama bin Laden.

Além disso, denunciou que a ordem mundial imposta pelo Ocidente já não funciona devido a ''uma gestão equivocada dos autoproclamados centros de poder que fizeram um pacto com o diabo''.

Ahmadinejad também fez referências a filosofia, religião e poesia em seu último discurso como presidente diante da Assembleia Geral.

O presidente iraniano defendeu que a paz e a justiça sejam acessíveis para todos no dia em que o ''salvador supremo'' chegar à Terra, e pediu que o mundo ''dê as mãos'' para esperar por sua chegada e seguir ''pelo caminho da salvação''.


Seu discurso foi boicotado por Estados Unidos, Israel e Canadá, que não estiveram presentes enquanto falava, embora outros países ocidentais que abandonaram o recinto em ocasiões anteriores tenham se mantido em seus assentos desta vez.

Além disso, muitas pessoas se manifestaram contra a presença de Ahmadinejad do lado de fora da sede das Nações Unidas.

Em entrevista coletiva após a sessão da Assembleia, Ahmadinejad se expressou de forma similar e se mostrou a favor da paz e do diálogo, inclusive com os EUA: ''Nós sempre estamos preparados para dialogar'', destacou, apesar de defender que não houve avanços nas conversas nucleares por causa da ''falta de desejo'' de uma das partes.

O líder iraniano acusou os EUA de fracassarem na hora de reconhecer ''a legitimidade'' da revolução iraniana há 30 anos, e comentou que este foi o motivo dos conflitos entre todas as administrações americanas com o Irã, ao invés do diálogo.

A força de suas respostas pretende demonstrar que o Irã é agora um país menos isolado, que deve ter papel de destaque em crises como a da Síria e cuja economia ''está melhor que a europeia e a americana'' apesar das sanções impostas.

Os EUA e a União Europeia (UE) endureceram as sanções ao Irã, especialmente em matéria petrolífera e bancária, para obrigar o país a abandonar seu programa nuclear, enquanto a ONU pediu repetidamente a colaboração com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

''É curioso que a UE nos imponha sanções quando está à beira do colapso'', raciocinou Ahmadinejad, ao garantir que o Irã necessita de um programa nuclear avançado para conseguir materiais médicos para seus cidadãos.

Como uma amostra de sua liderança, expôs as iniciativas que quer realizar dentro do Movimento dos Países Não Alinhados (MPNA), com os quais quer criar um instituto de opinião para ideias comuns quanto à reforma da ONU.

Sobre a crise síria, o líder iraniano negou categoricamente que a inteligência de seu país esteja colaborando com o regime de Bashar al Assad, descartou uma intervenção armada e defendeu o diálogo entre as partes. Também anunciou a criação de um Grupo de Contato para a Síria, com a presença da Liga Árabe, do MPNA e outros países como a Turquia.

O tom de Ahmadinejad foi muito diferente de ocasiões passadas, quando o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chegou a repreendê-lo por questionar o Holocausto e as circunstâncias dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 contra os EUA.

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