Novo estudo indica as principais tendências de design para 2024 (Getty Images)
Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais
Publicado em 29 de janeiro de 2024 às 07h00.
Última atualização em 29 de janeiro de 2024 às 10h30.
O papel do design em uma estratégia de marketing vai além da mera estética visual; é uma ferramenta que permeia todas as interações entre uma marca e seu público. A compreensão dessa dimensão mais ampla do segmento tornou-se imperativa para as empresas que buscam não apenas atrair, mas também envolver e fidelizar os consumidores nos dias de hoje.
De olho nas transformações do mercado, a CBA B+G, integrante da rede global CBA Design (WPP Group), com mais de 40 anos e presente em 11 países, lançou um novo estudo, obtido com exclusividade pela EXAME, no qual indica as principais tendências, sob a ótica do design, que devem moldar o futuro de diferentes setores e impactar as estratégias de marketing das empresas.
Em sua terceira edição, a publicação, intitulada ‘Useful Design Trends’ (tendências úteis de design, na tradução), apresenta 15 tendências, divididas em cinco pilares essenciais: Meio ambiente, Empoderamento, Bem-estar, Sociedade e Acesso.
Por meio delas, são apresentadas ações que devem nascer, se intensificar e/ou perdurar para além dos próximos 12 meses, com exemplos práticos de soluções e aplicações já realizadas pelas marcas.
“Em um mundo em que a mudança é a única constante, a capacidade de discernir modismos passageiros de tendências duradouras é mais importante do que nunca. Isso é especialmente verdadeiro no campo do design, em que o impacto de uma tendência pode ir muito além da estética, moldando nosso ambiente, a sociedade e até mesmo nosso senso de identidade”, destaca Luis Bartolomei, CEO da CBA B+G.
Apresentando uma perspectiva global e diversificada do cenário do design, a análise abrange mais de 40 setores e 90 estudos de caso. Confira abaixo um resumo de cada uma das 15 tendências. O estudo completo pode ser visualizado no site da CBA B+G.
A inovação material pode não ser um tema inovador em si, mas as novas camadas de complexidade que esse debate está recebendo são. À medida que as indústrias buscam implementar modelos circulares, começamos a entender a logística envolvida para garantir uma cadeia de produção eficiente e mais verde.
Nesse contexto, as marcas estão percebendo que se tornar uma pioneira envolve desenvolver um modelo renovável e escalável, desafiando os limites do que entendemos como inovação material.
Estamos caminhando para uma economia em que o valor de um produto é cada vez mais medido por sua durabilidade, reparabilidade e sustentabilidade.
Ao fazer com que seus produtos durem mais ou dar-lhes uma segunda vida, as marcas não estão apenas respondendo à demanda do consumidor, mas também estabelecendo um novo padrão para a produção e o consumo responsáveis.
A fusão do velho com o novo nunca foi tão relevante. À medida que enfrentamos desafios globais sem precedentes, há um reconhecimento crescente da sabedoria e das práticas dos povos indígenas e originários. Essas tradições, muitas vezes esquecidas ou marginalizadas, estão agora na vanguarda das soluções sustentáveis.
Marcas e iniciativas globais estão incorporando essas práticas não apenas como uma homenagem ao passado, mas como um caminho crítico para o futuro.
A inclusão continua a ganhar força. As marcas estão redefinindo a representação da deficiência, reconhecendo um nicho emergente. No entanto, a abordagem está evoluindo.
Em vez de apenas adaptar produtos para alguns, a ênfase está no design universal – criando para todos, independentemente de seus desafios únicos, sejam problemas de mobilidade, deficiências visuais, autismo ou tremores de Parkinson.
O mundo pós-pandêmico é caótico. O isolamento social trouxe maior espaço para experimentar modos e estilos de vida. Por outro lado, a construção da identidade virtual tornou-se mais importante. A perfeição não faz mais sentido.
Ao rejeitar as normas e a estética tradicionais, a Geração Z abraça o caos, a imperfeição e a originalidade – e as marcas podem experimentar e ousar ainda mais, permitindo que seu público saia da zona de conforto.
O discurso contemporâneo sobre identidade de gênero está mais intenso que nunca. Especialmente dentro das Gerações Z e Alfa, a noção de classificação binária de gênero é cada vez mais vista como ultrapassada e restritiva.
