SHINZO ABE: com a mudança na presidência dos Estados Unidos, o Japão teme que Trump mude a estratégia de proteção do pacífico / Tomohiro Ohsumi/Getty Images
Da Redação
Publicado em 17 de novembro de 2016 às 05h30.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h25.
Tóquio está em alerta vermelho. A eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos pode ser o maior desafio internacional dos japoneses desde o final da Segunda Guerra Mundial. Pensando nisso, o primeiro ministro Shinzo Abe se apressou em programar uma viagem para os Estados Unidos e se encontra hoje com o presidente eleito para discutir a aliança Estados Unidos-Japão e o futuro dos dois países. O primeiro encontro dos dois líderes deve dar o tom das relações daqui em diante.
A preocupação não é à toa. Por anos, o suporte americano aos japoneses foi o que garantiu a estabilidade no Oceano Pacífico e permitiu que o Japão e outros países da região prosperassem em um ambiente de tranquilidade garantida. Os japoneses pagam 1,74 bilhão de dólares por ano pela permanência militar americana. Os Estados Unidos, na outra mão, gastam 3% de seu PIB em defesa – mais de 500 bilhões de dólares.
Caso Trump leve a cabo tudo o que disse durante a campanha presidencial, os japoneses têm temores reais pela frente. O empresário acusou os japoneses de serem aproveitadores e afirmou que o custo de proteção do Pacífico pesa demais sobre ombros americanos. Trump chegou a insinuar a retirada de tropas americanas da região, causando calafrios não só em japoneses, mas também em sul-coreanos preocupados com os vizinhos da Coreia do Norte.
Nos últimos dois anos, Abe foi capaz de passar leis de segurança que permitiram um pouco mais de autonomia no usa das forças de defesa interna— a constituição japonesa proíbe forças militares ofensivas. Abe é um legislador veterano conhecido como “teflon” no Japão por ter se esquivado de vários escândalos políticos e consegue manter os índices de aprovação em 60% após quatro anos no cargo.
O japonês vai à América como o primeiro líder internacional a se reunir com Trump e tentar convencer o presidente eleito da importância do pacto entre as duas nações. A esperança é encontrar um pouco do Trump mais calmo, pós-eleição, não daquele candidato inflamado. Assessores de Trump dizem que ele irá assumir os compromissos americanos no Pacífico. Resta saber a que custo.