A revista que combate com jornalismo a pobreza na Grécia
Crise deixou na Grécia três milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza e, apesar disso, uma revista se propõe a oferecer ajuda a quem está sem trabalho
Da Redação
Publicado em 2 de dezembro de 2013 às 12h29.
Atenas - O aumento da crise deixou na Grécia três milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza . Apesar de tudo, a solidariedade não morreu e são muitas as iniciativas sociais que nascem dia a dia, tais como a "Sjedia", uma revista, que além de dar trabalho, pretende dar esperança.
A "Sjedia" nasceu em fevereiro deste ano por iniciativa de Chris Alefantis, um jovem jornalista grego, criado na Austrália, que embarcou no desafio de comandar uma publicação com o único fim de oferecer ajuda digna ao crescente número de pessoas - mais de 27% - que está sem trabalho na Grécia.
Em entrevista à Agência Efe, Alefantis explica que a "Sjedia" é uma revista com um "enfoque positivo", que procura apresentar soluções e não tratar unicamente de temas relacionados com a exclusão social. "Queremos ser uma revista com bom humor, e sobretudo, com independência editorial", assegurou.
Curiosamente, a "Sjedia" surgiu a partir de um time de futebol de pessoas sem teto, que Alefantis dirigiu e que em 2007 participou pela primeira vez na Copa do Mundo de Pessoas sem Teto.
Ao ver que muitas das equipes eram patrocinadas por revistas, decidiu lançar o projeto na Grécia, onde a crise dava seus primeiros sinais.
Ajudados por uma rede internacional de periódicos conseguiram os recursos tecnológicos e a Fundação Niarchos lhes proporcionou o capital necessário para custear durante um ano a revista - 5.600 euros que custa imprimir os 14 mil exemplares mensais.
"Pretendemos que no meio do próximo ano o projeto caminhe sozinho, a partir de patrocinadores, publicidade, assinaturas e vendas, porque não queremos depender de ninguém", disse o diretor.
Desde o início, o objetivo era claro: criar um produto de qualidade, feito por jornalistas profissionais que recebem uma quantidade simbólica (entre 50 e 60 euros por mês) e voltado a cumprir um fim social pois, como declarou Alefantis, "o grande desafio começa quando a revista é impressa".
Recentemente, um novo número da "Sjedia" chegou nas ruas de Atenas para proporcionar aos vendedores a oportunidade de sair, por eles mesmos, de sua situação.
Como sua tradução em espanhol indica, a "Sjedia" é a "balsa" à qual se agarram 140 homens e mulheres, de entre 20 e 60 anos, que a cada dia saem à rua carregando seu maior capital, os exemplares da revista.
O vendedor fica com a metade dos 3 euros que custa cada exemplar. Se vende uma média de cem revistas por mês, ganha 150 euros, o justo para poder comer.
É fácil reconhecê-los, já que exibem um bom aspecto, vestem o colete vermelho com o nome da revista e ficam nas saídas do metrô e nos pontos centrais da cidade.
Lambros é um dos vendedores gregos que, aos 52 anos, sofreu com a investida da crise várias vezes. "É a terceira vez que o Fundo Monetário Internacional me agarra; a primeira foi no Brasil, a segunda na Argentina e agora aqui, na Grécia".
Este técnico em veterinária, fala cinco idiomas, trabalhou durante 15 anos em uma rede hoteleira até que ela fechou e ficou sem emprego e sem casa.
Atualmente, Lambros vive em um albergue pago pelo Estado e se dedica a vender a revista. "Estou feliz porque com o que ganho posso comprar um café ou um suvlaki e não tenho necessidade de roubar nem de pedir. É um trabalho limpo e honesto", afirma o vendedor.
Todos os vendedores têm uma característica comum. São pessoas de classe média, "vítimas da crise financeira", afirma o diretor, "que faz dois ou três anos tinham uma casa e um trabalho e agora ficaram sem nada".
Este fato, junto com a qualidade de seus conteúdos, é o que diferencia a "Sjedia" dos outros periódicos vendidos na rua, assegurou Alefantis, pois em muitas das publicações de países do norte da Europa não se cuida tanto da qualidade jornalística e seus vendedores são pessoas que vivem na marginalização por problemas de vício em drogas.
Em uma das saídas do metrô de Panepistimio, no centro da capital grega, fica Alexandros, que após trabalhar 14 anos em uma grande empresa, está há dois anos e meio desempregado, de modo que a "Sjedia" é o único meio pelo qual consegue uma "pequena renda" por mês.
Por enquanto, Alexandros vive de aluguel, mas sua situação é complicada. "Atualmente não vivo na rua, mas quem sabe por quanto tempo mais, porque devo três meses", afirmou à Efe este vendedor de 43 anos.
Em seu curto período de vida, a "Sjedía" impulsionou outra iniciativa social com grandes resultados, o "café perimeni" ou "café pendente", uma prática que existe em outros países como a Espanha, Itália e Argentina e que consiste em deixar um café pago para que uma pessoa que não pode comprar o tome.
