17 fatos que marcaram 2014 em todo o mundo
Da pior epidemia de ebola da história até a prisão do narcotraficante mais poderoso do planeta, veja aqui alguns dos acontecimentos de maior destaque neste ano
Gabriela Ruic
Publicado em 30 de dezembro de 2014 às 11h28.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h54.
O trágico sumiço dos 43 estudantes de Ayotzinapa mexeu com as emoções no México. O grupo, que se dirigia para a cidade de Iguala, no estado de Guerrero, foi sequestrado por policiais que depois o entregou a um violento cartel local. O caso se tornou um dos mais importantes desafios do presidente do país, Peña Nieto, e trouxe à tona a intrínseca ligação entre o poder público e organizações criminosas. A população mexicana se revoltou e foi para as ruas protestar contra o desaparecimento dos jovens. Durante as investigações, dezenas de pessoas, entre policiais e membros do cartel, foram presas. O prefeito de Iguala e sua esposa, inclusive. O crime completou três meses em dezembro e suspeita-se que os jovens tenham sido executados e seus corpos incinerados pelos criminosos. Contudo, apenas os restos mortais de um dos estudantes foram identificados com exames de DNA realizados na Áustria.
O episódio que envolveu o sequestro e posterior morte de três adolescentes israelenses na Cisjordânia em meados de 2014 desencadeou uma série confrontos entre as forças de Israel e o grupo palestino Hamas. De acordo com números da ONG Anistia Internacional, os conflitos, que duraram cerca de 50 dias, deixaram 2.200 mortos do lado dos palestinos e 66 entre os israelenses. A trégua entre as partes foi acertada no final de agosto e, em novembro, a Organização das Nações Unidas (ONU) abriu um inquérito para avaliar a ação militar de Israel na região. Segundo um porta-voz da entidade, a investigação envolverá episódios nos quais escolas administradas pela ONU foram atingidas por disparos israelenses e que deixaram mortos e feridos.
As atividades violentas dos rebeldes sunitas não são uma novidade no Iraque e na Síria, mas foi em 2014 que o grupo, conhecido hoje como Estado Islâmico, enriqueceu e se fortaleceu, tornando-se uma ameaça terrorista vista como ainda pior que o Al-Qaeda. Ao longo do ano, o EI expandiu seus ganhos territoriais na região e hoje conta até mesmo com uma capital, a cidade síria de Al-Raqqah, além de já dominar Mosul, a segunda maior do Iraque. Desde junho, estima-se que os jihadistas tenham executado 1.878 pessoas que foram baleadas, decapitadas e até mesmo apedrejadas até a morte. Na lista de vítimas estão reféns ocidentais como os americanos James Foley, Steve Sottloff e Peter Kassig e os britânicos David Haines e Alan Henning.
A grande dor de cabeça do governo chinês, e um de seus maiores desafios desde o sangrento episódio na Praça da Paz Celestial em 1989, se concentrou em Hong Kong. Em setembro, um grupo de manifestantes pró-democracia instalou acampamentos no centro financeiro do território. O objetivo era o de protestar contra manobras de Pequim para controlar a eleição do próximo líder do Executivo local em 2017. Liderados pelo movimento “Occupy Central”, os participantes acamparam por cerca de três meses no centro de Hong Kong e, durante este período, foram registrados diversos confrontos com as autoridades e dezenas de presos. Em dezembro, os locais de resistência foram desmanchados pelas forças policiais e o protesto foi oficialmente finalizado. Contudo, os manifestantes garantiram ao governo chinês que voltarão a ocupar as ruas se a demandas por uma eleição livre de interferências não forem atendidas.
Em dezembro, os velhos inimigos Estados Unidos e Cuba deram passos históricos em direção ao restabelecimento de suas relações diplomáticas e econômicas depois de mais de cinco décadas de distanciamento. O anúncio foi feito em pronunciamentos simultâneos do presidente dos EUA Barack Obama e do líder cubano Raul Castro. A negociação, intermediada pelo papa Francisco e pelo governo do Canadá, envolveu a troca de prisioneiros entre os países. Cuba libertou Alan Gross, um americano que estava preso desde 2009, enquanto que os EUA soltaram três agentes da inteligência cubana detidos no país desde 2001. O próximo passo para a normalização das relações é a aprovação pelo congresso americano de medidas propostas por Obama como a autorização de vendas de bens e serviços para Cuba e investimentos em esforços para melhorar o acesso dos cubanos a telecomunicação e internet.
O ano de 2014 ficará marcado como um dos mais trágicos na história da aviação civil. Quatro graves acidentes foram registrados em linhas comerciais, totalizando 633 mortos, incluindo o caso mais recente envolvendo um avião da AirAsia. Para a companhia Malaysia Airlines, o ano foi especialmente difícil, uma vez que a empresa passou por dois tristes episódios. Em março, um avião que voava de Kuala Lumpur para Pequim, e no qual viajavam 239 pessoas, simplesmente desapareceu no oceano Índico. Meses depois, desta vez na Ucrânia, uma aeronave da companhia foi derrubada por um míssil ao sobrevoar a zona de conflito no leste do país. 298 pessoas morreram.
