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Exclusivo: Google amplia parceria com emissoras de TV e expande atuação no ecossistema de notícias

Gigante da tecnologia firma acordos de transformação digital com Band, CNN Brasil, Record e SBT como forma de promover inovação e desenvolver novos modelos de negócios e de receita

Fabiana Zanni, head de parcerias de notícias do Google Brasil (Divulgação/Googlw)

Fabiana Zanni, head de parcerias de notícias do Google Brasil (Divulgação/Googlw)

Juliana Pio
Juliana Pio

Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais

Publicado em 8 de fevereiro de 2024 às 14h40.

Última atualização em 8 de fevereiro de 2024 às 15h12.

O Google anunciou nesta quinta-feira, 8, com exclusividade à EXAME, a expansão de suas parcerias estratégicas com emissoras brasileiras, incluindo Band, CNN Brasil, Record e SBT, por meio de acordos de transformação digital.

O movimento, parte dos esforços para apoiar o ecossistema de notícias, estabelece contratos individuais, por meio dos quais a gigante de tecnologia vai fornecer acesso a ferramentas, consultoria e treinamentos que prometem ajudar as empresas em suas necessidades específicas e gerar oportunidades de inovação.

As parcerias também abrangem a renovação da participação no programa Google Destaques (Google News Showcase, como é chamado fora do Brasil) e outros acordos relacionados a produtos desenvolvidos para auxiliar jornalistas em seu trabalho, a exemplo do Pinpoint. A ferramenta utiliza inteligência artificial e tecnologia de busca para permitir que repórteres pesquisem rapidamente grandes volumes de conteúdo, incluindo textos, áudios, imagens e vídeos.

De acordo com Fabiana Zanni, head de parcerias de notícias do Google Brasil, a empresa gera um tráfego de cerca de 2 bilhões de cliques por mês para sites de notícias no Brasil. Somente o Google Destaques, programa de licenciamento e experiência de notícias on-line, contempla cerca de 170 veículos parceiros, de diferentes portes, distribuídos em 23 estados brasileiros.

Segundo a executiva, que não revela cifras de investimentos no ecossistema de notícias, a empresa de tecnologia já treinou 23 mil jornalistas no Brasil como parte dos programas da Google News Initiative, e trabalhou com mais de 100 empresas do setor em todo o país em 2023. Acompanhe a entrevista:

O que significa exatamente essa ampliação de parceria?

A gente tem parcerias com vários veículos no mercado e isso já vem de muito tempo. O que difere agora é a forma como estamos ampliando essas parcerias e o momento de mercado, que envolve processos de transformação e a identificação de oportunidades de se fazer mais negócios juntos.

Estamos falando da possibilidade de se trabalhar de uma forma mais coordenada os produtos do Google, que contemple o desenvolvimento de uma estratégia de colaboração e de produção que colabore num processo de transformação digital mais acelerado dessas empresas. Isso envolve impactos não só na redação e na produção, como também na distribuição de conteúdo, na diversificação de modelos de negócio, e mesmo na forma de produção de outras coisas, como outros produtos, dentro desses parceiros.

E o que muda agora?

A gente tinha parcerias que estavam ligadas, às vezes, ao desenvolvimento de um produto ou ação específica, mas eram coisas mais pontuais. Agora, a ideia é juntar isso em grandes pacotes de produtos, consultoria e de pensar, em conjunto, possibilidades que sejam mais transformadoras e que tragam mais impactos para as empresas e para as suas audiências.

Estamos vivendo em um momento de transformação digital há tempos, mas existe hoje uma mudança muito mais rápida tanto na oferta de tecnologia quanto na forma de consumo. A pandemia acarretou em um impacto absurdo no comportamento do consumidor, assim como nos canais e fontes de informação.

Hoje, as emissoras têm uma infinidade de canais, para além da TV, pelos quais também podem chegar em novas audiências e isso, obviamente, pode se transformar em novas fontes de receita e produtos. Por meio da ampliação dessa parceria, queremos estar mais perto dessas empresas, para ajudá-las na execução de suas próprias estratégias.

O conteúdo em vídeo, por exemplo, demanda uma série de investimentos de tecnologia, que passam por uma produção mais acelerada, buscas e distribuição por diferentes canais. Mas há muitas oportunidades de trabalho com o que já fazemos, que podem ser exploradas por meio de tecnologia e de colaboração, como por exemplo compreender o comportamento de web e identificar padrões que possam gerar pautas, sem contar as questões ligadas à distribuição de conteúdo, modelos de negócio e de receita.

Para além do objetivo de expandir a atuação no ecossistema de notícias, qual a estratégia de negócio por trás das parcerias?

A ampliação dessas parcerias, assim como todas as outras que fazemos no ecossistema de notícias, está diretamente ligada à nossa missão. Para o Google, quanto melhor a qualidade do conteúdo e mais diversa a produção e a disponibilidade na internet, melhor para a empresa e para os nossos produtos. Por meio das parcerias, conseguimos garantir uma oferta para o usuário final e gerar impacto positivo para tudo o que fazemos na internet.

Em termos práticos, quando você busca no Google sobre um determinado assunto, por exemplo, sempre vamos selecionar, por meio do nosso algoritmo, os resultados mais relevantes, considerando uma multiplicidade de fontes de informação confiáveis na internet, entre elas, as notícias. Apoiando o jornalismo e essa diversidade de veículos, trazendo esse conteúdo e disponibilizando isso na web, seguindo os mais variados modelos de negócio, a gente também tem um impacto positivo na qualidade dos nossos produtos, porque a gente consegue conectar esse usuário com a informação mais relevante naquele momento.