Mas, sem dúvida, o maior lucro da "Sjedía" é ter conseguido que quatro de seus vendedores tenham se mudado para um apartamento de aluguel e proporcionar a muitas mais uma forma digna de ganhar a vida.
Atenas - O aumento da crise deixou na Grécia três milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza . Apesar de tudo, a solidariedade não morreu e são muitas as iniciativas sociais que nascem dia a dia, tais como a "Sjedia", uma revista, que além de dar trabalho, pretende dar esperança.
A "Sjedia" nasceu em fevereiro deste ano por iniciativa de Chris Alefantis, um jovem jornalista grego, criado na Austrália, que embarcou no desafio de comandar uma publicação com o único fim de oferecer ajuda digna ao crescente número de pessoas - mais de 27% - que está sem trabalho na Grécia.
Em entrevista à Agência Efe, Alefantis explica que a "Sjedia" é uma revista com um "enfoque positivo", que procura apresentar soluções e não tratar unicamente de temas relacionados com a exclusão social. "Queremos ser uma revista com bom humor, e sobretudo, com independência editorial", assegurou.
Curiosamente, a "Sjedia" surgiu a partir de um time de futebol de pessoas sem teto, que Alefantis dirigiu e que em 2007 participou pela primeira vez na Copa do Mundo de Pessoas sem Teto.
Ao ver que muitas das equipes eram patrocinadas por revistas, decidiu lançar o projeto na Grécia, onde a crise dava seus primeiros sinais.
Ajudados por uma rede internacional de periódicos conseguiram os recursos tecnológicos e a Fundação Niarchos lhes proporcionou o capital necessário para custear durante um ano a revista - 5.600 euros que custa imprimir os 14 mil exemplares mensais.
"Pretendemos que no meio do próximo ano o projeto caminhe sozinho, a partir de patrocinadores, publicidade, assinaturas e vendas, porque não queremos depender de ninguém", disse o diretor.
Desde o início, o objetivo era claro: criar um produto de qualidade, feito por jornalistas profissionais que recebem uma quantidade simbólica (entre 50 e 60 euros por mês) e voltado a cumprir um fim social pois, como declarou Alefantis, "o grande desafio começa quando a revista é impressa".
Recentemente, um novo número da "Sjedia" chegou nas ruas de Atenas para proporcionar aos vendedores a oportunidade de sair, por eles mesmos, de sua situação.
Como sua tradução em espanhol indica, a "Sjedia" é a "balsa" à qual se agarram 140 homens e mulheres, de entre 20 e 60 anos, que a cada dia saem à rua carregando seu maior capital, os exemplares da revista.
O vendedor fica com a metade dos 3 euros que custa cada exemplar. Se vende uma média de cem revistas por mês, ganha 150 euros, o justo para poder comer.
É fácil reconhecê-los, já que exibem um bom aspecto, vestem o colete vermelho com o nome da revista e ficam nas saídas do metrô e nos pontos centrais da cidade.
Lambros é um dos vendedores gregos que, aos 52 anos, sofreu com a investida da crise várias vezes. "É a terceira vez que o Fundo Monetário Internacional me agarra; a primeira foi no Brasil, a segunda na Argentina e agora aqui, na Grécia".
Este técnico em veterinária, fala cinco idiomas, trabalhou durante 15 anos em uma rede hoteleira até que ela fechou e ficou sem emprego e sem casa.
Atualmente, Lambros vive em um albergue pago pelo Estado e se dedica a vender a revista. "Estou feliz porque com o que ganho posso comprar um café ou um suvlaki e não tenho necessidade de roubar nem de pedir. É um trabalho limpo e honesto", afirma o vendedor.
Todos os vendedores têm uma característica comum. São pessoas de classe média, "vítimas da crise financeira", afirma o diretor, "que faz dois ou três anos tinham uma casa e um trabalho e agora ficaram sem nada".
Este fato, junto com a qualidade de seus conteúdos, é o que diferencia a "Sjedia" dos outros periódicos vendidos na rua, assegurou Alefantis, pois em muitas das publicações de países do norte da Europa não se cuida tanto da qualidade jornalística e seus vendedores são pessoas que vivem na marginalização por problemas de vício em drogas.
Em uma das saídas do metrô de Panepistimio, no centro da capital grega, fica Alexandros, que após trabalhar 14 anos em uma grande empresa, está há dois anos e meio desempregado, de modo que a "Sjedia" é o único meio pelo qual consegue uma "pequena renda" por mês.
Por enquanto, Alexandros vive de aluguel, mas sua situação é complicada. "Atualmente não vivo na rua, mas quem sabe por quanto tempo mais, porque devo três meses", afirmou à Efe este vendedor de 43 anos.
Em seu curto período de vida, a "Sjedía" impulsionou outra iniciativa social com grandes resultados, o "café perimeni" ou "café pendente", uma prática que existe em outros países como a Espanha, Itália e Argentina e que consiste em deixar um café pago para que uma pessoa que não pode comprar o tome.
Mas, sem dúvida, o maior lucro da "Sjedía" é ter conseguido que quatro de seus vendedores tenham se mudado para um apartamento de aluguel e proporcionar a muitas mais uma forma digna de ganhar a vida.