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A campanha é uma ofensa a fumantes, diz Dante Letti

Para presidente da Souza Cruz, a indústria tabagista não foi consultada sobre a nova campanha que estampa imagens chocantes nas embalagens

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h55.

As imagens chocantes que o Ministério da Saúde e o Inca (Instituto Nacional do Câncer) lançaram ontem para serem usadas em embalagens de cigarros já estão causando polêmica. Desde 2001, o governo obriga os fabricantes de cigarros a estampar fotos desse tipo nas embalagens. Segundo o governo federal, as fotos - um bebê morto dentro de um cinzeiro, o cadáver de um tabagista numa mesa de necrotério, entre outras ainda mais impressionantes -- e as mensagens foram selecionadas com base num estudo sobre o grau de aversão que a campanha pode alcançar. "O próprio ministro José Gomes Temporão disse que o objetivo era depreciar ou denegrir a imagem do consumidor de cigarro", diz Dante Letti, presidente da Souza Cruz, líder nacional no mercado de cigarros, com 61% de participação nas vendas das 130 bilhões de unidades consumidas no país. Hoje pela manhã, em Porto Alegre, Letti disse que tomou conhecimento das imagens pelos jornais.

Segundo Letti, a indústria não foi consultada nem informada sobre as novas imagens. "Não são informações que eles estão veiculando para que o consumidor decida se quer fumar ou não. São imagens pejorativas", diz Letti. "Essas imagens ofendem quem optou por fumar". O presidente da Souza Cruz vai avaliar, junto com seu departamento jurídico, as medidas cabíveis, mas quer esperar a notificação oficial sobre as novas imagens a serem utilizadas nas embalagens. Segundo ele, apesar de grotescas, essas imagens causam menos danos à indústria que o preço do cigarro e as campanhas de educação e conscientização. "O preço médio de uma carteira de cigarros há cinco anos era de 1,20 real. Hoje o nosso preço médio é 2,50 reais. Isso sim é um inibidor de consumo num país de baixa renda", diz Letti. Hoje o brasileiro consome 130 bilhões de cigarros por ano. No final dos anos 90, o consumo era de 150 bilhões de unidades.

O que mais contribuiu para o aumento do preço foi a carga tributária. As empresas do setor têm uma carga equivalente a 75% do faturamento. "O nosso principal sócio é o próprio governo", diz Letti. O executivo lembra que, por um lado, o governo está atuando para reduzir o contrabando e também para evitar sonegação. "Também poderiam priorizar a educação em vez de chocar". Hoje, o contrabando representa 29% das unidades consumidas. Há menos de uma década, o percentual era de 40%. Além da forte atuação da Receita e da Polícia Federal, a indústria está utilizando, desde abril, nota fiscal eletrônica e contadores nas máquinas de fazer cigarros. Esses contadores têm leitores óticos ligados à Receita Federal.

No Brasil, 28% da população adulta é fumante e consome, em média, 14 cigarros por dia. Em países como Japão, Turquia e Rússia, mais de 35% da população adulta fuma entre 20 e 25 cigarros por dia. "O Brasil nunca teve esse padrão de consumo, até pelo preço", diz Letti. Para completar a preocupação dos fabricantes, o governo federal deve apresentar nos próximos dias um decreto regulamentando o fumo em lugares fechados. O texto já está na Casa Civil. "A Souza Cruz apóia uma medida equilibrada que leve a uma legislação federal que é melhor do que estados e municípios legislarem sobre isso", diz Letti. "Se um segmento da população é fumante consciente, ele tem direito de fumar em ambientes especiais, varandas". Sugestões como essas foram levadas pela indústria ao governo antes da redação do decreto. "Esperamos que o texto incorpore nossas sugestões", diz.  

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