Para permitir que os indivíduos se libertem de estereótipos, as marcas devem apoiá-los em suas jornadas, mostrando uma nova forma de se dirigir ao público que não prioriza a classificação de gênero. O conceito de neutralidade de gênero no design pode ser colorido, variado e celebrar o vasto espectro da expressão humana.
Até 2025, a menopausa deve evoluir de um tópico de saúde de nicho para uma força dominante. Com um bilhão de mulheres entrando globalmente na perimenopausa, o aumento das soluções centradas na menopausa é inevitável.
Cada vez mais mulheres estão desafiando o estereótipo ultrapassado de que a idade dita a capacidade física e intelectual. Essa tendência sintetiza uma atitude transformadora em relação ao envelhecimento, alimentada pelo empoderamento feminino.
Na última década, fronteiras sociais outrora rígidas em torno da sexualidade começaram a abrandar, particularmente no que diz respeito às mulheres e à comunidade LGBTQIA+. À medida que a positividade sexual se torna mais arraigada na sociedade, marcas também estão intensificando seu posicionamento. Essa mudança não se restringe a nichos de mercado.
Marcas em vários setores estão reconhecendo a natureza entrelaçada da sexualidade e bem-estar, particularmente evidente na perspectiva holística da Geração Z e da Geração Alfa.
A narrativa em torno das substâncias psicotrópicas está evoluindo. Elementos antes estigmatizados, como cannabis e psicodélicos, estão em transição para mercados legais.
Em essência, o domínio do bem-estar testemunha a crescente demanda por soluções mais suaves e inspiradas na natureza – que atendam perfeitamente às nossas necessidades físicas, mentais e emocionais, tudo envolto em uma aura premium.
A inteligência artificial está redefinindo a forma como as pessoas percebem e abordam os relacionamentos. Em nossa visão, a IA não impacta apenas o trabalho de design, atividade que exige um alto grau de criatividade, mas também transforma o pensamento estratégico de empresas e clientes que buscam eficiência e melhores resultados.
A grande questão que surge é: a IA pode substituir a intuição humana? Marcas e designers devem abordar a IA com uma mente aberta, mas também com cautela, garantindo que a tecnologia seja usada de forma responsável e autêntica.
Para um mundo mais sustentável, saudável e compassivo, a chave não está apenas nos gestos grandiosos, mas nos hábitos cotidianos que cultivamos. E marcas estão assumindo papéis ativos na formação do comportamento do consumidor em direção a escolhas mais sábias.
Cada vez mais empresas estão integrando o design comportamental em suas estratégias, mas as marcas devem liderar pelo exemplo. Autenticidade e transparência são cruciais.
A crescente necessidade de conexão e senso de pertencimento está levando ao surgimento de comunidades que se concentram em torno de experiências, origens e interesses compartilhados.
Em meio ao caos digital, diversas marcas e plataformas estão surgindo como exemplos, criando espaços onde os indivíduos podem encontrar sua tribo, compartilhar suas histórias e apoiar uns aos outros.
Globalmente, os consumidores estão lidando com o aumento do custo de vida. Crises energéticas, imobiliárias e inflacionárias impulsionam a escalada dos preços – e muitas marcas estão evoluindo em resposta.
Além de oferecer descontos ou preços mais baixos, elas têm se posicionado como aliadas do consumidor, sinalizando compreensão e solidariedade nestes tempos desafiadores.
À medida que as sociedades visam reduzir as pegadas de carbono, há uma mudança visível no cenário tradicional dominado por carros para soluções de mobilidade diversificadas e ecológicas. Embora os veículos elétricos sejam anunciados como o futuro, os holofotes também estão voltados para métodos alternativos de deslocamento, como ciclismo, caminhada e transporte público.
Neste contexto, marcas de diversos setores, da tecnologia à moda, podem formar parcerias com soluções de micromobilidade.
Na crescente era da Web3, a internet está passando por uma mudança transformadora em direção a um cenário mais democrático, transparente e descentralizado. Essa mudança de paradigma não é apenas técnica, mas ética, alinhando-se estreitamente aos princípios ESG e anunciando um novo padrão em interações e transações digitais.
As marcas agora estão explorando maneiras inovadoras de se conectar com os consumidores, aproveitando a transparência do blockchain para construir confiança e lealdade. À medida que navegamos nessa nova era digital, o foco muda de meras transações para a criação de experiências significativas, éticas e colaborativas em um mundo conectado, mas descentralizado.