Marketing

O Câncer de Mama no Alvo da Moda vira case de marketing

Projeto que tem renda revertida para o IBCC conta com parcerias de empresas como Hering, Estrela e Bradesco

Participação de artistas vestindo as camisas d'O Câncer de Mama no Alvo da Moda" é uma característica da campanha tanto no Brasil quanto em outros países (Divulgação/Activa Comunicação)

Participação de artistas vestindo as camisas d'O Câncer de Mama no Alvo da Moda" é uma característica da campanha tanto no Brasil quanto em outros países (Divulgação/Activa Comunicação)

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Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2011 às 09h05.

Rio de Janeiro - Promover uma campanha beneficente que, além de ajudar a prevenção do câncer de mama, também virasse um objeto de desejo de moda. Foi esse o objetivo do estilista Ralph Lauren ao criar em 1994 - junto com outros colegas de profissão membros do Conselho dos Designers de Moda da América (CFDA) - o Fashion Targets Breast Cancer, nos Estados Unidos.

No início de 1995, a ação foi trazida para o Brasil com o apoio do Instituto Brasileiro de Controle de Câncer (IBCC). O país foi o segundo do mundo a realizar o projeto que hoje é um case de sucesso de marketing, mesmo sem contar com nenhuma verba destinada para isso.

Em 15 anos de existência no Brasil, a campanha O Câncer de Mama no Alvo da Moda arrecadou cerca de R$ 57,5 milhões com a venda de mais de 15 milhões de produtos licenciados. Os valores recebidos resultaram no aumento na qualidade das instalações do IBCC e na quantidade de atendimentos, que hoje chegam a 1.500 por dia. Para conseguir esse resultado, o projeto conta com parcerias com mais de 100 empresas e a participação voluntária de cerca de 400 artistas.

A Hering é a principal parceira que ajuda na consolidação da campanha.  A marca de roupas foi a primeira a fazer parte da iniciativa com a produção e comercialização das camisas. Desde a primeira edição, foram vendidas mais de sete milhões de camisetas, que têm R$ 6,50 de seu valor revertido para o IBCC. Em 2010, a expectativa é que sejam comercializadas 50 mil unidades.

Venda de camisetas é o grande negócio

"A campanha nos Estados Unidos era feita basicamente por meio das camisetas e aqui no Brasil a Hering é sinônimo de camiseta boa, por isso fui logo procurá-los", conta Onésimo Affini Junior, produtor executivo da campanha. Para estabelecer "O Câncer de Mama no alvo da moda" como um objeto de desejo fashion, Affini procurou as grifes Zoomp, Ellus, M. Officer e Forum - na época as quatro maiores da moda brasileira - para também comercializarem as camisas e formarem um tipo de CFDA brasileiro.

O trabalho de consolidar a marca como desejo de moda não acabou naquela época. Até hoje Affini tem preocupação na hora de escolher seus parceiros para não tornar a marca popular demais a ponto de comprometer as vendas em longo prazo. "Uma rede de supermercados já nos procurou querendo comercializar as camisetas, o que nos faria crescer em vendas rapidamente, mas faria com quem o desejo pelo produto diminuísse a ponto de fazer as vendas caírem", explica Affini.

Para continuar reforçando o aspecto fashion da ação, a cada edição do São Paulo Fashion Week, um estilista brasileiro desenha novas camisetas para a Hering. As peças dessas edições especiais rendem R$ 7,20 por unidade para a campanha. Já participaram dessa ação nomes como Alexandre Herchcovitch, Walter Rodrigues, Fause Haten e Oskar Metsavaht, da Osklen. Para a próxima edição da semana de moda a estilista Simone Nunes é quem desenhará para a causa.

Outros parceiros

A participação de artistas vestindo as camisas é outra característica da campanha tanto no Brasil quanto em outros países. Por aqui, mais de 400 nomes como Xuxa, Angélica, Tony Ramos e Glória Pires já emprestaram sua imagem de forma voluntária para o projeto. Enquanto nos Estados Unidos as modelos Naomi Campbell, Claudia Schiffer e a atriz Sienna Miller são alguns dos exemplos. Além da marca, outras grandes parceiras foram firmadas pela campanha durante esses 15 anos. 

Em 2000, a Estrela lançou a boneca Susi no Alvo da Moda, que ganhou novas versões em 2008 e no ano passado, dessa vez com a assinatura do hair stylist Wanderley Nunes. Em um segmento bem diferente, a Porto Brasil lançou uma linha de louças que conta com tigela, copos e canecas que levam o logo da campanha. No ramo de papelaria o alvo está presente por meio das agendas da marca Pombo e da Suzano, que disponibiliza em embalagens de 250 folhas cartilhas com informações sobre como fazer o autoexame nas mamas.

Já o Bradesco, através da Bradesco Capitalização, comercializa o título de capitalização Pé Quente O Câncer de Mama no Alvo da Moda, que reverte parte de seu valor para o IBCC. A campanha conta ainda com alguns outros parceiros sazonais como o Q!Bazar, feira que dá descontos em roupas de grifes famosas e também doa parte de sua renda para o projeto.

Marketing e publicidade voluntários

Além das empresas que atuam com o licenciamento, outros voluntários na parte institucional da campanha ajudam o trabalho. A Ernest & Young, que presta serviço de auditoria e assessoria, é responsável pela revisão dos critérios de apuração dos valores repassados ao Instituto. Já a Ogilvy é a agência responsável pela publicidade do "O Câncer de Mama no Alvo da Moda", produzindo todos os anúncios e filmes da ação.

Mesmo as parcerias sendo responsáveis pela maior parte do Marketing de "O Câncer de Mama no Alvo da Moda", os organizadores do projeto realizam ainda outras iniciativas com o objetivo de reforçar a marca na mente do consumidor. Realizada desde 1999, a Corrida e Caminhada Contra o Câncer de Mama já teve 40 edições em 11 cidades e reuniu mais de 96 mil participantes. "A ideia da corrida nasceu devido à nossa falta de verba para o marketing. Queríamos criar algo que gerasse visibilidade para a marca", afirma Onésimo Affini.

Para o executivo, essa criatividade e o profissionalismo são essenciais para o sucesso da campanha. "É devido a muito trabalho e à associação com empresas sérias e com credibilidade perante os consumidores que conseguimos crescer", afirma Affini, garantindo que o sucesso é reconhecido pelo próprio Ralph Lauren, que pede que ele conte o case do Brasil em reuniões com outros países que também realizam ação como Argentina, Inglaterra, França e Portugal.

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