Recentes medidas adotadas pelo governo chinês ainda não deram o resultado esperado.
Redator na Exame
Publicado em 9 de outubro de 2024 às 10h40.
Última atualização em 9 de outubro de 2024 às 10h47.
As recentes medidas de estímulo adotadas pela China para revitalizar o mercado imobiliário geraram algum otimismo, mas analistas destacam que as iniciativas são insuficientes para promover uma recuperação completa do setor. Durante a Golden Week, período tradicionalmente marcado por um aumento nas vendas de bens de alto valor, as transações imobiliárias em Pequim subiram 81% em comparação ao mesmo período do ano anterior, segundo a China Index Academy (CIA). No entanto, essa recuperação não se estendeu a outras regiões do país, segundo informações da CNBC.
De acordo com a CIA, as vendas diárias de imóveis novos caíram 27% em nível nacional durante o feriado, refletindo as dificuldades enfrentadas pelo setor. Em cidades de grande porte como Xangai, Guangzhou e Shenzhen, as quedas foram ainda mais acentuadas, com declínios de 61%, 59% e 57%, respectivamente. A média diária de vendas no feriado deste ano ficou em 107 mil metros quadrados, valor bem abaixo dos 177 mil metros quadrados registrados em 2021.
A resposta governamental incluiu cortes nas taxas de hipoteca e uma redução nos requisitos de entrada para a compra de imóveis, além do aumento do limite de compra por família. No entanto, Kenneth Ho, estrategista-chefe de crédito da Goldman Sachs, afirma que tais medidas ainda não endereçam os principais problemas estruturais do setor, como o excesso de estoque e a baixa confiança dos compradores. Segundo ele, mais ações são necessárias para evitar que a oferta excedente continue a pressionar o mercado.
Embora algumas cidades de destaque tenham registrado aumento nas vendas, sua participação no mercado imobiliário nacional é pequena e insuficiente para alterar a perspectiva do setor como um todo, observa Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management. A crise de confiança continua sendo um desafio central, e há expectativas de que o governo chinês lance estímulos fiscais adicionais para apoiar as aquisições de imóveis e estabilizar os preços.
O setor imobiliário, que já representou mais de 25% do PIB da China, enfrenta uma crise desde que o governo implementou medidas rigorosas para controlar os níveis de endividamento das incorporadoras em 2020. Desde então, diversas empresas do setor têm enfrentado dificuldades financeiras, enquanto os preços dos imóveis permanecem sob pressão. Especialistas defendem que, para uma recuperação sustentável, o governo precisará adotar políticas mais agressivas e de longo prazo, abordando não só o excesso de oferta, mas também incentivando o consumo e promovendo estabilidade econômica no setor imobiliário.