Ronaldo: aos 34 anos, jogador se aposenta para virar empresário (Daniel Kfouri/Placar)
Da Redação
Publicado em 7 de março de 2011 às 16h26.
São Paulo – Dezoito anos depois de estrear no Cruzeiro, o craque Ronaldo Nazário encerra sua carreira nos campos. Aos 34 anos, o jogador acumulou mais de 400 gols em sete clubes e na seleção brasileira e é o único brasileiro a ter sido eleito três vezes com o emblema de melhor jogador do mundo pela FIFA (1996, 1997 e 2002).
Com patrimônio estimado em R$ 1 bilhão, o jogador se tornou um verdadeiro fenômeno não só no futebol, mas também na associação de sua imagem pública a grandes anunciantes como AmBev, Nike e Claro, recebendo em troca quantias milionárias pelo valor simbólico que agrega às marcas. Esse mesmo valor foi usado pelo jogador para abrir sua própria agência de marketing esportivo em julho passado, a 9INE, em parceria com o Grupo WPP.
De agora em diante, longe dos holofotes dos estádios e alheio à paixão devota dos torcedores, a visibilidade do jogador tende a diminuir. É aí que a velha máxima entra em cena. Para uma marca disputada como a de Ronaldo, vale dizer que “quem não é visto não é lembrado”?
Para Nizan Guanaes, fundador e chairman do Grupo ABC, a marca de Ronaldo dificilmente sairá de cena: "O Ronaldo é uma marca valiosíssima no mundo inteiro. Pessoas do tamanho e do calibre dele se retiram do esporte e continuam valendo no marketing. É um cara que tem uma trajetória de luta; não é só um grande jogador. Ele é e vai continuar sendo uma grande marca."
Foi acreditando nisso que a Nike e o jogador assinaram um contrato de patrocínio vitalício quando o craque tinha apenas 18 anos. Contrato esse que lhe garante uma receita de cerca de R$ 14 milhões anuais. Jogando ou não, Ronaldo continuará promovendo uma linha de roupas casuais da marca.
"O Ronaldo convive com o fato de ser uma marca há muitos anos", diz o publicitário Washington Olivetto, da WMcCann. "Ele é bastante experiente nisso. Evidente que a marca é mais forte com ele dentro dos campos, fazendo gols, mas ela não sofre mais as oscilações de boas ou más atuações. Ela não tem nem os benefícios, nem os malefícios; se mantém perpetuada, coisa que já era. É uma marca consagrada e muito bem administrada por ele. A imagem dele vai pelo conjunto da obra."
Sergio Amado, chairman do Grupo Ogilvy Brasil, acredita não só que a marca Ronaldo vai continuar aparecendo como também que se fortalecerá: “São poucos os atletas que têm essa capacidade de ultrapassar o tempo e a história. A aposentadoria dele é apenas no campo e no futebol. Por ser sócio do grupo WPP na empresa 9INE, não vejo como ter alguma dispersão na imagem dele. Ao contrário, acho até que pode ocorrer menos desgaste por causa do futebol. Ele é considerado um agregador de valores, traz credibilidade e transfere credibilidade à marca. Com isso, vende. Poucas marcas no mundo tem essa capacidade de gerar resultado.”
Manir Fadel, diretor de criação da agência Lew' Lara/TBWA, vai pelo mesmo caminho: “O Ronaldo é uma marca quase eterna pelo que representa para o Brasil e para o mundo, pelo carisma, por tudo que ele passou na vida. Acho que R9 tem a proporção de um Senna para o Brasil”. O publicitário, no entanto, ressalva que com o aparecimento de novos atletas, existe a possibilidade de o jogador perder um pouco da força como ícone publicitário, mas reafirma que assim como Pelé, Ronaldo será sempre respeitado, nos campos ou fora dele: “Pelé continua sendo Pelé. Ronaldo vai ser respeitado pra sempre. É uma marca de valor inestimável. Ele vai continuar aparecendo.”