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Fundos de investimento não chegam à classe C

Pesquisa do IBOPE Inteligência mostra que a maioria dos brasileiros que aplicam em fundos ganha mais de 9.600 reais

Investidor médio de fundos de investimento tem entre 30 e 49 anos, é casado e ganha mais de 18 salários mínimos (Ana Maria)
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Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2012 às 19h54.

São Paulo - A ascensão da classe C, o incremento salarial acima da inflação, a formalização do trabalhador e a entrada de um novo e volumoso contingente no mercado de consumo poderia sugerir que a aplicação em fundos de investimentos se popularizou entre 2005 e 2011. Não é o que mostra a Radiografia do Investidor, produzida pelo IBOPE e divulgada ontem, no 6º Congresso Anbima de Fundos de Investimento.


Segundo a pesquisa, enquanto a penetração dos fundos aumentou de 20% para 31% na classe A, ela passou de 7% para 11% na classe B, e manteve-se estável em 2% na classe C. Para chegar a esse resultado, foram feitas 1.000 entrevistas telefônicas com brasileiros acima de 18 anos. A amostra limitou-se a esses três estratos sociais.

De maneira geral, a maioria dos que aplicam em fundos é casada, tem entre 30 e 49 anos e renda acima de 9.600 reais – ou quase 18 salários mínimos. Apesar dos mais ricos representaram a parcela mais expressiva de investidores nesse segmento, houve aumento no número de brasileiros das classes A, B e C que investem via fundos: o IBOPE estima que são hoje 4,3 milhões, contra 2,4 milhões em 2005.

Ainda assim, permanece grande o número de pessoas que não tem qualquer tipo de aplicação. É verdade que esse percentual era de 65% em 2005 e diminuiu para 51% em 2011. Mas no conjunto de respostas estimuladas, apenas a poupança se aproxima desse patamar: 44% dos entrevistados dizem aplicar na tradicional caderneta, 9% a mais que em 2005. A título de comparação, 3% afirmam ter investimento em ações, 7% em fundos de investimento e outros 7% em fundos de previdência.

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Para a diretora executiva da Santander Asset Management e diretora da Anbima Luciane Ribeiro, o crescimento da poupança tem a ver com a entrada do pequeno investidor e com a familiaridade que essa alternativa evoca. “Nos últimos dois ou três anos, o retorno da poupança passou a ser mais competitivo que era no passado. A queda histórica da taxa de juros melhora a rentabilidade relativa da aplicação e isso também ajuda”, afirma.


A jornalista Mara Luquet, sócia da editora Letras e Lucros e autora dos livros “O Assunto é dinheiro” e “Tristezas não pagam dívidas”, emenda que os fundos permanecem muito concentrados no topo da pirâmide, apesar de permitirem o acesso a uma prateleira de ativos que seriam inacessíveis aos pequenos investidores. O apelo junto a esse público existe, tendo, portanto, um apelo junto a esse público que ainda não é explorado.


Walter Longo, vice-presidente de estratégia e inovação da Y&R e mentor da estratégia e inovação do grupo Newcomm faz coro. “Por muito tempo, todo mundo queria preservar o dinheiro por causa da inflação. Começamos a pensar recentemente que dá para ganhar dinheiro e não simplesmente sobreviver”, disse. “Trata-se de uma evolução de uma sociedade que estava mais preocupada com o fim do mês que com o fim do mundo, e os fundos ainda não chegaram como uma alternativa para muita gente que começou a poupar.”

A internet, segundo ele, tem o potencial para mudar essa história. E os investidores já começaram a perceber isso. O estudo do IBOPE mostra que embora o gerente do banco continue sendo a grande fonte de informação em matéria de fundos, os sites de bancos e instituições financeiras assumiram uma importância expressiva, sendo procurados por 39% dos que buscam informações sobre como aplicar.

De maneira análoga, 27% dos entrevistados disseram não buscar qualquer orientação na hora de investir, aplicando sozinhos via internet banking. Outro entrave para a popularização dos fundos pode estar na taxa de administração. O item ganha peso quando perguntadas as maiores desvantagens do fundo. Se apenas 11% dos investidores citavam esse custo em 2005, 18% passaram a fazê-lo em 2011. Ainda assim, o risco de perdas encabeça o topo dos motivos que afugentam os investidores, seguido pelo medo de precisar do dinheiro em caso de prejuízo, e pelo baixo retorno conseguido com a aplicação.

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