Ouro: especialistas chegam a prever um preço futuro do ouro em 3.000 dólares a onça troy (Edgar Su/Reuters)
AFP
Publicado em 27 de julho de 2020 às 10h44.
Última atualização em 27 de julho de 2020 às 18h14.
A tensão entre Estados Unidos e China reforçou o movimento de alta do preço do ouro. Com medo de um embate real entre as duas maiores potências mundiais, os investidores – que já estavam reticentes por causa da pandemia do novo coronavírus – aumentaram a exposição ao ativo, que atingiu 1.944,71 dólares a onça troy, valor mais alto já registrado pela commodity. Até então, o patamar mais elevado havia sido alcançado em setembro de 2011, em 1.921 dólares.
Desde o início do ano, o ouro já valorizou mais de 27%, e analistas esperam que, em breve, o ativo rompa a barreira dos 2.000 dólares. Para aproveitar a alta projetada, o mega investidor Mark Mobius recomenda comprá-lo "agora".
“Quando as taxas de juros são zero ou quase zero, o ouro é um veículo atraente, porque você não precisa se preocupar em não obter juros sobre seu ouro. E vê que o preço do ouro vai subir à medida que a incerteza nos mercados aumentar”, disse Mark Mobius, cofundador da Mobius Capital Partners, em entrevista à TV Bloomberg. “Eu compraria agora e continuaria comprando.”
Vários investidores seguem a cartilha de Mobius. Tanto é que fundos de metais preciosos registraram entradas de investimento de 3,8 bilhões de dólares na semana até 22 de julho, o segundo maior valor semanal de todos os tempos, de acordo com estrategistas do Bank of America com base em dados da EPFR Global.
“O ouro ainda tem um longo caminho a percorrer, e os preços serão fortes”, disse Jake Klein, presidente do conselho da Evolution Mining, em entrevista à TV Bloomberg. Alguns especialistas chegam a prever um preço futuro do ouro em 3.000 dólares a onça troy, o que convence vários investidores de que não é tarde demais para continuar investindo no metal.
Existem no mercado fundos de investimentos em ouro, como da Vitreo e da Órama, e certificados de operações especiais (COEs) atrelados e alavancados no metal. Mas é possível também adquirir contratos de ouro negociados na B3.
Atualmente, o preço do lote de ouro padrão, de 250 gramas, é de 80.250 reais. Mas são negociados também contratos mais acessíveis para o pequeno investidor, chamados fracionários.
Para investir no metal é necessário abrir conta em uma corretora. Ao adquirir os contratos, paga-se uma taxa de custódia mensal à B3 e uma taxa de corretagem.
Quem aplica em ouro tem isenção de Imposto de Renda, exceto se o ganho da operação ultrapassar 20.000 reais por mês. Nesse caso, a alíquota sobre o ganho de capital é de 15%.
Especialistas entram em consenso quando apontam que investir em ouro só vale a pena se fizer parte de uma estratégia de diversificação da carteira de aplicações financeiras. Portanto, o ativo é indicado como uma forma de proteção para carteiras que têm ativos mais expostos ao cenário econômico, como ações de empresas que são impactadas pela guerra comercial entre a China e os Estados Unidos. Portanto, não há um porcentual indicado do ativo. Esse número vai depender do equilíbrio que se quer buscar na carteira, e o quão exposta ela está.
As primeiras minas de ouro descobertas datam de 3.000 anos antes de nossa era e foram exploradas pelos egípcios.
E a distribuição relativamente equilibrada de ouro em nível planetário fez com que muitas civilizações antigas se interessassem neste metal.
A princípio, o ouro era especialmente apreciado por sua aparência estética, mas mais tarde, a partir de 700 anos antes de Cristo, tornou-se a base do sistema monetário, juntamente com a prata.
O metal amarelo, escasso, relativamente fácil de extrair, maleável - torna-se líquido a 1.064 graus Celsius - e é inoxidável, possui inúmeras qualidades, além de sua beleza, o que o torna muito prático e um metal precioso por excelência.
O ouro permaneceu predominante no sistema monetário internacional até 1971 e a decisão do presidente dos EUA, Richard Nixon, de suspender a conversibilidade do dólar em ouro, encerrando assim o sistema de Bretton Woods herdado da Segunda Guerra Mundial.
Hoje, porém, como a oferta de ouro é constante no tempo, comparada ao de outras matérias-primas, como o petróleo, o metal amarelo tem uma imagem de estabilidade.
Entre 2018 e 2019, a produção praticamente não mudou, registrando um aumento de 1%, e apenas o aumento da reciclagem permitiu que a oferta aumentasse em 3%.
Embora o ouro seja altamente valorizado pelos investidores, tem detratores, como o bilionário Warren Buffett, que o critica por sua improdutividade. No passado, o economista John Maynard Keynes zombara do metal precioso como uma "relíquia bárbara".