Nos Estados Unidos, uma série de incidentes envolvendo a morte de jovens negros por policiais brancos despertou tensões raciais por todo o país. Um dos episódios mais graves aconteceu na cidade de Ferguson (Missouri). Em novembro, após a justiça decidir não indiciar criminalmente o policial que matou com tiros o adolescente Michael Brown, que estava desarmado, a população local tomou as ruas em dois dias de violentos protestos. A revolta terminou com dezenas de pessoas presas e deixou rastros de destruição. A situação fez com que até mesmo o presidente Barack Obama se pronunciasse sobre a questão racial nos EUA. Obama reconheceu que a relação entre policiais e os cidadãos negros precisa ser melhorada. “Parte disso é resultado da discriminação racial neste país e isso é trágico porque ninguém precisa mais de um bom policiamento do que as comunidades pobres”, pontuou.
Um referendo que questionava a população da Escócia sobre a vontade de se tornar independente quase modificou três séculos de história. Por semanas, pesquisas apontaram um placar empatado entre aqueles que desejavam a independência do país e os que queriam continuar ligados ao Reino Unido. O episódio foi visto como um desafio a ser superado por David Cameron. Na época, analistas até consideraram que a eventual independência mancharia para sempre o nome do primeiro-ministro britânico nos livros de história. No fim das contas, nada mudou: 55% % dos votantes decidiram pela não separação do país. Contudo, novas pesquisas realizadas depois do referendo oficial apontaram que, na ocasião de uma nova votação, o resultado poderia ser o oposto.
Em março, os indianos realizaram aquela que é considerada a maior eleição já vista no planeta. Ao todo, revelou a Reuters, 814 milhões de pessoas se cadastraram para votar em candidatos de 1.600 partidos. 11 milhões de pessoas estiveram envolvidas na organização do pleito que escolheu 543 deputados. A votação durou cinco semanas e elegeu como primeiro-ministro Narendra Modi, que abocanhou ainda a maioria das cadeiras do parlamento. Foi a maior vitória de um partido não liderado pela família Gandhi em 30 anos.
O grupo islâmico Boko Haram tomou os holofotes do mundo no início do ano ao invadir uma escola e sequestrar 300 meninas, que até hoje não foram libertadas. O caso indignou a comunidade internacional, que lançou uma massiva campanha conhecida como #bringbackourgirls nas redes sociais. Os apelos, contudo, foram em vão. O governo da Nigéria chegou a anunciar um acordo com os radicais, que deveriam então devolver as jovens para suas famílias. O líder do grupo negou qualquer tipo de negociação e disse que todas elas já se casaram com combatentes e se converteram ao Islã.
Em abril, uma balsa com 476 pessoas naufragou na baía de Sewol, sudoeste da Coreia do Sul. O trágico incidente causou a morte de 304 pessoas, a maioria estudantes com idades entre 16 e 17 anos. Segundo investigação, o acidente parece ter sido causado por uma manobra brusca que desestabilizou a embarcação e fez com que ela afundasse. Após o caso, autoridades sul-coreanas lançaram uma grande investigação. Ao todo, onze pessoas foram condenadas. Entre elas, o capitão, que escapou da pena de morte e passará 36 anos na prisão, e um diretor da empresa dona da balsa, que enfrentará dez anos.
Em dezembro, o sequestro de um grupo de 17 pessoas em um café na cidade de Sydney, Austrália, comoveu o mundo. Após 16 horas de agonia, a polícia invadiu o estabelecimento e, durante o confronto, foram mortos dois reféns, além do sequestrador Man Haron Monis. Fanático religioso que contava com uma longa lista de pendências criminais, Monis era iraniano e vivia no país desde 1996. O episódio, que deixou a Austrália em luto, foi classificado pelo prêmie australiano Tony Abbott como um ato de terrorismo.
Um dos chefes do narcotráfico mais procurados do mundo, Joaquín Guzmán, “El Chapo”, foi preso no México 13 anos depois de ter fugido de uma prisão de segurança máxima dentro de um caminhão de lavanderia. Líder do violento Cartel de Sinaloa, “El Chapo” dominava importantes rotas de tráfico na fronteira com os EUA. Sua captura foi digna de filmes de ação: fuzileiros mexicanos invadiram o seu esconderijo, mas o perderam de vista depois que ele conseguiu escapar por meio de um túnel localizado embaixo de uma banheira. Perseguido por dias, foi finalmente encontrado em um condomínio de luxo em Mazatlan, cidade conhecida por abrigar resorts na costa mexicana.
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