Baixa renda muda perfil de gastos no Natal
Roupas são presentes preferidos em todas as classes, mas eletrônicos se destacam para os emergentes
Da Redação
Publicado em 20 de dezembro de 2010 às 10h19.
Rio de Janeiro - O comércio se anima com a chegada do Natal. Que as vendas de praticamente todos os setores aumenta é um fato histórico, mas se engana quem pensa que o crescimento da renda das classes mais baixas no país e o seu desejo por eletro-eletrônicos faz com que esses sejam os únicos produtos desejados. Nessa época em que muitas pessoas devem ser presenteadas, as roupas se destacam como os produtos mais vendidos.
“A classe A usa a roupa como forma de diferenciação. Mas para as classes D e E elas servem para que essas pessoas sejam aceitas em locais onde antes não eram”, afirma Renato Meirelles, Sócio Diretor do Data Popular. O instituto foi responsável por uma pesquisa que constatou que 83% das pessoas das classes D e E pretendem comprar roupa nesse fim de ano. Segundo outro estudo realizado pela GfK, envolvendo todas as classes, 56% dos brasileiros também comprarão produtos têxteis neste fim de ano.
Boa parte dos consumidores (39%) também pretende gastar mais em 2010 do que nos últimos três Natais. O valor médio é de R$ 364,00. Do total, 12% gastará até R$ 116,00, 13% de R$ 117,00 a R$ 232,00, 22%, de R$ 232,00 a R$ 580,00 e 16% acima de R$ 581,00. Boa parte desse dinheiro será gasto em lojas de departamentos e supermercados. Esses locais são os preferidos para 55% das pessoas por fazerem parte do dia a dia dos consumidores.
Brinquedos e eletrônicos aparecem logo depois das roupas
“As pessoas têm que ir aos supermercados toda semana, então fica mais fácil fazer as compras já ali”, afirma Antônio Perrella, Diretor de Atendimento a Clientes da GfK. Analisando por sexo, essas são as escolhas de 59% dos homens e 51% das mulheres. “Esse número é maior entre o sexo masculino porque eles preferem concentrar as suas compras”, conta Perrella. As lojas de rua aparecem em segundo lugar (17%) e são mais preferidas pelas mulheres (22%) do que pelos homens (12%).
Entre os outros produtos que serão cobiçados por todas as classes estão os brinquedos, com 25% das intenções de compra. Por outro lado, 21% dos consumidores não sabem que presentes comprar. Desses, 24% são homens e 18% mulheres. Mas quando se trata especificamente das classes D e E, aí sim os produtos eletrônicos aparecem logo depois das roupas.
“Essas preferências tem a ver com o fato de essas classes estarem começando a equipar as suas casas”, conta Meirelles, do Data Popular. Celulares aparecem em segundo lugar, com 36%, computadores em terceiro, com 29%, e TV com 26%. “Os computadores representam um investimento no aumento da renda da família”, diz o executivo.
Emergentes estão mais maduros
Mas não são só roupas e eletrônicos que caracterizam o consumo das classes D e E neste Natal. O aumento de renda desse consumidor se reflete também na ceia. “Assim como as roupas, a fartura nas mesas das classes mais baixas é uma forma de eles sentirem que não estão mais pobres”, conta Meirelles sobre o fato de a classe D já comprar 90% das categorias consumidas pela classe C e mais de 80% do que as classes A e B levam dos supermercados.
Além das compras, muitos consumidores das classes D e E aproveitarão o seu décimo terceiro salário para pagar dívidas. “Dos 17 milhões que essas pessoas injetarão no mercado, 40% serão para o pagamento de dívidas e 35% para as compras de Natal”, afirma Renato Meirelles. “Isso é um sinal muito importante de amadurecimento desse consumidor”, completa o sócio-diretor do Data Popular sobre o primeiro Natal em que a classe D aparece como segunda maior classe de massa, fato que promete mudar características não só dos próximos anos, mas de toda a economia brasileira.