Entidade lança campanha de denúncia contra o Mc Lanche Feliz
Em Brasília, consumidor não gostou de ver brinquedos do McLanche Feliz expostos no balcão
Guilherme Dearo
Publicado em 12 de julho de 2018 às 14h19.
Última atualização em 12 de julho de 2018 às 15h08.
Após constatar a exposição de brinquedos próxima ao balcão de atendimento de uma das lojas da rede de fast food McDonald's em Brasília, um cidadão brasiliense denunciou ao Ministério Público a estratégia da empresa de direcionar publicidade às crianças. O Criança e Consumo, do Instituto Alana, foi procurado pelo órgão para contribuir com informações e, inspirado nessa ação, resolveu ajudar outros cidadãos a replicar a ação. Assim, na terça-feira (10), o programa lançou a campanha "Abusivo Tudo Isso", nas redes sociais.
A campanha propõe a assinatura de uma petição com denúncia para a Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça, com cópia para o SAC do McDonald's, que trata dos principais argumentos pelos quais a prática da empresa de anunciar e comercializar brinquedos com o intuito de promover seus produtos alimentícios para crianças é abusiva, ilegal e deve acabar. Ainda, estimula que os participantes compartilhem a mobilização, de forma a alcançar um número maior de cidadãos.
"Nós recebemos, o tempo todo, mensagens em nosso site, redes sociais e e-mail de pessoas indignadas com as estratégias publicitárias abusivas direcionadas às crianças por essa rede de fast food. E a denúncia deste cidadão nos inspirou a criar uma ferramenta para que reclamações semelhantes cheguem a um órgão responsável por sua fiscalização. Queremos que as pessoas saibam do seu poder de mobilização e denúncia e que a empresa tome conhecimento do descontentamento gerado por suas ações", explica Ekaterine Karageorgiadis, advogada e coordenadora do Criança e Consumo.
Já existe consenso, entre especialistas, de que a comercialização de brinquedos por redes de fast food estimula o consumo excessivo e habitual de produtos alimentícios com altos teores de sódio, açúcar e gorduras, sendo extremamente prejudicial à saúde das crianças. A obesidade infantil e as doenças crônicas associadas são um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Sem uma mudança de hábitos e práticas de mercado, em menos de uma década a obesidade pode atingir 11,3 milhões de crianças brasileiras.
Além disso, o fato de esses brinquedos serem exclusivos e colecionáveis faz com que a criança seja diretamente incentivada a consumir muitas "promoções" no curto espaço de tempo em que são oferecidas. Depois de conseguir o primeiro brinquedo da série, em geral, a criança quer completar a coleção e o apelo para que mãe, pai ou responsável compre os demais itens pode gerar estresse familiar.
Não à toa, o ministro do Superior Tribunal de Justiça, (STJ), Herman Benjamin, em julgamento de caso sobre publicidade direcionada a crianças, afirmou: "significa reconhecer que a autoridade para decidir sobre a dieta dos filhos é dos pais. E nenhuma empresa comercial e nem mesmo outras que não tenham interesse comercial direto, têm o direito constitucional ou legal assegurado de tolher a autoridade e bom senso dos pais".
Conteúdo publicado originalmente no siteAdNews.
Resposta
Ao site EXAME, o McDonald's enviou uma resposta oficial sobre o assunto:
"Esclarecemos que nossa comunicação com os consumidores é feita com responsabilidade e segue rigorosos critérios internos e práticas do setor. Por exemplo, em 2016 reafirmamos um compromisso público iniciado em 2009 junto a entidades e empresas do nosso ramo para uma publicidade responsável de alimentos e bebidas para crianças e definimos, entre outras restrições, que não anunciamos em programas, veículos e/ou canais que tenham 35% ou mais de sua audiência composta por crianças menores de 12 anos. Além disso, há 10 anos adotamos voluntariamente um compromisso e código de ética próprios em comunicação publicitária de alimentos".