Pepsi e Coca juntas? Sim, no boicote a anúncios do Facebook
Mais de 160 corporações vão retirar publicidade das redes sociais por não impedirem publicações racistas e de incitação ao ódio
Ivan Padilla
Publicado em 28 de junho de 2020 às 18h18.
Última atualização em 29 de junho de 2020 às 15h36.
A Pepsi também vai retirar anúncios no Facebook , somando-se à lista de empresas que participam da campanha para pedir a suspensão da publicidade na rede social. Isso até que a plataforma de Mark Zuckerberg adote uma política clara e eficaz para combater o discurso de ódio.
Na sexta-feira passada foi a vez da Coca-Cola dizer que interromperia globalmente os anúncios em todas as plataformas de mídia social por pelo menos 30 dias. As duas rivais fabricantes de refrigerantes se unem, dessa forma, a marcas diversas, como a subsidiária americana da Honda Motor, Hershey, Unilever e Verizon.
Os organizadores, que lançaram o slogan “Pare o ódio pelo lucro” nos Estados Unidos, querem agora tornar a ação global. A rede de cafeterias Starbucks anunciou neste domingo que irá fazer uma pausa em seus anúncios em todas as redes sociais americanas, para mostrar sua "oposição ao discurso de ódio".
"Acreditamos que é preciso fazer mais para criar comunidades acolhedoras e inclusivas on-line, e que tanto empresários quanto políticos devem se somar", publicou a empresa. "Faremos uma pausa na publicidade em todas as plataformas de redes sociais, enquanto damos prosseguimento às discussões internas com nossos parceiros de mídia e organizações de direitos civis para pôr fim ao discurso de ódio."
As redes sociais, principalmente o Facebook, são criticadas por não fazerem o suficiente para eliminar de suas plataformas publicações racistas ou de incitação ao ódio. A organização afroamericana de direitos civis (NAACP) e a Liga Antidifamação convocaram um boicote aos anúncios no Facebook durante o mês de julho.
As críticas às redes sociais aumentaram desde o brutal assassinato de George Floyd por um policial branco em Minneapolis, no fim de maio. O vídeo da ação, filando por um celular, correu o mundo e gerou manifestações em massa contra o racismo nos Estados Unidos e em outros países.
Mas a campanha “Pare o ódio pelo lucro” não deve se restringir aos Estados Unidos e vai começar a chamar grandes companhias europeias para se unirem ao boicote, disse Jim Steyer, diretor executivo da Common Sense Media, à agência Reuters.
Desde o lançamento da campanha, no início deste mês de junho, mais de 160 grandes corporações se comprometeram em suspender anúncios na maior plataforma de mídia social durante o mês de julho.
“O próximo passo é a pressão global”, afirmou Steyer, acrescentando que a campanha espera alcançar também os reguladores europeus a adotarem uma posição mais rígida em relação ao Facebook.