Também é uma forma de se destacar no mercado diante do avanço de outras ferramentas que também estão sendo usadas para buscas atualmente, a exemplo do Chat GPT, da Open AI, e do TikTok?

Desde 2016, o Google se coloca como uma empresa de ‘AI first’ (inteligência artificial). Esse tipo de iniciativa, de incorporar inteligência artificial em tudo que a gente faz, seja nos produtos ou nas parcerias, já faz parte da operação. Muito mais do que uma reação, trata-se da forma que a gente vem trabalhando nos últimos anos.

Quando olhamos, por exemplo, para o tráfego que geramos aos publishers, trata-se de algo relevante e sem custo. Uma vez que o usuário busca um conteúdo e vai para o site do parceiro, este tem essa possibilidade de pensar em como direcioná-lo para uma assinatura ou exibir uma publicidade.

O Google hoje vem se posicionando como uma empresa que está realmente trabalhando na fronteira da inteligência artificial e trazendo inovações para todas as áreas que atuamos, inclusive, para os parceiros do ecossistema de notícias. É muito interessante a oportunidade de trabalhar com empresas com esse perfil, porque conseguimos exercitar de forma mais coordenada, e ampla, a troca e o desenvolvimento de coisas novas em todas as pontas do negócio desses parceiros.

Como vão funcionar na prática essas parcerias individuais? Haverá uma equipe para cada emissora ou envolve mais uma questão estratégica?

Mais estratégica. Estamos falando de grandes empresas, que têm uma série de complexidades e momentos diferentes com relação às suas estratégias. O perfil dessas parcerias passa exatamente por uma dedicação e atenção às peculiaridades e características de cada parceiro. Não se trata de uma ação em massa, pelo contrário, estamos personalizando e tendo o cuidado para que tudo esteja alinhado. Estamos muito animados com a possibilidade de testar e fazer coisas que tenham perfis e abrangências diferentes.

Quanto o Google investiu no ecossistema de notícias nos últimos anos?

Quando a gente fala de parceria e de contribuição com o ecossistema de notícias, a gente precisa olhar de uma forma mais ampla. Muito porque a gente está falando de produtos, treinamento e empresas que tiveram os seus modelos de negócio transformadas, por conta de programas que temos disponíveis disponíveis no mercado. Se a gente não pensar em colocar o que a gente tem de melhor nessas parcerias, acaba ficando muito limitada. E o que a gente tem de melhor passa por várias coisas como essas que a gente mencionou.

E isso passa também exatamente por a gente entender quais são as características e os perfis dos muitos parceiros que a gente tem. A gente está falando de centenas de parceiros só no Brasil. Então, desde promover, por exemplo, capacitações de startups de jornalismo até trabalhar com empresas grandes, tem várias coisas que a gente pode oferecer de acordo com os desafios, que vão muito além da gente pensar num tipo de atuação apenas.

E quanto o Google recebeu desse segmento nos últimos anos?

Não abrimos números. As parcerias que fazemos com o ecossistema de notícias não estão diretamente ligadas à geração de receita para o Google. Geralmente, elas geram impactos financeiros positivos aos parceiros e trazem ainda benefícios indiretos, como o aumento da audiência e a melhora de determinado produto.

Por que as parcerias estão focadas no universo de TVs?

É importante ressaltar que o anúncio atual não vem em detrimento de todo o investimento que a gente vem fazendo historicamente em outros perfis de veículos. É uma adição e não escolha de direcionamento. A gente vem crescendo esse investimento também com outros veículos. O que estamos trazendo agora são oportunidades de avançar significativamente neste perfil de parceria.

Estamos falando de um perfil de empresas completamente diferentes. Uma emissora tem características distintas de infraestrutura, estratégia, volume e modelo de distribuição de conteúdo de um veículo impresso ou site, por exemplo. Isso também aciona possibilidades de parceria e de produto diferentes, num perfil que não faz parte do tipo de trabalho que temos com outros veículos. É mais amplo e, em alguns casos, mais complexo e por isso merece essa atenção especial.

Vídeo é uma aposta do Google?

Vídeo é uma realidade. A gente vê um consumo muito intenso e isso vem na carona de avanços de tecnologia e de hábitos de consumo. É parte do trabalho que a gente faz. Mas quando olhamos para as emissoras de TV, sabemos que o volume de conteúdo produzido nesse formato é muito maior do que a média e isso envolve a forma como se produz e a distribuição, que impacta toda a linha de atuação das empresas, como levantamento da pauta, distribuição e monetização do conteúdo.

Quais tendências vocês enxergam e que pretendem trabalhar com essas emissoras que podem gerar novos negócios ou novas fontes de receita?

Tem muitas coisas. Falando, por exemplo, da parte de produção de conteúdo. Uma das conversas que a gente tem com um desses parceiros é de uma forma mais ágil e mais eficiente de identificar tendências para o desenvolvimento de pautas e a distribuição de conteúdo. Isso tudo vem com tecnologia, alimentada, por exemplo, por inteligência artificial, e impacta diretamente na produtividade da redação. Você tem jornalistas gastando menos tempo para produzir um conteúdo mais apropriado para as suas audiências.

A distribuição do conteúdo também está cada vez mais fragmentada e, muitas vezes, há um trabalho grande por parte das redações para customizar a informação para todas as formas de distribuição. Podemos colaborar para que isso fique mais automatizado, rápido e adequado para esses muitos canais que existem de distribuição. Estes são dois exemplos básicos, que podemos contribuir significativamente.

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