Fotop, plataforma de fotos, registra corredores no Parque Ibirapuera (Fotop)
Colunista
Publicado em 29 de novembro de 2024 às 06h00.
Se você nunca correu uma maratona ou participou de uma prova de 5 km, talvez já tenha se perguntado qual é a graça de percorrer longas distâncias com as próprias pernas. Embora tenha praticado diversos esportes, correr 'sem um motivo' nunca me atraiu. Por isso, sempre fiquei intrigado ao ver pessoas uniformizadas, com um número grande no peito e, muitas vezes, exibindo uma medalha.
Dados do Perfil do Atleta 2023, estudo anual da Ticket Sports, maior plataforma de inscrições para provas de corrida, registrou 1,3 milhão de participações no ano, com um ticket médio de R$ 109,90 em eventos presenciais.
E há competições para todos os gostos: desde a tradicional São Silvestre, com 35 mil participantes, corridas noturnas, temáticas e até mesmo dentro de shoppings. Recentemente, a EXAME contou a história da Fuse, que organiza provas em aeroportos.
Segundo levantamento da Ticket Sports em parceria com a Abraceo (Associação Brasileira de Corridas de Rua), o Brasil realiza cerca de 150 mil corridas por ano, movimentando 13 milhões de praticantes.
De olho nesse público, marcas de material esportivo investem pesado para conquistar a preferência dos corredores. Cada uma busca um diferencial competitivo. A Puma, por exemplo, aposta em um patrocínio de longo prazo à CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), firmado até 2032, como parte de sua estratégia para atrair audiência e engajamento no segmento.
De acordo com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) para atividade física e combate ao sedentarismo, publicadas em 2021, é recomendado que as pessoas mantenham uma rotina semanal de atividades físicas entre 150 e 300 minutos, no mínimo.
O Strava, uma das principais plataformas para atividades ao ar livre, revelou em seu último Relatório de Tendências que, entre os mais de 120 milhões de participantes globais, a corrida de rua é a atividade mais popular nesse modelo.
O levantamento também apontou que, para 64% dos brasileiros, o maior fator motivador para iniciar um treino é o foco em suas metas de vida. Por outro lado, para 61% deles, o principal obstáculo é a falta de tempo devido às atividades profissionais. Além disso, 70% dos corredores acreditam que treinar em grupo, com duas ou mais pessoas, facilita a superação de recordes pessoais.
Quem entendeu bem esse caminho foi a Fotop. A plataforma de fotos, presente em mais de 23 mil países, se especializou em registrar as experiências de quem se aventura em atividades ao ar livre.
Com mais de 1,1 bilhão de fotos publicadas por mais de 36 mil fotógrafos em mais de 84 mil eventos globais, a Fotop se tornou a empresa oficial de um dos principais destinos de treino para corredores da capital paulista: o Parque Ibirapuera, localizado na zona sul.
Para registrar seu treino, basta pegar uma pulseira laranja com um dos fotógrafos no local. As fotos podem ser acessadas na plataforma por meio de reconhecimento facial, oferecendo uma experiência prática para aquisição do material.
O preço das fotos varia de R$ 9,90, em baixa resolução, a R$ 15,90, em alta resolução. Além disso, é possível adquirir pacotes com descontos progressivos conforme a quantidade de fotos compradas.
De acordo com a Fotop, ainda sem os números de 2024, a empresa registrou um crescimento anual acumulado de 95% a 120%. Em 2023, faturou cerca de R$ 19 milhões, o que representa um aumento de 90% em relação aos R$ 10 milhões de 2022.
O parque está no centro de uma disputa judicial. A Urbia, concessionária responsável pela sua administração, passou a cobrar tarifas das assessorias esportivas que atuam no local. Os valores variam de R$ 240 a R$ 1.500, dependendo do número de alunos.
A Associação dos Treinadores de Corrida de São Paulo (ATC-SP) enviou à concessionária uma notificação contestando a cobrança das taxas. No documento, a ATC-SP argumenta que a exigência é ilegal e solicita que a Urbia suspenda a cobrança em até 15 dias.
A Prefeitura de São Paulo, com dados de 2021, estima que o Ibirapuera receba anualmente 18 milhões de pessoas.
No meio deste ano, assisti a um painel com o CEO da Ticket Sports, Daniel Krutman, que foi fundamental para compreender a transformação dessa indústria: a corrida de rua se consolidou como um estilo de vida.
Isso significa que ser reconhecido como corredor ou corredora passou a ter grande relevância, porque trata-se da identidade da pessoa. Em torno desse fenômeno, surgiu um mercado gigantesco, focado em expandir constantemente a experiência do corredor. Isso se reflete em produtos como tênis, relógios para cronometragem, garrafas de hidratação, alimentação, locais de retirada dos kits de corrida etc.
Além disso, no contexto do mercado, surgem corridas com diferentes propósitos, como as voltadas para trabalhadores, fãs da Barbie, da NFL, da Disney, entre outras. Assim, é possível compreender que o ecossistema da corrida envolve a atividade, a comunidade, os fatores motivacionais e, acima de tudo, uma experiência de pertencimento que impacta diretamente os ponteiros de um mercado que já movimenta bilhões de dólares.